O presidente da companhia norte-americana no Brasil disse ainda que a Chevron não utilizou dispersantes químicos na superfície do Oceano Atlântico, mas apenas métodos de dispersão e coleta mecânica do óleo vazado. Ele negou que a empresa tenha usado jatos de areia para limpar o óleo. As informações são da Dow Jones.
A Agência Nacional do Petróleo, Gás e Biocombustíveis (ANP) estimou o vazamento entre 200 e 330 barris de petróleo por dia. Outras estimativas governamentais colocam o volume total do óleo vazado entre 5 mil e 8 mil barris.
A Chevron já havia detectado no dia 9 um vazamento de óleo no fundo do poço do campo de Frade, mas só mencionou o problema cinco dias mais tarde. Até então, a empresa afirmava apenas que o óleo escorria por "falhas [fissuras] no fundo do mar" e chegava à superfície da água. Só na segunda (14), uma semana após o início do vazamento, a petroleira admitiu a possibilidade de que problema no poço que estava sendo perfurado era ligado ao óleo que poluía o mar.
Os primeiros sinais do vazamento foram notados por técnicos de uma plataforma da Petrobras no dia 8 a 4,6 km do local da perfuração. Foi avistada uma mancha de óleo e comunicada à Chevron. No dia anterior, 7, a Chevron identificara problema no fundo do poço em processo de perfuração, a 2.279 metros de profundidade. A lama usada no processo não tinha peso suficiente para conter a pressão do óleo no reservatório e permitiu que ele subisse pelo canal já perfurado.
George Buck disse que não vai fazer "especulações" e só prestará informações já apuradas. Por isso, a empresa não revelou ainda o volume total de óleo vazado, o motivo do erro de avaliação da pressão no fundo do poço e as causas da ruptura do revestimento.
[Esse episódio na costa do Estado do Rio, de responsabilidade da Chevron, é altamente preocupante, não apenas pelo desastre ambiental que está acarretando mas também pelo volume de revelações negativas que traz em seu bojo. Não há nenhuma notícia tranquilizadora: - 1) passadas quase duas semanas do acidente, a Chevron continua sonegando ao governo e ao país informações precisas e detalhadas sobre ele; - 2) a Agência Nacional de Petróleo - ANP, órgão regulador e fiscalizador do setor, mostra-se mais perdida que cego em tiroteio e tem se revelado absolutamente incompetente e incapaz de enquadrar a Chevron, puní-la exemplarmente, e dizer ao país o que exatamente aconteceu e o que está sendo realmente feito para minimizar as consequências do desastre; - 3) há exatos 1 ano e sete meses do desastre da BP no Golfo do México, o governo brasileiro demonstra lamentável e preocupantemente que não aprendeu absolutamente com aquele desastre, e evidencia que o país está tecnicamente, juridicamente e institucionalmente absolutamente despreparado para enfrentar problemas muitíssimo inferiores que aquele em gravidade e extensão; - 4) o vazamento da Chevron evidencia os altos riscos ambientais a que estão sujeitos o Estado do Rio e os demais Estados produtores de petróleo, principalmente quando se trata de exploração em grandes profundidades no mar -- cabe perguntar: já que se fala tanto num criminoso "rateio" de royalties do petróleo, que assalta principalmente os Estados do Rio e do Espírito Santo, que participação financeira teriam os Estados sanguessugas de royalties em qualquer processo de compensação/ressarcimento ao Estado do Rio pelos danos provocados pela Chevron? - 5) o comportamento tanto da Chevron quanto da ANP deixa escandalosa e assustadoramente evidente que o Brasil está inteiramente despreparado para os enormes problemas ambientais e tecnológicos intrínsecos à exploração de petróleo no pré-sal, à luz do que ocorreu com a BP no Golfo do México, o que aliás foi objeto de postagem anterior].
Imagem de satélite do sensor MODIS da NASA, utilizada pelo Skytruth, com destaque para a mancha de óleo na Bacia de Campos - (Foto: NASA) - Clique na imagem para ampliá-la.
O vazamento de óleo no poço da Chevron na Bacia de Campos - (Foto: Skytruth/Google Earth).
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