O texto abaixo é de autoria de Camilo Rocha, e foi publicado hoje no blogue Link do jornal O Estado de S. Paulo.
Pela estatística, é provável que você ainda não tenha um smartphone.
Apenas 5,8% dos celulares vendidos no Brasil são aparelhos do tipo,
segundo pesquisa recente do instituto Nielsen. O mesmo levantamento,
porém, indica que são enormes as chances de você virar dono de um em
breve: no primeiro semestre, as vendas de smartphones dispararam 165% em
um ano. O ritmo de vendas é muito superior ao dos celulares como um
todo, que cresceu 21% no período. A tendência é mundial. Smartphones devem movimentar em 2011 US$ 116
bilhões (R$ 203 bilhões) no mundo todo, segundo a empresa de pesquisa
Pyramid.
Atrapalhando esse crescimento por aqui está nossa tradicional
desvantagem de preço em relação a outros países. Ainda pagamos um valor
muito maior. Nos EUA o iPhone 4S, por exemplo, tem um preço inicial de
US$ 199 (R$ 349), se vendido com um plano de operadora. Aqui seu
antecessor, o iPhone 4, não sai por menos de R$ 899 no pós-pago. O que alivia um pouco a situação do brasileiro é a enxurrada de
lançamentos que ocorreu de dois anos para cá. As lojas hoje estão
lotadas de opções em diversas faixas de preço, tamanhos e configurações.
A lista de sugestões de fim de ano que o Link selecionou traz 15 modelos diversos (ver fotos e descrições abaixo - clique nas imagens para ampliá-las).
A premissa de um smartphone é simplificar sua vida ao juntar vários
recursos em um aparelho só: internet, e-mail, câmera, filmadora, tocador
de música, agenda, lista de contatos. Alguns celulares que não são
considerados smartphones também têm esses recursos. Mas essas
ferramentas rodam melhor em smartphones porque, em geral, eles têm maior
poder de processamento. Sua capacidade de armazenamento digital (na
casa do gigabyte) também os diferenciam dos celulares comuns. A conectividade de um smartphone é superior e permite realizar atividades com uma conexão 3G ou Wi-Fi.
Não se pode falar em smartphone sem mencionar os aplicativos. São
softwares para celular e com funções específicas. Existem apps para
atividades rotineiras como tirar fotos, mandar e-mails ou servir de
despertador. Games, mapas, previsão do tempo, últimas notícias e compras
virtuais também são outras opções comuns de aplicativos. Esse formato gerou um boom de novas empresas que desenvolvem esse tipo
de programa. Há apps para todo o tipo de uso: desde monitorar o ciclo
menstrual de uma mulher até identificar as músicas que estão tocando na
balada. E parece bobagem, mas, uma vez que você passa a usar e gostar de
determinados aplicativos, percebe quanto sua vida pode melhorar. Afinal
o smartphone é um computador de bolso.
Os apps estão vinculados a outro item básico num smartphone: o sistema
operacional. O mais comum é o Android, do Google. É esse o sistema
encontrado nos smartphones de fabricantes como LG, Samsung, Motorola e
Sony Ericsson. Com a quantidade considerável de modelos lançados por
essas e outras marcas que usam o mesmo sistema, o Android viu sua
parcela de mercado crescer de 2,8% em 2010 para 39,4% em 2011. É por
esse motivo que os aparelhos com Android costumam estar entre as opções
mais baratas.
O segundo sistema operacional mais comum é o Symbian, que move os
aparelhos da Nokia, mas ele tem data de validade. A partir do ano que
vem, os novos modelos da Nokia usarão o sistema Windows Phone 7, da
Microsoft. Assim, pode parecer que um smartphone com Symbian esteja
fadado à obsolescência em breve, mas a Nokia garante o suporte pelo
menos até 2015.
Em terceiro lugar vem o iOS, da Apple. Ele ocupa 10% do mercado
brasileiro, quase o dobro do que tinha há um ano. Uma das vantagens
desse sistema é seu “corpo fechado”. Como a Apple controla a aprovação
dos aplicativos para o iPhone, o sistema é mais seguro do que o Android,
cujo controle de aplicativos é menos rígido.
O iPhone ganha facilmente da concorrência no mais intangível dos
aspectos: o fator “objeto de desejo”. Graças a seu design estiloso,
facilidade de uso e marketing eficiente, o iPhone tem status de popstar.
A cada novo lançamento se repetem as cenas de gente passando a noite na
fila para ser um dos primeiros a entrar na loja e garantir seu
exemplar. A última versão 4S começou a ser vendida nos EUA há um mês. A Apple
disse que o telefone deve chegar a 70 países até o fim do ano e é
provável que o Brasil esteja nessa lista. O smartphone já foi até
homologado pela Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), mas a
representação brasileira da Apple não confirma qualquer lançamento.
Parece que a mesma estratégia adotada à época do lançamento do iPhone 4
está sendo seguida: zero informação até que, subitamente, uma data é
anunciada no curtíssimo prazo.
Muitos preferem não esperar. O Link conversou com brasileiros
que já têm o aparelho, comprado em viagens ao exterior. O engenheiro de
software Leo Lobato conta que a câmera do novo modelo é um dos
destaques, mas que não é preciso ter pressa para comprar. “Só comprei
porque uso no meu trabalho, que é desenvolver aplicativos”, diz. Outro problema é o aplicativo Siri – principal novidade –, não entende
português. Dando nova dimensão ao termo “secretaria eletrônica”, a Siri
(a voz usada é a de uma mulher) obedece a comandos de voz dos usuários,
responde perguntas e procura informações no telefone e na web, cruzando
dados de maneira inteligente. Mas só em inglês.
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