sexta-feira, 9 de setembro de 2011

Armas químicas de Kadhafi provocam novas preocupações

Documentos que mostram o embarque de milhares de máscaras de gás e roupas de proteção contra armas químicas para os focos de resistência ainda existentes de Muammar Kadhafi, nas últimas semanas de seu regime, geraram novas preocupações na quarta-feira quanto à possibilidade de as forças do líder líbio deposto ter acesso ao mortal gás de mostarda. Aquele material foi encontrado em armazens enormes localizados nos arredores de al-Ajelat, uma cidade a 50 km a oeste de Trípoli.

O Pentágono e uma agência internacional de monitoramento disseram que os estoques restantes de Kadhafi estão bem guardados. Mas, sabe-se que mais de 11 ton de gás de mostarda estão acumuladas em um país sem uma autoridade central forte e no qual as armas estão proliferando rapidamente. Os rebeldes líbios se mostram preocupados com um acesso das forças de resistência de Kadhafi ao gás de mostarda, e que este seja usado num último esforço para conter o avanço da oposição. "Ainda não aconteceu, mas não é impossível para alguém como Kadhafi", disse Mohammed Benrasali, um membro sênior da equipe de estabilização da Líbia.

Comandantes rebeldes que essa preocupação com as armas químicas é a razão pela qual estão se movendo cautelosamente, enquanto tentam expulsar as tropas leais a Kadhafi de sua cidade natal e de um posto militar chave no deserto de al-Jufrah.

Kadhafi já usou armas químicas antes, durante uma guerra com o vizinho Chade em 1987.  Mas, ele concordou em desmontar seu programa de armas de destruição em massa em 2003, em troca de uma reaproximação com o Ocidente. Para demonstrar seu comprometimento com isso, Kadhafi ordenou a destruição de 3.300 peças de artilharia que poderiam ser usadas para lançar armas químicas. Mas, os estoques de gás mostarda custaram mais tempo para serem eliminados. Um telegrama da embaixada americana de novembro de 2009, vazado pelo WikiLeaks, insinua que Kadhafi estava deliberadamente retardando suas decisões e ações nesse sentido, para manter força e obter compensação maior.

Como resultado, 11,25 ton do gás venenoso estavam ainda na Líbia quando a rebelião contra Kadhafi começou em fevereiro, de acordo com a Organização pela Proibição de Armas Químicas, uma instituição internacional que trabalha em estreito relacionamento com a ONU. Há muitos anos atrás , Kadhafi fechou três instalações onde fabricava os gases sarin e mostarda.

Autoridades americanas se mostravam céticas na quarta-feira quanto às declarações de que as tropas leais a Kadhafi estavam se preparando para usar armas químicas -- ou mesmo que as possuíssem. Um dessas autoridades, que se manifestou com a condição de permanecer no anonimato, disse que os estoques remanescentes de gás mostarda que Kadhafi possui são considerados seguros e bem guardados. Esses estoques estão armazenados em contêiners volumosos, diz ele, e são de uso difícil.

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