terça-feira, 20 de setembro de 2011

Emergentes precisam fortalecer fundamentos fiscais, adverte FMI

Em um momento em que muitas economias avançadas enfrentam crises de dívida e deficit e a deterioração de sua credibilidade, os emergentes precisam agir mais rapidamente para fortalecer seus fundamentos fiscais e evitar contágio, diz um relatório divulgado nesta terça-feira pelo FMI (Fundo Monetário Internacional).

Segundo a mais recente edição do Fiscal Monitor, lançada em Washington, os problemas das economias avançadas até agora tiveram efeito limitado nos emergentes, mas a situação pode mudar, e é bom que esses países coloquem seus orçamentos em dia para evitar os riscos de uma eventual alteração no cenário.  "As economias emergentes também enfrentam o risco de uma eventual mudança de sorte", diz o FMI.

O relatório cita ainda o risco de que elementos que atualmente compõem um cenário macroeconômico positivo, como altos preços das commodities (que beneficiam os países exportadores desses produtos, caso do Brasil e de muitos outros emergentes) ou fluxo de capitais, sejam temporários. No caso específico do Brasil, a necessidade de um ajuste fiscal e de redução de gastos públicos é frequentemente apontada por analistas como uma das prioridades. No início do ano, o governo anunciou que faria um ajuste fiscal de R$ 50 bilhões.

O FMI observa que, enquanto na maioria dos países emergentes a relação entre a dívida e o PIB (Produto Interno Bruto) é bem menor que a registrada em economias avançadas, nos casos de Brasil e outros grandes emergentes como a Índia, no entanto, essa relação ultrapassa 60% do PIB. As necessidades de financiamento do Brasil também deverão ser comparáveis à média das economias avançadas, segundo o FMI.

No entanto, apesar dos riscos, a situação dos emergentes é bem mais confortável que a das economias avançadas. No caso da zona do euro, o FMI observa que apesar de alguns países registrarem avanços na redução de seus deficits e na elaboração de planos de médio prazo para resolver o problema, o cenário permanece negativo em muitas economias.

Nos Estados Unidos, o impasse político em torno do aumento do teto da dívida pública, que se arrastou por semanas no Congresso até o fechamento de um acordo de última hora, no início de agosto, "ilustra os desafios significativos de implementar um ajuste fiscal", diz o relatório. As dificuldades de acordo foram um dos motivos que levaram a agência de classificação de risco Standar & Poor´s a rebaixar a nota dos Estados Unidos.

O FMI diz ainda que a velocidade e a gravidade com que as "pressões financeiras" se espalharam pela zona do Euro devem servir de alerta para os Estados Unidos e o Japão - que também enfrenta problemas de deficit e dívida. "A credibilidade do Japão e dos Estados Unidos pode se enfraquecer subitamente na falta de planos detalhados e ambiciosos para reduzir deficits e dívidas", diz o documento.

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