segunda-feira, 14 de novembro de 2011

Aumento recorde em gastos ressalta poder de compra de brasileiros na Europa

Com o aumento recorde de seus gastos no exterior em 2011, o poder de compra do turista brasileiro vem ganhando visibilidade na Europa. Viajantes da classe média e alta não estão medindo gastos no exterior já há dois anos e nem mesmo a recente alta do dólar, que começou em agosto, desestimulou o consumo de brasileiros no exterior.

Apesar de os últimos dados disponíveis do Banco Central, de setembro, revelarem uma desaceleração em relação a julho e agosto (mês recorde, com aumento de 46% nos gastos na comparação anual), o nível dos gastos no exterior neste ano é recorde. Segundo a Organização Mundial de Turismo (OMT), as despesas dos brasileiros no exterior já totalizam US$ 16 bilhões (R$ 28 bilhões) em 2011. O valor representa um aumento de 44% em relação ao ano passado, a maior alta entre os países monitorados pela OMT. Os gastos de turistas chineses cresceram 30,2% e, dos russos, 21%.

Em hotéis de luxo em Paris, como o Bristol (onde a presidente Dilma Rousseff se hospedou no último sábado) ou o George V, com diárias a partir de 700 euros (R$ 1.660), o crescimento da clientela brasileira ultrapassa a faixa dos dois dígitos, segundo os administradores. Em outras localidades consideradas sofisticadas, como Saint-Tropez, no sul do país, e a estação de esqui de Courchevel, o aumento dos turistas brasileiros já chega a 50%.

A reportagem da BBC Brasil encontrou em Paris um grupo de 50 turistas do Tocantins, que depois seguiriam viagem para outras cidades europeias, como Roma, Barcelona e Londres. Várias pessoas do grupo visitavam a Europa pela primeira vez, como a funcionária pública Shirlei de Amorim Próspero. "Quero comprar cosméticos, perfumes, bolsas e artigos de moda em geral", diz ela, que afirma ter uma verba de R$ 10 mil para fazer compras na viagem.

A historiadora Viviane Fernandes Santos, também do Tocantins, diz que vai privilegiar os passeios culturais e gastronômicos. "A alta do real facilitou a viagem", conta.

Mesmo com a recente valorização do dólar, o real ainda mantém uma alta de 5,5% no acumulado do ano.

Denise La Selva, diretora de uma escola pública em São Paulo e consultora de moda, visita a França pela primeira vez. Como muitas brasileiras, ela não deixou de visitar uma loja da grife Louis Vuitton e comprar uma bolsa. A marca de luxo tem lojas no Brasil, mas segundo o presidente da grife, Yves Carcelle, os brasileiros fazem muitas compras nas butiques da marca nos Estados Unidos e na Europa. Segundo Carcelle, os brasileiros já estão no ranking das dez principais nacionalidades de clientes da marca no mundo.

Os brasileiros também representaram o segundo maior número (410 mil) de visitantes do museu do Louvre no ano passado, atrás dos americanos, que chegaram a 650 mil. Em 2007, o Brasil ocupava o 11º lugar no ranking de visitantes do museu do Louvre. Mas em razão do aumento de turistas brasileiros, a administração do museu já estuda traduzir para o português um mapa informativo e documentos na área de multimídia, segundo diretora de atendimento ao público, Catherine Guillou.

Segundo a Global Blue, líder mundial no setor de free-shop, os gastos dos turistas vindos do Brasil na França cresceram 49% no ano passado, totalizando 100 milhões de euros. O aumento dos gastos dos brasileiros no país é a maior progressão após a dos chineses, que são os campeões das compras na França.



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