Exatamente no dia em que se comemoram 3 anos da queda do banco Lehman Brothers, as entidades monetárias mundiais decidiram reagir diante das últimas tensões financeiras. O Banco Central Europeu (BCE), o Federal Reserve dos EUA, o Banco da Inglaterra, o Banco do Japão, e o Banco Nacional Suiço (SNB) se coordenaram para injetar liquidez na banca europeia, que está enfrentando dificuldades para financiar-se em dólares.
De concreto, o BCE anunciou três operações adicionais de injeção de liquidez em dólar, de um tipo fixo não informado, e com vencimento de três meses (até o final do ano). Essas injeções se somam às que o BCE realiza semanalmente com a moeda americana, desde a explosão do problema da dívida da Grécia em maio de 2010. Graças a isso, ele emprestará aos bancos comerciais europeus a quantidade de dólares de que necessitem, em troca de garantias para assegurar que têm liquidez suficiente nessa moeda até o final do ano, já que neste período se acumula uma parte importante dos vencimentos de dívida. Os leilões extraordinários se realizarão nos dias 12 de outubro, 9 de novembro, e 7 de dezembro. A entidade monetária europeia só pode prestar apoio à banca europeia na moeda que emite, razão pela qual tem de pactuar com o banco emissor dos EUA qualquer medida de liquidez que tenha o dólar como protagonista.
O anúncio do BCE, que desde fevereiro não havia injetado liquidez em dólares através desse tipo de leilão, deflagrou o otimismo nos mercados. No fechamento, o índice espanhol Ibex 35, que já havia registrado pela manhã uma forte alta por conta do bom resultado do leilão da dívida do Tesouro espanhol, se colocou à frente dos ganhos na Europa, com uma alta de 3,63%. Nas demais bolsas do Velho Continente, Milão subiu 3,42%, Paris avançou uns 3,33%, Frankfurt 3%, Londres 2,16%. No mercado de divisas, o euro recuperou posições e, no fechamento dos mercados da Europa, estava cotado a 1,38 dólares.
A retomada das bolsas europeias foi liderada pela banca, já que a decisão dos bancos centrais sinaliza um claro alívio para o setor. De fato, o setor bancário francês sofreu fortes perdas depois que circulou a notícia, desmentida pelo banco, de que o BNP Paribas, o maior banco da França, tinha problemas para fazer captação em dólares. O banco negou as informações que estavam em uma coluna de opinião do Wall Street Journal, mas o estrago já estava feito.
Na Espanha, os principais bancos como BBVA e Santander lideraram as altas do setor, com valorizações importantes de 5,4% e 5,13%, respectivamente.
A diretora-geral do FMI, Christine Lagarde, depois de afirmar que "o panorama econômico se vê cinza e turbulento", ao entrar em "uma nova fase perigosa", alertou numa conferência no Centro Woodrow Wilson, em Washington: "Acredito que há um caminho na direção da recuperação sustentada, apesar de ser mais estreito que antes e continuar se estreitando. Para percorrê-lo, necessitamos de uma vontade política firme no mundo todo, necessitamos de liderança no lugar de comportamentos arriscados, cooperação no lugar de competição, ações em lugar de reações".
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