O Brasil vai propor aos outros países do Brics que disponibilizem bilhões de dólares em recursos ao Fundo Monetário Internacional (FMI) como forma de aliviar
a crise na zona do euro, disse uma fonte à Reuters nesta segunda-feira.
O ministro da Fazenda, Guido Mantega, apresentará a proposta nesta semana
durante reunião do Brics em Washington, disse a fonte sob condição de anonimato.
O Brics é composto por grandes países emergentes: Brasil, Rússia, Índia, China e
África do Sul. "Dar mais recursos ao FMI parece uma das opções mais atraentes que nós temos
para ajudar a Europa", disse a fonte.
O Brasil poderia disponibilizar até 10 bilhões de dólares de seus próprios
recursos para ajudar a Europa através de vários canais, incluindo o FMI ou a
compra de títulos soberanos da dívida, acrescentou fonte. A contribuição do Brasil, sozinha, certamente seria muito pequena para fazer
diferença. Mas um esforço coordenado que inclua China e Rússia, em particular,
poderia ter um impacto maior no momento em que os investidores olham para as
reservas internacionais dos países emergentes como esperança de ajuda.
Um consenso a respeito de uma ação coordenada parecia ganhar corpo na
segunda-feira. O ministro das Finanças da Rússia, Alexei Kudrin, disse a
jornalistas que os países com reservas substanciais poderiam ajudar a socorrer
as nações da zona do euro sob "certas condições". Os países do Brics já compram títulos europeus emitidos pelo Mecanismo
Europeu de Estabilização Financeira, reportou o jornal Valor Econômico nesta
segunda-feira.
Mantega havia proposto anteriormente que os Brics fizessem compras
coordenadas de bônus europeus, mas a ideia encontrou resistência em outros
integrantes do grupo, que temem a compra de ativos de risco ou duvidam ter
capacidade para poder ajudar. O FMI seria um veículo mais "seguro" para uma ação
coordenada, disse a fonte.
Ideia satisfaz ambições brasileiras
A proposta atenderia a dois desejos do Brasil. A ajuda poderia aliviar o
impacto da crise sobre economias da zona do euro em dificuldades --especialmente
Portugal e Espanha, que têm grandes investimentos no país.
Uma participação maior no FMI também poderia aumentar o poder do Brasil
dentro da instituição. Integrantes do governo da presidente Dilma Rousseff têm
dito que veem a crise na Europa e nos Estados Unidos como uma oportunidade para
que o Brasil e os países do Brics ganhem uma importância maior nos assuntos
globais.
Uma forma de os países do Brics disponibilizarem mais recursos para o FMI
poderia ser por meio de "Novos Acordos de Empréstimo" --tipo de fundo de crise
que atualmente tem cerca de 591 bilhões de dólares disponíveis, segundo o FMI.
O Brasil recebeu consultas diretas de países europeus a respeito da compra de
títulos soberanos, disse a fonte, mas as reservas internacionais somente podem
ser usadas para a compra de papéis com grau de investimento. Um porta-voz do Ministério da Fazenda do Brasil não estava imediatamente
disponível para comentários.(Brian Winter)
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