"O tipo e a severidade dos efeitos (...) dependem não apenas dos próprios episódios extremos, mas também da vulnerabilidade e da exposição", afirma a versão provisória do "resumo para decisores" obtida pela AFP (Agência France Presse). Um resumo que será discutido nesta semana em Uganda, onde o relatório definitivo será apresentado na sexta-feira.
A mensagem foi levada desde segunda-feira ao Fórum dos países "climaticamente vulneráveis", em Bangladesh, pelo secretário-geral da ONU Ban Ki-moon: "Existem muitos remédios produtivos que as comunidades e os países podem tomar para limitar o impacto dos episódios meteorológicos extremos".
Acima de um certo patamar, prevê no entanto o relatório do Giec, os esforços para adaptação podem tornar-se insuficientes se as emissões dos gases de efeito estufa, a origem da mudança climática, não forem contidas.
Para esse "relatório especial", uma contribuição para o próximo amplo relatório sobre o estado do clima esperado para 2014, o Giec pela primeira vez associou em uma mesma análise ciência do clima e gestão de riscos. Desde o primeiro relatório do Giec, em 1990, essas comunidades de pesquisa têm trabalho de maneira independente. Uma segregação que provavelmente foi um erro, segundo vários especialistas abordados pela AFP.
"Os especialistas em catástrofes têm uma experiência maior, que deveria ser uma base essencial para a adaptação à mudança climática", avalia Tom Downing, que está à frente de uma organização que congrega especialistas em adaptação, a Parceria Global em Adaptação Climática (Global Climate Adaptation Partnership), em Oxford (Grã-Bretanha). "É encorajador ver o Giec fazer avançar essa cooperação", acrescenta ele.
"A ciência nesta vez não é senão uma das peças do quebra-cabeça. As outras peças têm a ver com a capacidade das pessoas para resistir e se adaptar", se felicita também Will Ateffen, responsável pelo Instituto sobre mudança climática da Universidade Nacional da Austrália. Neville Nichols, professor da Universidade Monash, de Melbourne (Austrália) e redator exclusivamente científico, confirma que "a cooperação nos reforçou a todos". - "Isso permitiu aos cientistas se concentrar mais sobre o que necessitam os especialistas em risco, que terão uma ideia mais clara do que lhes podemos ou não fornecer", diz ele.
Essa mudança de abordagem se segue a alguns erros que arruinaram a última grande publicação do Giec, em 2007. A maior parte deles, referindo-se por exemplo ao ritmo de derretimento das geleiras do Himalaia, era devida, reconhecem certos participantes, a essa cooperação limitada entre as diferentes comunidades de contribuidores.
O relatório, voltado para soluções a serem postas em prática, identifica ações simples e pouco onerosas, como por exemplo os sistemas de alerta precoce nas zonas afetadas por ondas de calor ou por inundações. Melhorar os regulamentos urbanísticos ou as capacidades de previsão pode contribuir também para salvar vidas nas regiões atingidas por ciclones.
Mas, quanto mais se esperar para tomar essas medidas mais caras elas ficarão, e perderão em eficácia, prevê também o relatório, ainda que mais e mais planos de adaptação sejam lançados mundo afora para facer face a esse clima cada vez mais caprichoso.
Uma visão das inundações que fustigaram a região de Lanxi, na China, em 20 de junho de 2011 - (Foto: Str/AFP).
Arrebentação de vagas em Nice, sudoeste da França, em 8 de novembro de 2011 - (Foto: Valery Hache/AFP).
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