"Recentemente, o avião matrícula F-GLZR retornou da China e voou durante alguns dias antes de ser impedido de voar; faltava nele um terço dos parafusos de um painel da carenagem", escreveram os pilotos no último boletim do sindicato Alter do qual a agência France Presse conseguiu uma cópia. O avião foi mantido no solo porque o painel começou a se soltar em voo.
Há vários anos a Air France subcontrata com a empresa Xiamen, da China, a manutenção de seus Boeing 747 e, a partir de agora, também a de seus A340. "E o resultado está sempre à altura das ambições da nossa empresa", ironizam os tripulantes.
O incidente, descoberto descoberto no dia 15 deste mês em Boston (EUA), cinco dias depois que o aparelho saiu da manutenção, acarretou a abertura de uma investigação que ainda está em curso, segundo um porta-voz da companhia. "Em nenhum momento a segurança dos voos foi posta em risco, e o avião não foi paralizado senão por algumas horas", declarou ele, querendo transmitir tranquilidade no momento em que a Air France se esforça para fazer esquecer o voo Rio-Paris que vitimou 228 pessoas em 2009 e que ainda prejudica sua imagem.
A parte do avião afetada, chamada "karman", está localizada na asa direita, "e não se situa em uma zona pressurizada", insistiu o porta-voz. Um especialista da Airbus, construtora do avião, confirmou que não se trata de uma "peça estrutural". "Como não se trata de uma peça muito pesada, e tendo em conta sua localização, pode-se supor que -- dependendo de certas verificações -- se ela se soltasse seria arrastada pelo fluxo de ar", complementou o especialista.
Reconhece-se, no entanto, que a trajetória de uma peça em voo é sempre incerta, e o risco de que perfure uma peça essencial não pode ser excluído.
"É o primeiro incidente desse tipo", disse o porta-voz da Air France, que destacou que o subcontratado chinês Taeco era "reconhecido internacionalmente e trabalha há quatro anos para a companhia". Taeco, que não comentou o incidente, é um dos líderes mundiais na manutenção de grandes aeronaves e trabalha principalmente para Lufthansa, British Airways, American Airlines, JAL e Emirates.
As grandes companhias que têm suas próprias filiais dedicadas à manutenção (Air France Industries KLM, Lufthansa Technik, etc) recorrem à Taeco para reduzir seus custos.
Um Airbus A340 da Air France - (Foto: Google).
Nenhum comentário:
Postar um comentário