quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Bancos centrais ao redor do mundo fazem ação coordenada para aliviar a tensão sobre o sistema financeiro mundial

Os principais bancos centrais do mundo iniciaram hoje uma ação coordenada para aliviar as tensões sobre o sistema financeiro mundial, dizendo que facilitarão a aquisição de dólar aos banco que o necessitarem. As bolsas e o euro subiram bruscamente como resposta a esse movimento.O Banco Central Europeu (BCE), o Federal Reserve (Fed) dos EUA, o Banco da Inglaterra, e os bancos centrais de Canadá, Japão e Suiça estão todos envolvidos nessa iniciativa. [Olha o velho e bom dólar mostrando o seu valor ...
É estranhável -- ou não? -- a ausência da China nessa lista].

Como a crise da dívida da Europa se espalhou, o sistema financeiro global está dando sinais de estar entrando em outro aperto de crédito como o que se seguiu em 2008 ao colapso do banco de investimentos americano Lehman Brothers. A possibilidade de que um ou mais governos europeus possam entrar em default gerou receios de um choque no sistema financeiro global,  que causaria severas perdas para bancos, recessão nos EUA e na Europa, e a uma asfixia nos financiamentos.

"O objetivo de tais ações é aliviar as tensões nos mercados financeiros e, assim mitigar os efeitos de tais tensões no suprimento de crédito doméstico e de negócios, estimulando dessa maneira a atividade econômica", disseram os bancos em um comunicado conjunto.

Os bancos centrais concordaram em reduzir em meio por cento o custo de empréstimos temporários em dólar que oferecem aos bancos -- chamados liquidity swaps (trocas ou intercâmbios de liquidez, em tradução livre -- ou ainda swaps de liquidez). Essa nova taxa mais baixa será aplicada a todas as operações de bancos centrais que começarem na segunda-feira. 

Bancos não americanos necessitam de dólar para financiar suas operações nos EUA e para fazer empréstimos em dólares para empresas que necessitam da moeda americana. O dólar é a principal divisa internacional para as reservas de bancos centrais, e é largamente utilizado no comércio internacional.

"Obviamente, essas ações se destinam a aumentar a liquidez de dólar para bancos europeus, que estão lutando para atrair financiamento de curto prazo por causa das questões relativas à sua exposição a perdas com bônus da dívida soberana europeia", disse Paul Ashworth, economista-chefe americano da Capital Economics.  Ele explicou que essa ação de hoje não expõe o Fed à ajuda de bancos europeus enfermos. "Na realidade, é o BCE que faz empréstimos a esses bancos, portanto o Fed não sofrerá nenhuma perda se um banco europeu falir", acrescentou.

Os bancos centrais estão adotando também medidas para assegurar que os bancos possam ter dinheiro rápido em qualquer de suas moedas, se as condições de mercado garantirem [e quem é que define que essa garantia é confiável?!], através do estabelecimento de uma rede temporária de linhas de swap recíprocas. Neste exato momento não há necessidade de oferecer créditos não domésticos em outra moeda que não o dólar, dizem os bancos centrais, mas eles "consideram prudente" ter essa alternativa disponível o quanto antes.

As bolsas subiram logo após essas notícias. O DAX da Alemanha estava sendo negociado com alta de 4,7%, o CAC da França com mais 4,1%, e os Dow futuros em Nova Iorque estavam com ganho de 2,2%. O euro subiu 1,4% para US$ 1,35 e o petróleo subiu imediatamente US$ 1,45 para US$ 101,25.

Os temores de mais tumulto financeiro na Europa já tinham deixado alguns bancos europeus dependentes de empréstimo do banco central para financiamento de suas operações diárias. Outros bancos estão desconfiados e receosos de emprestar-lhes dinheiro, com medo de não serem pagos. Essas restrições no empréstimo interbancário podem atingir a economia de espectro mais amplo, por reduzir o dinheiro disponível para movimentar os negócios.

O rebaixamento feito ontem pela Standard & Poor's para as notas de seis bancos americanos se somou aos receios de que os infortúnios da Europa possam atingir o sistema financeiro global.




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