terça-feira, 29 de novembro de 2011

Paquistão avisa EUA que relações não serão mais as mesmas após mortes em ataque da OTAN

O primeiro-ministro paquistanês advertiu nesta segunda-feira que as relações de seu país com os EUA não podem continuar como estão, depois que aviões da OTAN mataram 24 soldados paquistaneses no fim de semana. "Negócios como de costume não existirão mais", Yusuf Raza Gilani disse à CNN em uma entrevista. "Precisamos de algo muito maior para reparar meu país".

Os comentários de Gilani evidenciam como se tornaram tensas as relações EUA-Paquistão depois do incidente do fim de semana, que desgastou ainda mais as já atribuladas relações entre os dois países. O que já era uma desconfortável relação entre os dois, mudou para pior em meados deste ano depois que as autoridades americanas deixaram suas contrapartes paquistanesas sem conhecimento prévio do ataque que matou Osama Bin Laden.

Gilani disse que seu país continuará a cooperar com Washington apenas se o relacionamento for baseado em "respeito e interesses mútuos". Perguntado se hoje esse era o caso, o primeiro-ministro respondeu: "No momento, não", acrescentando: "Se não posso proteger a soberania de meu país, como podemos dizer que isso é respeito mútuo e interesse mútuo?".

Um ataque aéreo liderado pela OTAN na madrugada de sábado a um posto de controle na fronteira Paquistão-Afeganistão foi, na realidade, uma resposta a um ataque contra soldados afegãos que aparentemente se originou naquele posto, de acordo com o que autoridades afegãs disseram à agência Associated Press.  Falando sob condição de anonimato, essas autoridades disseram que soldados afegãos operando naquela região montanhosa ficaram sob fogo na madrugada de sábado, e solicitaram o ataque à Força Internacional de de Segurança. Os postos na área fronteiriça têm ocupantes mistos, entre soldados paquistaneses e militantes, o que poderia ter contribuído para a confusão em se saber quem na realidade estava atirando nos soldados afegãos.

As tensões, já em alto nível, poderiam tornar-se ainda piores se o grande número de caminhões de suprimento das forças de coalizão agora em espera na fronteira -- fechada no sábado por autoridades paquistanesas indignadas -- sofressem um ataque na perigosa área da fronteira.

A BBC informou que o ataque ocorreu às 2h da manhão no posto de controle de Salala, a cerca de 2,5 km da fronteira afegã, e alegadamente foi efetuado pela Força Internacional de Segurança liderada pela OTAN. Autoridades da OTAN disseram que estão realizando uma investigação detalhada do incidente.

O comandante da Força, Gen. John R. Allen, emitiu um comunicado, dizendo: "Minhas mais sinceras e profundas condolências pessoais se dirigem às famílias e entes queridos de quaisquer membros da Força Paquistanesa de Segurança que possam ter sido mortos ou feridos".

O referido ataque aéreo foi o mais violento e mortífero desse tipo nos 10 anos da guerra no Afeganistão.

O enterro de soldados paquistaneses mortos em ataque aéreo da OTAN na fronteira com o Afeganistão - (Foto: AFP/Getty Images).

Caminhões de suprimentos para as forças da OTAN  no Afeganistão estacionados no cruzamento da fronteira com o Paquistão em Torkham - (Foto: STR/AFP/Getty Images).

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