Petrobras e Vale ainda não chegaram a um acordo sobre o projeto de potássio Carnalitas no Sergipe porque negociam como tornar compatível a
exploração de petróleo e de potássio existentes na mesma localidade,
afirmou o diretor de Operações da Vale Fertilizantes, Marcelo Fenelon,
nesta terça-feira. A Petrobras, segundo ele, talvez tenha que abrir mão de explorar uma
parte das reservas que integram o campo de Carmópolis, o segundo maior
produtor de petróleo em terra do país.
O acordo entre Vale e Petrobras não tem previsão para ser celebrado,
disse o executivo a jornalistas após palestrar no 14o Congresso
Brasileiro de Mineração, em Belo Horizonte. "Está sendo discutida a convivência da lavra de petróleo com a lavra de
potássio. Convivência ou prioridade", disse o executivo ao ser indagado
sobre o que falta para que um acordo entre Vale e Petrobras seja
realizado.
A Vale já tem um contrato de arrendamento com a Petrobras pelo qual
produz potássio na região a partir da mina de Taquari-Vassouras. O
objetivo da Vale é ampliar a produção de potássio em mais de três vezes a
partir da exploração de outras minas que ficam na área da Petrobras,
onde a estatal possui direitos minerários. Para tanto, as duas empresas precisam realizar um contrato de
arrendamento ou de venda dos direitos minerários da Petrobras para a
Vale. "As soluções estão na mesa; são várias as possibilidades. A Vale e a Petrobras estão em entendimento", acrescentou o executivo.
Segundo uma fonte ligada ao processo, o método de exploração de potássio
que a Vale pretende usar na região, de dissolução da rocha de
carnalita, pode deteriorar a estrutura que mantém os depósitos de
petróleo. O executivo da Vale Fertilizantes, porém, não confirma a informação.
Outra informação da fonte, que prefere não ser identificada, é de que a
extração de petróleo e potássio não pode ser realizada ao mesmo tempo
por causa de possíveis explosões provocadas pelos hidrocarbonetos. O campo de Carmópolis produz cerca de 22 mil barris por dia e só perde para o campo de Urucu, que extrai 44 mil barris por dia.
A Vale já explora a mina de potássio arrendada da Petrobras em Sergipe
desde 1991 e produz cloreto de potássio a partir dos sais de silvinita,
num volume de cerca de 700 mil toneladas anuais. Com um acordo com a Petrobras, a produção em Sergipe poderá mais que
triplicar, segundo disse o presidente da Vale, Murilo Ferreira, em
recente entrevista à Reuters.
O projeto de exploração de carnalita, um tipo de sal de potássio, a uma
profundidade de 1,2 mil metros, tem capacidade prevista de 2,2 milhões
de toneladas anuais. Atualmente, o país importa cerca de 90 por cento das suas necessidades
de potássio, insumo de fertilizante, produto altamente demandado no
Brasil, uma potência agrícola.
A Vale estuda ainda desenvolver um novo projeto de fertilizantes na
Argentina, segundo o diretor de operações de sua subsidiária.
O projeto, batizado de Salar de Antofalla, na província de Catamarca,
fica localizado em uma região vulcânica rica em diversos minerais, entre
os quais insumos para fertilizantes, mas o executivo não especificou
qual ao falar com jornalistas. "É um projeto ainda embrionário", afirmou.
Fenelon afirmou ainda que a Vale Fertilizantes possui projetos
suficientes para passar de 14° lugar para 5° no ranking dos maiores
produtores de potássio do mundo. Os projetos têm previsão de entrada em operação de até aproximadamente
2020 e demandam investimentos de 15 bilhões de dólares, informou ele. Entre os vários projetos em desenvolvimento pela Vale na área de
fertilizantes estão Rio Colorado e Neuquén, ambos na Argentina, além de
Kronau, no Canadá. Os três projetos são para a produção de silvinita. Além disso, a empresa desenvolve projetos de fosfato, entre os quais Bayovar, no Peru.
A meta de produção de fertilizantes a partir da rocha fosfática é de 7,6
milhões de toneladas neste ano, que, segundo o diretor da empresa,
deverá ser cumprida. Já produção de potássio deve ficar em 625 mil toneladas, um pouco abaixo da meta de 760 mil toneladas prevista inicialmente.
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