Se há cinco anos, 33% preferiam "não dar nada" à Bolívia e 47% defendiam que se oferecessem benefícios àquele país para que ocupasse os portos locais, em 2011 a tendência se inverteu: 48% defendem a tese de "não ceder nada" à Bolívia e 40% preferem dar-lhe benefícios econômicos. No mesmo período, passou de 13% para 9% o percentual de apoio à concessão de uma faixa litorânea aos bolivianos.
Essa é uma tendência que se vê reforçada pelo fato de que 73% consideram que, ainda que a Corte de Haia tenha decidido contra o Chile no litígio por limites marítimos com o Peru, o país não deve ceder território "por motivo algum".
"Essa intransigência geopolítica dos chilenos deve ser vista com preocupação, porque dá pouca margem aos governos para atuar com prudência e moderação", analisa o diretor do Instituto de Sociologia da UC, Eduardo Valenzuela.
Por sua parte, o diretor do Centro de Estudos Internacionais da UC, Juan Emilio Cheyre, interpreta os dados como uma manifestação "da certeza dos chilenos de que todo o território que temos pertence legitimamente ao nosso país e, por conseguinte, devemos continuar exercendo plena soberania sobre ele, e a maioria não está disposta a ceder aquilo que sente como bem próprio".
Além dos temas políticos, a pesquisa analisou as percepções dos chilenos com relação aos imigrantes. As respostas mostram que 60% opinam que o país deve tomar medidas fortes para expulsar aqueles que chegam ilegalmente. Mas, se eles se estabelecem legitimamente, a posição é de que tenham acesso aos benefícios sociais. "Isto mostra que o Chile é um país que está disposto a tratar o imigrante como ser humano, inclusive concedendo-lhe benefícios que em outros países se espera prestar apenas aos cidadãos nacionais", disse Cheyre.
Enquanto isso, Valenzuela enfatiza que "nos países em que o fluxo imigratório é maior, e os serviços sociais são mais caros e onerosos, existe muita reticência quanto a equiparar os direitos sociais de uns e outros [cidadãos e imigrantes]. No Chile não se verificam essas condições: os imigrantes não pesam demasiado sobre os sistemas de bem-estar [social] que, além disso, não oferecem tampouco grandes serviços.
Especificamente com respeito aos imigrantes peruanos e bolivianos, 39% opinam que "nunca serão completamente chilenos", e 57% consideram que [eles] limitam as possibilidades dos chilenos em achar emprego. Segundo o sociólogo, "pesa demais a hostilidade geopolítica nessas respostas".
Nenhum comentário:
Postar um comentário