segunda-feira, 19 de março de 2012

Novo hobby de milionários: ter um submarino de lazer

Uma nova classe de submarinos privados tornou-se o brinquedo mais recente dos super-ricos. Eles permitem aos candidatos a aventureiros navegar pelas maravilhas dos recifes de corais, explorar naufrágios de navios ou mesmo navegar ao lado de golfinhos. Os modelos mais baratos custam a partir de US$ 1,7 milhão, mas os preços podem chegar até a US$ 80 milhões.

Muito recentemente, Graham Hawkes localizou e seguiu um grupo de tubarões cabeça de martelo. Nessa ocasião, nessa incursão com o Deepflight Super Falcon (Super Falcon de "Voo Profundo", em tradução livre) estava um investidor chamado Tom Perkins, um cliente em potencial. "Estávamos literalmente rastejando-os por baixo", disse Hawkes. "Parecia um voo em céu líquido".

Hawkes é um engenheiro em Point Richmond, Califórnia, e sua oficina está localizada na marina da cidade, diretamente na Baía de S. Francisco. Visitantes não costumam perambular por ali muito frequentemente mas, quando aparecem, geralmente estão cheios de grana. Hawkes constrói submarinos para milionários. Sua companhia, Hawkes Ocean Technologies, é um dos vários negócios especializados em levar super-ricos para mergulhar. O preço pedido por Hawkes pelo Deepflight Super Falcon, por exemplo, é de US$ 1,7 milhão. O Ocean Pearl, do fabricante americano SEAmagine, custa ainda mais caro -- US$ 2,7 milhões --, mas tem a vantagem de ser capaz de mergulhar a profundidades de cerca de 900 m.

A Triton Submarines, sediada em Vero Beach, Flórida, é outra empresa especializada em submersíveis para os bem de vida. "Nossos clientes são  proprietários de grandes iates, que querem oferecer algo especial aos seus amigos e às suas famílias", diz Bruce Jones (55), CEO da Triton.  Nas profundezas do mar, eles podem mostrar-lhes coisas que nunca viram antes".

A crise não afetou a demanda


A crise financeira não afetou a demanda por submarinos, diz Jones. "Há hoje no mundo 2.500 iates grandes",  ele acrescenta, e a maioria deles tem espaço suficiente para levar um submarino. Hoje, ele está nas Bahamas para uma demonstração. Cerca de 20 possíveis clientes foram à ilha de Grande Bahama para conhecer e experimentar os submarinos da Triton. Das docas em McLeans Town uma lancha os leva por águas de um azul turquesa até o Atlantis II, uma embarcação de pesquisas aposentada que Jones utiliza como navio de transporte de sua frota de submarinos.

Jones espera seus convidados no deck, onde há dois submarinos amarelos à  espera. Dois volumosos flutuadores laterais funcionam também como tanques de lastro. Entretanto, a marca registrada da Triton são as esferas de acrílico que sobressaem acima e abaixo dos submarinos, permitindo uma visão panorâmica de 360 graus. Um guindaste marítimo baixa para a água o Triton 3300/3, de três assentos, que pesa oito toneladas -- os convidados entram por uma escotilha no topo. No interior do submarino os únicos ruídos são o zumbido dos motores elétricos e do ar condicionado.

Direto de um filme "à la James Bond"

Um peixe colorido brilha na luz fronteiriça, de LED, do submarino. Um tubarão-lixa passa zunindo sob os pés dos passageiros -- uma experiência surreal, pois a parede de acrílico da cabine, de cerca de 16 cm de espessura, torna-se invisível debaixo d'água.  O Triton 3300/3 pode permanecer submerso por cerca de 10 horas, e seu preço é de aproximadamente US$ 3 milhões.

A maioria dos clientes da Triton prefere permanecer anônima; Jones recentemente vendeu dois submarinos para um empresário australiano que tem uma ilha particular em Belize.

O próximo projeto de Jones é levar turistas sob a água. Ele está construindo um "balneário" (resort) submerso, com suítes submarinas (preço por semana: US$ 15 mil) ao largo de uma ilha privada no arquipélago Fiji. Cinco submarinos estarão disponíveis para levar os convidados entre recifes de corais artificiais. "Sinto-me exatamente como uma criança velha vivendo um sonho", diz Jones. Quando garoto, ele escrevia cartas para o lendário oceanógrafo francês Jacques-Yves Cousteau, embora, lamenta Jones, "ele nunca me respondesse".

Os submarinos Triton são máquinas grandes e pesadas, difíceis de usar sem um navio de transporte, mas Graham Hawkes desenvolveu na Califórnia um conceito de submarino muito diferente. Suas embarcações são mais esportivas e mais delgadas -- elas lembram aviões pequenos, de asas cortadas.

Um "voo sobre antigos naufrágios"

"Estamos construindo os 'Learjets' das profundezas", diz o inventor, que gosta de comparar seu trabalho com o dos pioneiros da aviação. Ele fala com floreios, prometendo "um voo sobre antigos naufrágios", "fazer rolamento com os golfinhos", "saltar para o céu com as baleias".

Um novo conceito de projeto tornou possíveis esses veículos mais leves. Diferentemente de outros submarinos, os modelos Deepflight não afundam usando o próprio peso, usando em vez disso um princípio de física semelhante ao utilizado em aeronaves: quando a corrente de água pelas asas invertidas, o submarino é empurrado para baixo.

Um dos modelos dos Super Falcons se encontra em Point Richmond. Dois hemisférios de plexiglass sobressaem sobre o submarino com formato de charuto, parecendo as cabines de aviões de caça. Um controle tipo "joystick" manobra o submarino. Instrumentos indicam a pressão da cabine e o conteúdo de oxigênio no ar. Uma bússola e um horizonte artificial permitem a orientação, mesmo em águas turvas.

Planos para submarinos mais acessíveis

Hawkes, no entanto, tem planos para tornar os submarinos acessíveis também para os menos endinheirados. Ele espera ser capaz de baixar o preço de suas "Ferraris dos oceanos" para cerca de US$250 mil tão logo haja demanda suficientemente alta para os submarinos Deepflight. "Revelamos com nossos submarinos uma nova classe de clientes na qual ninguém havia pensado", diz Hawkes, esperançoso com o futuro desenvolvimento de seu negócio. Quando isso acontecer, os super-ricos terão que buscar algo mais exclusivo -- talvez o modelo Phoenix 1000, feito por um fabricante de submarinos dos EUA, pertentencente também ao império da Triton de Jones.

Passageiros desse iate submersível de 65 m poderão viajar confortavelmente acima e abaixo d'água. Seus luxuosos alojamentos podem receber 20 convidados. A promoção do fabricante diz que o Phoenix 1000 é "a oportunidade única de explorar as profundezas dos oceanos do mundo, em perfeitas condições de conforto e segurança". Obviamente, todo esse luxo tem um preço: o Phoenix custa aproximadamente US$ 80 milhões.

Um submarino privado Triton navega sobre recife de corais ao largo da costa das Bahamas - (Foto: David Rhea/GUE.com).




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