quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Projeções do FMI para América Latina não favorecem o Brasil

Segundo as projeções de crescimento publicadas no dia 20/9 pelo FMI - Fundo Monetário Internacional, em seu informe Perspectivas para a Economia Global, a América Latina reduzirá seu crescimento em 2012 para 4% devido "a uma moderação da demanda interna em resposta a políticas macroeconômicas menos lassas".

Os países que irão liderar o crescimento econômico na região no próximo ano são principalmente, de novo, os exportadores de matérias-primas: Argentina (4,6%), Chile (4,7%), Paraguai (5%), Peru (5,6%), e Uruguai (4,2%). "Projeta-se que o crescimento na América do Sul diminuirá em 2012 na direção de sua taxa potencial -- entre 3,5% e 5,5% -- ", informou o FMI.

Sobre o Brasil, o gigante que liderou o impulso na região na maior parte da última década, diz o FMI que verá uma redução de seu crescimento com um 3,8% em 2011 e um 3,6% em 2012 comparado com o poderoso 7,5% de 2010, "em parte como reflexo de perspectivas externas menos favoráveis".

Apesar do "robusto" crescimento na primeira metade deste ano, o cenário no México está intimamente vinculado à recuperação dos EUA, razão pela qual as projeções colocam seu avanço econômico em 3,8% neste ano e 3,6% em 2012.

"Na América Central e no Caribe, o crescimentop continuará limitado pela lenta recuperação das remessas e do turismo e, em muitos países da região do Caribe, pelos problemas relacionados com os elevados níveis de dívida pública", segundo projeta o FMI.

O Fundo faz uma clara advertência de que "a importante presença de bancos espanhóis na região poderia apresentar alguns riscos em um cenário de movimentos extremos nos mercados, mas esses riscos serão compensados pelo modelo de filiais existente". [Surge aqui, novamente, a preocupação que já manifestei sobre os rumos da saúde financeira do banco espanhol Santander no Brasil].

Segundo o FMI, as economias latino-americanas e caribenhas cresceram rapidamente na primeira metade de 2011 "encabeçadas por uma atividade intensa em muitos dos exportadores de matérias-primas da região".

Outro fator positivo foi a pujante demanda interna sustentada por "políticas macroeconômicas acomodatícias", acompanhadas por fortes fluxos de capitais para a região, os quais, adverte o FMI, se tornaram mais voláteis nos últimos meses.

Ainda que o ritmo de expansão tenha se moderado à medida que outras economias tenham se recuperado da crise global, o crescimento da América Latina e do Caribe "se mantém acima de seu potencial", e "algumas economias podem estar se reaquecendo".  -- "É positivo que na região se esteja recorrendo à flexibilidade de tipo de câmbio como mecanismo de absorção, mas se faz necessária uma maior contração fiscal não apenas para reduzir a vulnerabilidade, mas também para mitigar as pressões sobre o tipo de câmbio real e respaldar os saldos externos", conclui o FMI.

Para toda a região da América Latina e do Caribe, o Fundo calcula que este ano a inflação será de 6,7% e cairá para 6% no ano que vem.

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