Em um momento em que muitas economias avançadas enfrentam crises de
dívida e deficit e a deterioração de sua credibilidade, os emergentes precisam agir mais rapidamente para fortalecer seus fundamentos fiscais e evitar contágio, diz um relatório divulgado nesta terça-feira pelo FMI
(Fundo Monetário Internacional).
Segundo a mais recente edição do Fiscal Monitor, lançada em
Washington, os problemas das economias avançadas até agora tiveram
efeito limitado nos emergentes, mas a situação pode mudar, e é bom que
esses países coloquem seus orçamentos em dia para evitar os riscos de
uma eventual alteração no cenário.
"As economias emergentes também enfrentam o risco de uma eventual mudança de sorte", diz o FMI.
O relatório cita ainda o risco de que elementos que atualmente compõem
um cenário macroeconômico positivo, como altos preços das commodities
(que beneficiam os países exportadores desses produtos, caso do Brasil e
de muitos outros emergentes) ou fluxo de capitais, sejam temporários. No caso específico do Brasil, a necessidade de um ajuste fiscal e de
redução de gastos públicos é frequentemente apontada por analistas como
uma das prioridades. No início do ano, o governo anunciou que faria um
ajuste fiscal de R$ 50 bilhões.
O FMI observa que, enquanto na maioria dos países emergentes a relação
entre a dívida e o PIB (Produto Interno Bruto) é bem menor que a
registrada em economias avançadas, nos casos de Brasil e outros grandes
emergentes como a Índia, no entanto, essa relação ultrapassa 60% do PIB. As necessidades de financiamento do Brasil também deverão ser comparáveis à média das economias avançadas, segundo o FMI.
No entanto, apesar dos riscos, a situação dos emergentes é bem mais confortável que a das economias avançadas. No caso da zona do euro, o FMI observa que apesar de alguns países
registrarem avanços na redução de seus deficits e na elaboração de
planos de médio prazo para resolver o problema, o cenário permanece
negativo em muitas economias.
Nos Estados Unidos, o impasse político em torno do aumento do teto da
dívida pública, que se arrastou por semanas no Congresso até o
fechamento de um acordo de última hora, no início de agosto, "ilustra os
desafios significativos de implementar um ajuste fiscal", diz o
relatório. As dificuldades de acordo foram um dos motivos que levaram a agência de
classificação de risco Standar & Poor´s a rebaixar a nota dos
Estados Unidos.
O FMI diz ainda que a velocidade e a gravidade com que as "pressões
financeiras" se espalharam pela zona do Euro devem servir de alerta para
os Estados Unidos e o Japão - que também enfrenta problemas de deficit e
dívida. "A credibilidade do Japão e dos Estados Unidos pode se enfraquecer
subitamente na falta de planos detalhados e ambiciosos para reduzir
deficits e dívidas", diz o documento.
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