O risco dos bancos europeus já superou o nível do momento mais grave da crise global, alguns meses após a quebra do Lehman Brothers no fim de 2008. A razão para a piora atual é a deterioração econômica e
financeira dos países ricos e, principalmente, a ameaça crescente de uma
ruptura desordenada na zona do euro.
O risco dos bancos (ou de um país ou uma empresa) é medido por um
produto financeiro, o credit default swap (CDS), que funciona como um
seguro contra calotes. Quanto mais alto o CDS, pior o risco, e maior o
custo do banco para captar, o que, se piorar muito, pode até levar a
quebradeiras. Na última quinta-feira, o CDS médio de nove grandes bancos europeus era
de 373,19, muito acima dos 217,7 registrados em 9 de março de 2009, o
recorde da primeira fase da crise global.
O temor hoje é o estrago nos bancos provocado por eventuais calotes em
série de países da zona do euro, e a possibilidade da repetição do
ocorrido em 2008 e 2009, quando o sistema financeiro global travou quase
completamente, jogando o mundo na pior crise desde a Grande Depressão. Na verdade, desde o início de maio deste ano, em menos de seis meses, o
risco dos principais bancos europeus e americanos, medido pelo CDS,
triplicou.
O CDS é medido como um "spread", o juro adicional que um emissor de
títulos paga por ser considerado arriscado, em relação a outro emissor
que seja considerado um padrão de baixo risco ou risco zero (como os
governos americano, suíço, alemão e japonês). Um CDS de 100 equivale a
um spread de 1 ponto porcentual.
Em 29 de abril, o CDS médio de nove dos maiores bancos europeus estava
em 123,3, e de seis dos maiores bancos americanos estava em 110,6. Na
última quinta-feira, dia 24 de novembro, o CDS dos bancos europeus já
tinha saltado para 373,19, e o dos bancos americanos, para 347,30. "Os CDSs dos bancos americanos e europeus estão com uma dinâmica muito
ruim", diz o economista Fernando Rocha, sócio da gestora de recursos
JGP, no Rio. Foi ele quem compilou a evolução do risco dos bancos e
juntou as principais instituições dos Estados Unidos e da Europa para
observar o que acontece com o CDS médio.
Ele nota que a evolução do risco dos bancos no último mês é ainda mais
alarmante. Nos bancos americanos, o CDS médio saltou de 220,2 em 27 de
outubro para 347,3 em 24 de novembro, numa alta de 58%. No grupo
europeu, o CDS foi de 224 em 28 de outubro para 373,2 em 24 de novembro,
subindo 66,7%. Na Europa, Rocha tomou os franceses Crédit Agricole e BNP Paribas, os
ingleses HSBC e Lloyds, os suíços Credit Suisse e UBS, os italianos
Intesa Sanpaolo e UniCredit, e o escocês RBS. Nos Estados Unidos, o
grupo inclui Bank of America, Citibank, JP Morgan, Wells Fargo, Morgan
Stanley e Goldman Sachs.
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