segunda-feira, 26 de março de 2012

Será que o governo Dilma agora deslancha?...

Analisado friamente, o primeiro ano do governo Dilma foi fraquíssimo de realizações, pleno de "intenções" e com muito tempo e energia gastos com atividades de assepsia no ministério, para defenestrar ministros corruptos herdados do governo do criador, mentor e tutor da presidente, Lula, o Nosso Pinóquio Acrobata (NPA), e por ele acobertados e estimulados (pelo menos por omissão).

Dilma esteve durante todo o mandato lulista coladinha no presidente, primeiro como ministra de Minas e Energia, depois como chefe da Casa Civil (só neste cargo ficou cinco anos). Com tanta intimidade com o poder, e não tendo -- que se saiba --  histórico de problemas de visão e audição, e nem remotamente sofrendo de obtusão intelectual, é simplesmente impossível que ignorasse a bandalha que rolava em vários ministérios do NPA, praticamente todos envolvidos direta e relevantemente com o PAC - Programa de Aceleração do Crescimento (que, dizem as más línguas, o NPA na realidade chamava de "Para 'Aonde' Caminhamos?", com seu português magistral), da qual virou mãe, gestora e capataz.

Sua integridade moral individual permanece inatacável, em todos os cargos que ocupou, apesar desse estranho convívio com a bandalha e de sua demora em atacar na raiz os problemas depois que ficou dona da caneta. Vários poderiam ser os motivos, dizem. Um deles poderia ser o de evitar o constrangimento de figurar como a autora da iniciativa de escancarar o sempre vislumbrado, mas nunca escancarado lado corrupto do NPA, seu padrinho, mentor e tutor. Isso pode "explicar" sua atitude, mas justificar é que são elas.

O PAC, a menina dos olhos do segundo mandato do governo do NPA, foi instituído pelo Decreto n° 6.025, de 22 de janeiro de 2007. Em 2 de junho de 2010 o governo fez o 10° balanço desse programa, que mostrou que foram concluídas apenas 46,1% das ações do programas previstas para o período de 2007 a 2010, com um orçamento de R$ 302,5 bilhões de um total de R$ 656,5 bilhões previstos para aquele período.  Nesse balanço, a imagem de Dilma como gestora do PAC já fica mal na fotografia.

No dia 23 de março de 2010, há praticamente dois anos atrás, o NPA lançou o PAC2, com investimento previsto de R$ 1, 5 trilhão entre 2011 e 2014 em áreas de alta sensibilidade social, como moradia e saúde. Na realidade, o PAC2 tinha uma previsão de investimento de R$ 958,9 bilhões entre 2011 e 2014, com previsão de injeção de mais R$ 631,6 bilhões em obras no pós-2014, perfazendo assim os R$ 1,5 trilhão. O PAC2 tinha nitidamente uma forte componente eleitoral, pois foi lançado apenas uma semana antes de Dilma se desincompatibilizar do cargo para concorrer às eleições presidenciais.

Passado o primeiro ano do governo Dilma, no início de 2012 os dados mostravam que os investimentos do PAC(2) continuavam inferiores a 4,1% da despesa primária do governo federal, e equivaliam a apenas 1% do PIB, sem tendência de alta.  Novamente, a figura de Dilma, agora ainda mais "mãe" desse programa e dona da caneta, é extremamente frustrante e negativa. Começaram a aparecer os inúmeros furos do queijo suiço do PAC(2) -- a transposição do rio São Francisco por exemplo, uma obra desse programa, teve seu custo aumentado em 71% e pulou de 4,8 bilhões para R4 8,2 bilhões desde o início do governo Dilma. Outro ponto contra a presidente.

Há outras cifras que desmentem a aura de executiva e executora de obras que cerca a presidente. Em 2011 (primeiro ano de seu governo), a arrecadação federal foi de R$ 969,907 milhões contra R$ 826,519 milhões em 2010, um crescimento de 10,1% -- no entanto, no mesmo período, o investimento público federal praticamente estagnou (R$ 47,5 bilhões em 2011 contra R$ 47,1 bilhões em 2010, uma variação de apenas 0,8%), segundo dados do Tesouro Nacional. Para onde foi a enorme diferença entre o arrecadado e o investido?! Perguntem à presidente.

