Talvez os legisladores [americanos] não saibam que as crianças escolares que adoram a porcaria chamada "junk-food" não serão eleitores na eleição do ano que vem.
A agência Associated Press informa que o Congresso está combatendo a pressão da administração Obama para tornar mais saudáveis as refeições escolares. Legisladores divulgaram, nesta segunda-feira, a versão final de uma lei de gastos agrícolas, e a grande novidade foi esta: a lei considera que duas colheres de molho de pizza são uma porção completa de vegetais.
A lei bloqueia ou retarda vários esforços do Departamento de Agricultura (USDA, em inglês) para melhorar os padrões de almoço escolares, incluindo novas restrições ao uso de porções de sódio e de batata, e pedidos para que as pessoas que servem esses almoços por todo o país distribuam/sirvam mais cereais integrais.
Do jeito que as coisas estão, o molho em apenas um pedaço de pizza é considerado como uma porção completa de vegetais. Mas, o USDA quer ajustar essas regras, de modo que somente uma meia "taça" ou mais de molho seja considerada como uma porção completa de vegetais. -- [Aqui, "taça", usada como tradução do inglês "cup", refere-se à medida americana de volume chamada "cup", correspondente a 8 onças fluidas (16 colheres de sopa) ou cerca de 240 ml]. -- Como observa o site Talking Points Memo, (com o título "Congress: Pizza Still Officially a Vegetable"), uma meia "taça" é bastante molho para se espalhar em um único pedaço, e graças aos esforços do lobby das companhias -- na sintonia de 5,6 milhões de dólares -- duas colheres de sopa são tudo o que se faz necessário para ganhar a classificação de "vegetal".
Este pode ser um bom momento para observar que, de acordo com o Centro para Controle e Prevenção de Doenças dos EUA, 12,5 milhões de crianças americanas são obesas.
A afirmação de que "a pizza é um vegetal" faz com que muitos nutricionistas se lembrem da controvertida (e, afinal, fracassada) pressão de Ronald Reagan para classificar o quetchup como vegetal.
"É uma vergonha que o Congresso pareça estar mais interessado em proteger a indústria do que proteger a saúde das crianças", disse à The Hill a diretora do Nutrition Policy at the Center for Science in the Public Interest ("Política de Nutrição no Centro para Ciência no Interesse Público", em tradução livre), Margo Wootan. "No momento em que a nutrição e a obesidade infantis são preocupações nacionais de saúde, o Congresso deveria estar apoiando os esforços do USDA e das escolas para servir alimentos escolares mais saudáveis, e não atuando para sabotá-los. Juntos, os responsáveis pelos almoços escolares na lei de gastos agrícolas protegerão a habilidade e a capacidade da indústria de manter a pizza e as batatas fritas nas bandejas desses almoços", acrescentou ela.
A porta-voz do USDA, Courtney Rowe, disse na terça-feira que o departamento prosseguirá em seus esforços para tornar os almoços [escolares] mais saudáveis. "Enquanto que é lamentável que alguns membros do Congresso continuem a colocar interesses especiais à frente da saúde das crianças americanas, o USDA se mantém comprometido com padrões práticos e de base científica para os alimentos escolares", disse ela em um comunicado.
[Pela espantosa história acima vê-se que os políticos americanos também não são flor que se cheire, mas são de segunda categoria em relação aos políticos tupiniquins pois só conseguiram transformar em pizza o cardápio dos almoços escolares. Nossa marginália política já dominou a técnica de fazer de qualquer coisa de interesse uma tremenda pizza].
Nenhum comentário:
Postar um comentário