sexta-feira, 11 de novembro de 2011

Governo alemão comprará ações da EADS, controladora da Airbus

Em uma negociação avaliada em mais de 1 bilhão de euros, o governo alemão informou que comprará 7,5 do capital da EADS, controladora da Airbus. Essa decisão visa preservar o equilíbrio entre os controles alemão e francês da gigante aerospacial, e assegurar que as ações alemãs na companhia não serão vendidas a investidores estrangeiros. Essa compra se fará através do banco de investimentos estatal alemão KfW (Kreditanstalt für Wiederaufbau -- Instituto de Crédito para Reconstrução). A expectativa é de que o KfW mantenha a posse temporária das ações, enquanto se procuram investidores privados para o negócio.

Calcula-se que as ações têm um valor de mercado entre 1, 2 e 1,6 bilhões de euros (entre 1,62 e 1,76 bilhões de dólares). O ministro da Economia disse que a negociação não poderá ser concluída antes de 30 de junho de 2012, devido a questões legais pendentes na Holanda. A empresa, que atua nas áreas aérea, espacial e de defesa, é sediada naquele país.

A EADS foi criada em 2000, através da fusão de empresas aeroespaciais da Alemanha, da França e da Espanha. A participação da França e da Espanha se dá através de empresas estatais. Desde a criação da EADS, o equilíbrio de poder entre os países acionistas tem desempenhado papel muito importante no desenvolvimento da empresa.  Telegramas diplomáticos dos EUA, vazados pelo WikiLeaks em março, permitiram uma visão privilegiada da relação muito conflituosa entre empregados alemães e franceses na EADS. A empresa é melhor conhecida no exterior como construtora da vitoriosa linha de jatos comerciais Airbus, forte competidora da americana Boeing.

O governo em Berlim tem estado sob pressão para tomar uma decisão sobre a negociação nesta semana, porque o parlamento está agora finalizando o orçamento de 2012. A Daimler, o conglomerado industrial proprietário das ações que serão compradas pelo governo alemão, está também pressionando para saber com clareza até o fim do ano o futuro dessas ações. Esse fabricante de carros alemães deverá manter o controle dos 22,5% das ações da Alemanha na EADS com direito a voto.

Uma negociação alternativa, com investimento do fundo soberano do Qatar na EADS, foi rejeitada há pouco tempo atrás após entendimentos entre o ministro da Economia alemão, Phillipp Rösler, e esse país árabe. Fontes internas do governo alemão comentaram que um investimento por um fundo soberano estrangeiro teria sido uma "mensagem difícil de se transmitir" em termos de política industrial alemã. Incapaz de conseguir a adesão de um investidor privado conveniente e adequado, o gabinete da chanceler Angela Merkel é tido como tendo apoiado há tempo a solução via KfW.

Fontes governamentais disseram igualmente que Berlim não pretende ter influência direta nas operações comerciais da EADS, apesar de sua planejada participação acionária. O governo alemão tampouco busca ter assento no conselho de supervisão/administração da empresa.

Construção de um Airbus A320 na fábrica da EADS em Hamburgo (Foto: DPS).

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