Um gigante que perdeu o rumo, está endividado, mas que ao mesmo tempo precisa gastar para recuperar o tempo perdido e tem uma população que não parece disposta a novos sacrifícios. Esse é o cenário que os Estados Unidos enfrentam hoje, segundo o livro "That Used to be Us", de Thomas Friedman, colunista do New York Times, e Michael Mandelbaum, professor da Universidade Johns Hopkins.
No livro, os autores buscam traçar os problemas que vivem hoje os EUA, ainda a maior economia global, mas cada vez mais ameaçados pela China e por outros emergentes, e sem um plano claro para manter a liderança.
Com a queda do Muro de Berlim e o fim da União Soviética, os EUA ficaram sem um rival claro que estimulasse a economia a ser mais produtiva e criativa, e hoje se ressentem disso. "O nosso país está em um declínio lento, lento o suficiente para que possamos fingir -- ou acreditar -- que o declínio não está ocorrendo", escrevem, contrastando a morosidade americana com a rapidez dos chineses.
Os grandes problemas norte-americanos, de acordo com eles, são a falta de visão de futuro e uma classe política dividida, incapaz de cruzar as barreiras partidárias para chegar a acordos em temas que são fundamentais para o país. "Os dois partidos estão errados em garantir aos americanos que os impostos nunca vão subir, como fazem os republicanos, e que os benefícios que foram prometidos nunca serão cortados, como fazem os democratas", dizem Friedman e Mandelbaum.
O caminho da retomada americana planejado pelos autores é difícil, mas não parece impossível: investir pesado em educação, facilitar o visto para estrangeiros, priorizar indústrias de tecnologia e energia verde e, finalmente, sacrifício. Esse último item é que parece travar o sonho americano: para os dois, está claro que o governo terá de cortar gastos com programas sociais, e aumentar impostos para reduzir a dívida pública, tão altaque exigiria que o país "pegasse dinheiro emprestado com a China" para defender Taiwan em caso de ataque dos chineses.
O problema é que eles não enxergam, dentro do atual modelo, ninguém dos dois partidos que consiga atrair os votor do outro lado ou mesmo liderar seus correligionários a tomar as soluções necessárias. "A única maneira", afirmam, é um terceiro partido ou candidato independente, que possa não só articular políticas híbridas que atendam nossos principais desafios, como também atrair os votos dos eleitores democratas e republicanos.
Friedman e Mandelbaumreconhecem que uma terceira via é quase impossível, mas dizem que o sucesso não precisa ser medido com a vitória nas eleições, mas pela influência no debate político, como o independente Ross Perot influenciou o governo Bill Clinton com suas promessas de corte da dívida pública na disputa de 1992.
Thomas Friedman - (Foto: The New York Times).
Michael Mandelbaum - (Foro: Google).
Nenhum comentário:
Postar um comentário