sábado, 31 de março de 2012

Os dois cientistas chefes do fracassado teste dos neutrinos pedem demissão

A famosa experiência Opera, dos neutrinos que pareciam ser mais rápidos que a luz, caminha para converter-se em uma piada infeliz na história da física. Os dados dos neutrinos supervelozes que, se fossem corretos, teriam deixado de pernas p'ro ar a teoria da relatividade de Einstein, ficaram seriamente questionados há algumas semanas ao se identificarem duas falhas técnicas no detector (uma conexão instável e um relógio). Agora, isso custou o cargo ao chefe do Opera, o físico italiano Antonio Eredidato, e ao coordenador científico da experiência, Dario Autiero.

Da experiência participam uns 150 cientistas de vários países, e uma parte deles havia pedido a demissão de Eredidato (da Universidade de Berna). Ainda que a moção de censura não tenha prosperado, ficou patente a cisão na equipe e Eredidato optou por deixar o cargo, segundo informou ontem o jornal italiano Corriere della Sera, citando o Instituto Nacional de Física Nuclear, da Itália.

A votação se realizou nesta semana entre os chefes de grupo da cooperação, e 16 deles votaram contra Eredidato enquanto 13 votaram a favor, e outros se abstiveram, segundo informa a revista Science. Ainda que, segundo as regras do Opera, fossem necessários dois terços dos votos para afastar o chefe e isso não tivesse ocorrido, ficou óbvio que Eredidato não contava com o apoio da maioria e ele então renunciou ao cargo de porta-voz do Opera, cargo que ocupava. Em seguida, seguiu o mesmo caminho Autiero (Universidade de Lyon), que foi o encarregado de apresentar os surpreendentes resultados dos neutrinos supervelozes, em setembro passado, em uma palestra apresentada no Laboratório Europeu de Física de Partículas (CERN, em francês) em Genebra, de onde partem os neutrinos registrados no detetor Opera, situado abaixo dos montes Apeninos, na Itália.

A cisão nessa cooperação científica, porém, não é nova: parte dos membros do Opera não quis assinar o artigo científico com os resultados dos neutrinos supostamente mais rápidos que a luz, e têm sido constantes os debates internos sobre se foi ou não precipitada a apresentação dos dados há seis meses.

A telenovela dos neutrinos não se encerra com essas demissões: a experiência será repetida no Opera em maio próximo, para resolver a questão. Mas, os acontecimentos das últimas semanas vêm dando razão à imensa maioria dos físicos de partículas que, desde o primeiro momento, suspeitaram que aqueles dados eram incorretos. Após o anúncio dos dois problemas técnicos no Opera, outras duas experiências (Icarus e LVD) efetuadas no mesmo laboratório de Gran Sasso analisaram seus dados e concluíram que os neutrinos não superam a velocidade da luz.

Antonio Eredidato,coordenador do projeto Opera - (Foto: Martial Trezzini/AP).

Um comentário:

  1. Amigo VASCO:
    Quando surgiu a notícia, logo me interessei por conhecer, em detalhes, a experiência, e minha suspeita inicial foi o uso do Sistema GPS. Passei então a trocar mensagens com amigos meus, que também se interessaram pelo sssunto, um deles que está na Inglaterra fazendo Doutorado e outro que é diretor da USP.
    Repasso abaixo um desses e-mails trocados com meu amigo que está na Inglaterra:

    "Amigo DUDU:

    Permita-me colocar alguns pontos que me fazem supor que a experiência com os NEUTRINOS
    apresentam alguns erros.
    Vamos por partes:
    - primeiramente, o Sistema GPS não é uma base de TEMPO, e sim um auxílio GEODÉSICO para determinação
    de posições ao longo do globo terrestre;
    - o sistema é constituído por 24 satélites em órbita POLAR, sendo DOIS por MERIDIANO. Há ainda satélites
    reservas (acho que quatro) para substituir os que apresentarem defeitos;
    -dessa feita, em cada MERIDIANO passam, por dia, os dois satélites;
    - a tarefa, por ser geodésica, implica em um erro de estimação das distâncias da ordem de UM SEGUNDO DE ARCO,
    ao longo dos MERIDIANOS;
    Um simples cálculo, considerando um MERIDIANO de 40.000 km, nos leva a uma INCERTEZA na determinação
    da POSIÇÃO em cerca de 30 METROS;
    - como eram DUAS as posições aparentemente correlacionadas, o ERRO MÁXIMO poderia ser da ordem de 60 METROS,
    que foi o encontrado;
    - existe uma técnica chamada de GPS DIFERENCIAL que pode reduzir esse erro para cerca de 2 METROS na determinação
    das localidades, mas não há informações de que essa técnica tenha sido utilizada.

    Acredito que as medições feitas nos experimentos necessitem de maior análise. Pode ter sido um erro de interpretação ou
    um outro erro ainda não identificado, esse sim identificado com os instrumentos utilizados.
    Vamos aguardar mais informações, que ainda não apareceram. Nem as experiências foram repetidas em outros centros para
    comprovar, ou corrigir, os primeiros dados coletados, o que é uma EXIGÊNCIA da Física.

    Abraços - LEVY "

    Sem dúvida, houve precipitação no anúncio dos resultados.

    AQbraços - LEVY

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