quinta-feira, 8 de setembro de 2011

Cientista é condenado por tentar vender segredos dos EUA para Israel

Um ex-cientista do governo americano acusado de tentar vender segredos tecnológicos para Israel admitiu ser culpado de um caso de tentativa de espionagem. Stewart Nozette deverá cumprir uma sentença de 13 anos de prisão depois de fazer um acordo de confissão com os promotores. Ele está na cadeia desde que foi detido, em 2009, depois de uma operação na qual um agente do FBI (polícia federal americana) se fez passar por uma autoridade da inteligência israelense.

Nozette, 54 anos, foi acusado de tentar obter milhões de dólares para entregar dados secretos. Ele poderia ter sido condenado à morte caso tivesse sido considerado culpado de todas as quatro acusações de tentativa de espionagem que teve contra si. O Departamento de Justiça americano afirma que nenhuma das acusações significa que as leis americanas foram violadas pelo governo de Israel ou por pessoas que o representassem.

Durante as várias décadas em que trabalhou para o governo americano, Nozette teve acesso a setores de alto nível de segurança, inclusive na Nasa, a agência espacial dos EUA, no Conselho Nacional do Espaço e no Departamento de Energia. Vestindo um macacão de prisioneiro, ele compareceu à Justiça nessa quarta-feira, dizendo ao juiz que compreendia a acusação da qual ele se declarava culpado. 

Nozette disse ao agente do FBI, que se fez passar por integrante do Mossad, o serviço secreto de Israel, que os segredos que estava oferecendo haviam custado ao governo americano algo entre US$ 200 milhões e US$ 1 bilhão para desenvolver. De acordo com os registros do processo, Nozette se encontrou com o agente disfarçado em um hotel de Washington, em outubro de 2009. "Eu cheguei a um ponto sem volta (...), eu fiz uma opção de carreira", teria dito o cientista ao agente. "Estou preparado para dar a eles a coisa toda, todas as especificações técnicas", teria afirmado Nozette.

O conhecimento do ex-cientista do governo supostamente diz respeito ao programa de mísseis nucleares dos EUA. De sua casa, no subúrbio de Washington, Nozette comandava a Aliança para Tecnologia Competitiva, uma organização sem fins lucrativos com acordos para desenvolver tecnologias para o governo americano.

Promotores dizem que o cientista concordou em dar informações regulares ao Mossad por meio de uma caixa postal do correio, em troca de dinheiro. Ele supostamente pediu um passaporte israelense e aceitou dois pagamentos, ambos inferiores a US$ 10 mil. Em troca do dinheiro, Nozette supostamente concordou em divulgar informações sobre satélites americanos, sistemas de alerta e controle e elementos importantes de defesa estratégica.

"Stewart Nozette traiu a confiança dos EUA ao tentar vender alguns dos seus segredos mais bem guardados por lucro", disse à agência Reuters a vice-secretária de Justiça a cargo de segurança nacional, Lisa Monaco. O secretário de Justiça americano, Eric Holder, ordenou restrições especiais de comunicação para Nozette enquanto ele estiver preso. O juiz distrital Paul Friedman disse que está preparado para aceitar a declaração de culpa, desde que Nozette coopere com os promotores. Ele marcou a próxima audiência do caso para 15 de novembro.
Stewart Nozette deverá cumprir sentença de 13 anos de prisão (Foto: AO).


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