A explosão de um forno na central nuclear de Marcoule, na França, nesta segunda-feira, relança o debate sobre o uso da energia nuclear no país. Uma pessoa morreu e quatro ficaram feridas no acidente. A explosão desta segunda-feira, cuja causa ainda não é conhecida, ocorreu em um forno utilizado para derreter resíduos radioativos metálicos com baixo nível de atividade, segundo a Agência de Segurança Nuclear da França. O forno é operado pela empresa Socodei, filial da estatal de energia elétrica EDF.
O Comissariado de Energia Atômica do país afirmou nesta tarde que não houve contaminação radioativa fora do prédio nem dos trabalhadores, e declarou que o incidente “já terminou”.
Com 58 reatores em atividade em 19 centrais, a França possui o segundo maior parque nuclear do mundo, responsável pela produção de mais de 80% da energia elétrica do país.
A secretária-nacional do Partido Verde pediu ao governo "transparência sobre a situação e as consequências ambientais e sanitárias" do acidente ocorrido em Marcoule.
A central, que possui diversas instalações, funciona sobretudo como um centro de tratamento e estocagem de lixo radioativo e desmantelamento de centrais nucleares. Em março passado, um outro acidente, classificado como de nível 2 (numa escala até 7) já havia ocorrido em Marcoule. "Este novo incidente ressalta os problemas de controle do risco nuclear na França", afirma a federação de ONGs ambientais França Natureza Meio Ambiente, que reúne 3 mil associações. "Isso demonstra mais uma vez que a França não aprendeu as lições de Fukushima", afirma Yannick Rosselet, da ONG Greenpeace, referindo-se à catástrofe ocorrida em março no Japão.
Boa parte do parque nuclear francês foi construída no final dos anos 1970 e nos anos 1980 e é considerada antiga, o que suscita polêmicas sobre os sistemas de segurança dessas instalações. Em abril, militantes ecologistas chegaram a fazer greve de fome para pedir o fechamento da central nuclear de Fesseinhein, no leste, a mais antiga do país, em funcionamento desde 1978.
Segundo um estudo da Agência de Segurança Nuclear (ASN), o número de pequenos incidentes e anomalias nas centrais francesas dobrou nos últimos dez anos. A ASN informou que em 2010 ocorreram mais de mil incidentes, a grande maioria sem importância. Apenas três foram classificados como de nível 2, que não representa riscos à população. Após a catástrofe de Fukushima, no Japão, em março passado, o primeiro-ministro francês, François Fillon, pediu a realização de uma auditoria das 19 centrais nucleares do país.
Oposição francesa quer que país comece a procurar fontes alternativas de energia (Foto: AP).
A usina de Marcoule teve papel importante no desenvolvimento do programa nuclear francês (Foto: AFP).
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