Em seu mais recente relatório sobre a economia mundial, divulgado nesta
terça-feira em Washington, o FMI (Fundo Monetário Internacional) reduziu para 3,8% a projeção de crescimento para o Brasil neste ano. Para 2012, o FMI manteve inalterada sua projeção para o crescimento da
economia brasileira, em 3,6%, ligeiramente abaixo dos 3,7% previstos
pelo mercado.
De acordo com as previsões reunidas no relatório World Economic Outlook
("Perspectivas da Economia Mundial", em tradução livre), o Brasil terá o
segundo menor crescimento na América do Sul neste ano, ficando atrás
somente da Venezuela (com previsão de 2,8%) e abaixo da média da região,
de 4,9%.
Segundo o FMI, o avanço do PIB (Produto Interno Bruto) brasileiro também
será menor que a média prevista para as economias emergentes e em
desenvolvimento (6,4%) e para o crescimento global como um todo (4%),
mas ainda ficará à frente da previsão para as economias avançadas, de
apenas 1,6%.
A nova estimativa representa uma queda de 0,3 ponto percentual em
relação à previsão anterior do FMI, de 4,1%, divulgada em junho, e está
abaixo da expectativa do governo brasileiro, mas ainda acima do esperado
pelo mercado. Apesar de, oficialmente, o governo brasileiro ainda manter a expectativa
de crescimento de 4,5% para o PIB (Produto Interno Bruto) neste ano, a
própria presidente Dilma Rousseff já declarou recentemente que o governo
faria "um esforço para chegar a 4%, quatro e pouco (%)".
O mercado é menos otimista e, o mais recente Boletim Focus (levantamento
semanal do Banco Central com base em consultas ao mercado), divulgado
na segunda-feira, reduziu pela sétima semana consecutiva sua projeção de
crescimento para a economia brasileira, passando de 3,56% para 3,52%.
O FMI afirma que, no geral, a perspectiva para as economias emergentes
voltou a ser "incerta", em parte como reflexo de um cenário mundial
menos favorável, especialmente nos Estados Unidos e na Europa.
No Brasil, economistas já vêm apontando a piora no cenário externo como
um dos fatores para o crescimento menor, ao lado da desaceleração na
indústria, provocada especialmente pela valorização do real frente ao
dólar e das medidas adotadas pelo governo para conter a inflação. O Banco Central do Brasil espera trazer a inflação para o centro da
meta, de 4,5% (com margem de dois pontos percentuais para cima ou para
baixo), até o fim de 2012. A projeção do FMI, no entanto, é de que a inflação brasileira chegue a
6,6% em 2011 – acima dos 6,46% projetados pelo mercado e levemente acima
do teto da meta, de 6,5% – para retroceder a 5,2% em 2012 (abaixo dos
5,5% previstos pelo mercado).
Assim como em relatórios anteriores, o FMI voltou a apontar riscos do
rápido aumento do crédito e de preços e da forte entrada de capital
estrangeiro verificados no Brasil e em muitas economias da América
Latina após a crise mundial de 2008. "É necessário manter a vigilância para limitar os riscos à estabilidade financeira", diz o relatório.
Ao citar o Brasil ao lado de outros emergentes que enfrentam problemas
semelhantes, o FMI afirma que "os riscos à estabilidade financeira em
todas essas economias devem ser monitorados por algum tempo, devido ao
grande volume de crescimento de crédito nos últimos cinco anos". No caso do Brasil, medidas para restringir a concessão de crédito estão
entre as ferramentas usadas pelo governo para tentar controlar a
inflação.
Desde 2010, o governo também já adotou diversas medidas para tentar
conter o fluxo excessivo de capital estrangeiro, que provoca a
valorização do real frente ao dólar e acaba reduzindo a competitividade
das exportações brasileiras. O FMI reconhece essas medidas adotadas pelo governo, mas recomenda que o
Brasil e outros países também tenham como uma de suas prioridades a
reversão do deficit público.
Nenhum comentário:
Postar um comentário