Embora não deixe de ter alguma razão quanto ao jeitinho brasileiro de conduzir assuntos e cronogramas da Copa de 2014, o secretário-geral da Fifa, o francês Jerôme Valcke, foi inaceitavelmente grosseiro com o Brasil ao dizer que precisamos levar um "pontapé no traseiro" para que aqueles assuntos funcionem como deviam. O governo reagiu, de imediato, com firmeza e educação e informou a quem interessar possa, através do ministro do Esporte Aldo Rebelo, que não aceita mais o Sr. Valcke como seu interlocutor oficial e formal da Fifa para assuntos daquela Copa.
A resposta foi perfeita e o assunto, do lado brasileiro, deveria ter morrido aí. Acontece que no Palácio do Planalto existe um falastrão contumaz chamado Marco Aurélio Garcia, que é assessor especial para assuntos internacionais da Presidência da República. Esse cidadão resolveu dar seu pitaco na história, deixando aflorar o lado carcamano de sua educação e, desnecessariamente, nivelando por baixo a resposta do nosso governo à Fifa ao chamar de "vagabundo" o Sr. Jerôme Valcke.
Esse Sr. Garcia é uma dessas invenções surrealistas que só o PT e Lula (o Nosso Pinóquio Acrobata - NPA) podem e sabem criar. Seu cargo e suas atividades o transformam inequivocamente no nosso chanceler n° 2, garantindo ao Brasil mais um título inédito: somos o único país do mundo que tem 2 chanceleres! O governo petista inventou um "paisano" para assessorar o(a) presidente em assuntos internacionais, mesmo tendo um ministério (o das Relações Exteriores - MRE) específico para isso, obviamente sob a condução de um diplomata de carreira. Não importa a eventual "sapiência" de Garcia nessa área, ele é uma redundância ridícula, idiota e daninha. Além disso, é inadmissível que um assessor direto da presidente de um país use de vocabulário chulo para referir-se publicamente a quem quer que seja, muito menos a um executivo de uma entidade internacional (com a qual, por sinal, o país tem obrigações contratuais por cumprir).
Se alguém se der o trabalho de pesquisar os problemas diplomáticos e/ou comerciais recentes que tivemos com Honduras, Bolívia, Equador e Venezuela, por exemplo, verá com frequência as impressões digitais (ou pegadas, melhor dizendo ...) de Marco Aurélio Garcia, como interlocutor oficial do governo com esses países. Esse pessoal da esquerda miúda e rasteira latino-americana é feudo de Garcia, o Itamaraty fica de carregador de vela nesses casos.
Garcia é uma das alças de caixão que Dilma herdou do NPA. No entanto, não é preciso conhecer muito a presidente para saber que nem Garcia nem Rebelo abririam a boca para dar palpite num tema espinhoso como esse do relacionamento com a Fifa sem o conhecimento e o OK prévios dela -- neste caso, Garcia teria sido o porta-voz dela ao chamar Valcke de "vagabundo", o que torna a ofensa ainda pior, mais absurda e mais inaceitável. Se Garcia foi linguarudo e boquirroto, receberá no mínimo um puxão de orelha público, é esperar p'ra ver. Haveria ainda a hipótese, não de todo improvável e descartável, de que haja uma armação palaciana por trás disso -- Garcia seria o "boi de piranha" da história: comete uma "gafe", recebe uma "reprimenda" pública por causa disso e o governo faria desse gesto uma espécie de "pedido de desculpa" indireto à Fifa, e deixaria o caso rolar. Como dificilmente a Fifa pedirá uma desculpa formal ao nosso governo pelo baixo linguajar de Garcia, o jogo ficaria empatado -- mas se, para aporrinhar, a Fifa fizer esse pedido a coisa vai ficar divertida.
Há ainda um pequeno suspense no ar. Valcke virá oficialmente ao país na próxima segunda, dia 12, para inspecionar as obras e assuntos da Copa. Qual será o nível de quem irá recebê-lo, ciceroneá-lo e informá-lo do que quiser saber? E seus eventuais pedidos e reclamações, serão atendidos online ou posteriormente por quem? Podemos ainda voltar a ter emoções interessantes pela frente nesse imbróglio.
Uma dileta amiga lembrou-me um fato marcante, que retrata bem a calhordice desse Marco Aurélio Garcia. Quando do terrível acidente da TAM no aeroporto de Congonhas em julho de 2007, que matou todos que estavam no avião (187 pessoas), Garcia foi filmado pelo Jornal Nacional, da Globo, assistindo à reportagem junto com o assessor de imprensa, Bruno Garcia, fazendo gestos obscenos enquanto assistia à transmissão, o que lhe valeu o apelido de "Top Top". Vejam o vídeo em https://mail.google.com/mail/u/0/?shva=1#inbox/135e58247a50e035
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