Em sua entrevista à revista Veja que está nas bancas, Dilma afirma categoricamente que: - i) é contra o protecionismo puro e simples (apesar do IPI dos carros importados, da sobretaxa que se pensa impor aos vinhos importados, etc); - ii) será intransigente contra a corrupção, e "não gosta desse negócio de toma lá dá cá"-- está difícil acreditar nisso, com a demora que levou p'ra defenestrar os ministros corruptos e a proteção exacerbada, ostensiva e acintosa que dá ao ministro Fernando Pimentel, titular do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), contra quem pairam acusações graves que Dilma não deixa apurar; - iii) a carga de impostos é alta  e vai baixá-la.

As intenções são ótimas, de bem intencionados o inferno está cheio, e 2011 mostrou que a presidente é excelente nas promessas (desde os palanques) e bastante ruim -- tendendo para péssima --  no cumprimento delas. Com relação, por exemplo, ao item iii) acima, no programa Globo News Painel de ontem o conceituado economista e consultor Alexandre Schvartsman  destoou fortemente dos outros dois debatedores (o economista Roberto Gianetti da Fonseca, ex-secretário executivo da Camex presidente da ABIEC - Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne, e Ingo Plöger, engenheiro e economista, com inúmeros cargos de destaque no Brasil e no exterior) e  afirmou que a recente reunião de Dilma com 28 empresários e suas promessas de redução da carga tributária não vão dar em nada, que há décadas se fala de reforma tributária no Brasil e não se avançou um centímetro. Desafiou o moderador do programa, o jornalista William Waack, a marcar novo programa sobre esse assunto a daqui seis meses para comprovar que sua previsão foi correta. Acho, infelizmente, que Alexandre está coberto de razão.

Nesse meio termo, vamos ver até onde irá e no que vai dar a queda de braço de Dilma com o Congresso. Há quem diga que ela vai vencer, porque tem a caneta -- o problema é acabar a tinta e/ou a pena pifar.

8 comentários:

  1. Vasco

    É mais do que claro que vc não gosta do Lula.
    Mas analise pela Lei de Bernoulle - pela Lei dos grandes números, pelos resultados.
    São todos eles altamente favoráveis ao Lula.
    O Brasil de Lula (deste século) é infinitamente superior ao do século passado.
    Escolha qualquer indicador faça a comparação e verá.
    A oposição ficou tão sem discurso que partiu para a ética e fisiologismo na política, como se fosse inventado pelo Lula. O governo FHC primou pelo fisiologismo e tinha o PMDB a tiracolo até para comprar votos para sua reeleição. Teve Ministros e líderes pessoas da estirpe de Sarney (que hoje consideram homem ligado ao LULA) que foi líder nos dois mandatos do governo FHC), do Antônio Carlos Magalhães,do Jader Barbalho, também homem forte no governo FHC, do Chefe da AGU do FHC, hoje Ministro do Supremo que defende discaradamente o Grupo Opportunity - o do Daniel Dantas, do Renan Calheiros do Joaquim Roriz, do Arruda do Tasso Jereissati que abocanhou a Telemar, do Borgnhause, dono da Febraban,que transformou o sistema financeiro oficializando a agiotagem bancária trazendo os juros a inimagináveis 350% ao ano, que elevou a Selic a estratosféricos 51% que brincava com o dollar enricando alguns banqueiros onde o Lopes e o Ricúpero foram defenestrados porque deixarem o microfone da TV ligado.
    E o Mendonça de Barros que junto com a Landau promoveram as maiores roubalheiras em privarizações, que vendeu a Vale por míseros um terço de seu lucro anual e colocaram lá 5 diretorias do PSDB, logo após privatizada e permaneceram até 2011
    O "é dando que recebemos" teve sua origem na redemocratização pois aqueles pulhas colocados no Congresso (por todos nós) são o que de pior existe no país, mas tem que se governar com eles e todos governam com eles inclusive o FHC.
    Porisso mesmo sugiro você analisar resultados...
    Hoje somos muito superiores à década de 90m onde vivíamos com o cinto apertado criando fatores previdenciários chamando aposentados de vgagabundos e privatizando nossas riquezas e esquecendo uma coisa bastante simples que o Lula atacou: o mercado é aqui e bastou icentivá-lo e dar algumas migalhas para aos extremamente pobres que o Brasil floresceu, criou uma classe média que hoje representa 54% de nossa população pagou as dívidas até então impagáveis e poupou mais de 300.000.000.000, de dólares para eventuais crises.
    E isto tudo foi pesadamente criticado pela Miriam Leitão Sardenberg, Mendonça de Barros, Malan e outros pipoqueiros de economia com graduação em Harward e treinado nos educadores do Consenso de Waqshington para implantar no mun do o neo-liberalismom com o Deus Mercado que resolveria tudo, dentro de um estado mínimo e algumas grandes empresas privadas para "trabalharem em prol do país" - que hoje nem querem pagar impostos.
    Vou parar porque se for elencar tudo, ficará maior do que seu POST.
    Gosto mais do Brasil pos-Lula e não quero mais o Brasil da década de 90 do cinto apertado, do sofrimento do país não sério (viva De Gaule), das quebradeiras, que vivia pendurado no FMI com uma e com dívida externa altíssima.
    Aquele Brasil só privilegiava os grandes, os ricos empresários que saqueavam o país e não sobrava nada para os brasileiros classes B, C, D e E.

    Quero meu país admirado mundialmente como referência em enfrentar crises e em promoção social.
    Somos 180.000.000 de brasileiros e não somente 5.000.000 conforme imaginava o FHC

    Temos que acabar com a corrupção mas isto levará mais de 20 anos, pois esta "peste" permeia toda a sociedade com corruptores e corruptos tudo feito para aumentar os preços de produtos e serviços. Não tem anjo e sim ladrões espertíssimos, que elegem e compram grande parte do Legislativo do Executivo e até do Judiciário.

    Grande abraço
    Cupolillo

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    1. Amigo VASCO:
      Parece que eu não vivo no país descrito pelo seu amigo ANÔNIMO.
      Em alguns pontos da análise, chega a ser jocoso.
      A abertura de nossas fronteiras foi o que possibilitou aos brasileiros terem MILHÕES de telefones celulares (você tem um BLOG sobre o assunto), a VALE se tornar uma das maiores empresas do mundo, termos carros com "quase" toda a tecnologia dos que eramm fabricados lá fora, nossa indústria aeronáutica e uma das melhores do mundo (só om LULA não sabia disso, e com prou um avião importado para fazer suas centenas de viagens internacionais (aliás, para prestar apoio a ditadores, em sua maioria),observarmos uma verdadeira explosão da CORRUPÇÃO nesse país, com dólares na cueca, caixa 2 declarado pelo PT, etc.
      O que deveria ser uma experança poara o povo brasileiro em diversos setores, as AGÊNCIAS REGULADORAS, hojwe são dominadas por acólitos petistas, que nada entendem das funções dessas agências, mas garantem emprego para diversos "cumpanheros". E ninguém fala dessa INCOMPETÊNCIA GENERALIZADA.
      O domínio dos tribunais superiores´só foi possível pela indicações "políticas" do então NPA, garantindo uma vergonhosa maioria na maior corte do PAÍS.
      Isso sim, vamos levar alguns anos para consertar, já que os ministros não são demissíveis "ad nutum".
      Se existem ladrões espertímos que elegem e compram grande parte do Legislativo, do Executivo e, até do Judiciário, isso se deve a que existem tambèm, e em grande número, os famosos CORRUPTORES dos quais ninguém fala, mas que se beneficiam das decisões "favoráveis" dessas três instâncias.
      Essa é minha opinião ASSINADA, e não ANÔNIMA.

      Sergio LEVY

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  2. Cupolillo,

    É evidente que não gosto de Lula, nunca escondi isso -- e você não me deu um argumento sequer convincente p'ra mudar minha opinião. Como você bem diz, contra fatos não há argumentos -- os fatos estão na minha postagem. O único e exclusivo grande mérito do Lula, o Nosso Pinóquio Acrobata, foi não mexer na política econômica que herdou de FHC (a quem diz reprovar, mas guardou dele a cartilha econômico-financeira debaixo do braço).

    É facílimo desgostar de Lula, ele nos dá razões e argumentos às toneladas, e o cardápio é variadíssimo. Eis um resumo "zipado", p'ra poupar espaço: corrupção (Lula conseguiu a façanha de empurrar p'ra Dilma 6 ministros corruptos, algo inédito na história deste país -- e, se bobear, vem mais pela frente); - infraestrutura federal (estradas / aeroportos (aqui o PT já começou a jogar a toalha) / portos (Dilma já avisou que vai começar a privatizar ...)/saúde pública (outro buraco negro p'ro nossos selvagens impostos) / educação (nem esboço de planejamento há, estamos tendo que importar mão de obra qualificada) / PAC em geral / custo Brasil / etc,etc.

    Disse e repito: dirigir o país olhando p'ro retrovisor é, obviamente, dar marcha à ré; bater eternamente na tecla da demonização de FHC e sua equipe é fazer cortina de fumaça para esconder os próprios erros e mutretas.

    Infelizmente, é muito difícil prever quantos anos teremos ainda dessa corrupção deslavada, que foi persistente e carinhosamente cevada nos 8 anos de Lula e que agora atazana o governo Dilma.

    Grande abraço,
    Vasco

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    1. Vasco
      Eu não quero dar argumento a quem não ver nem ouvir.
      Se existir alguém no DEM ou PSDB ou até no PPS capaz de gostar do Brasil, dos brasileiros (dos 180.000.000), que promova ascenção social, que aumente classe média que nos transforme em potência, que não viva apertando os menos favorecidos, que governe para a grande maioria eu voto nele sem piscar.
      Corrupção, meu amigo eu conheço desde que passei a acompanhar política e conhecer o que é o Congresso nacional, bem de perto. E acredite, todos, todos mesmo governaram e tem que governar com eles até que os expurguemos.
      Quero o Brasil grande com brasileiros grandes e não uma minoria de brasileiros grandes falindo o país.
      Mas vamos em frente porque nosso pinóquio (!!!) é muito admirado no Brasil e em todo o mundo.
      Só não é para uma pequena minoria de brasileiros - basta ver a popularidade dele ainda hoje).
      Estou com ele ou com qualquer outro que trabalhe para a maioria, para o Brasil.
      Que venha o Aécio, dentro do espírito político que descrevi, que meu voto é dele.
      Serra...é brincadeira, é muito bandido pro meu gosto!!!
      Abração amigo e vamos para outro tema, porque este, como diria o Vascão, discordamos até pela beleza da Democracia...

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  3. Cupolillo,

    O elenco de gente de alta popularidade no Brasil é enorme: José Dirceu, Paulo Maluf, Fernandinho Beira-Mar, os bicheiros, José Sarney ...

    Dos 180 milhões de brasileiros a serem amados é preciso descontar pelo menos os 48 do mensalão do PT, mais os quinhentos e tantos deputados, os oitenta e poucos senadores, alguns ministros, e por aí vai.

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    1. Vc esqueceu...Jader Barbalho, Toninho Malvadeza, o grupo do mensalão do DEM, o Grupo do mensalão do PSDB Mineiro, o Grupo do Arruda, os Anões do Congresso, o Baixo Clero e muitos outros.
      94% de popularidade nenhum desses tem.
      Mas quero apostar no Aécio, desde que ele diga para quem vai governar.
      Acho que estamos achando u8m ponto em comum:
      Temos que limpar aquela latrina muito bem definida pelo Niemeyer!!!
      As vezes tenho saudades dos tempos de Congresso fechado...mas logo passa!!!
      Sds

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    2. Vasco
      Este campo é bastante vasto.
      Tem o Barbalho, o Toninho Malvadeza, os do mensalão do PSDB, os do mensalão do DEM.
      As vezes tenho saudades dos militares...mas logo passa!!!
      Quem melhor entendeu esta turma foi o Niemeyer aos 102 anos!!!

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  4. Amigo VASCO:

    Essa tese defendida de que o NPA aumentou o que se conhecia como CLASSE MÉDIA é ABSURDA.
    É alguma coisa como AUMENTAR O PIB PER CAPITA mexendo no DENOMINADOR da relação.
    Incluir um vasto número de brasileiros na chamada CLASSE MÉDIA é simples: basta REDEFINIR
    o que é CLASSE MÉDIA, em termos de salários anuais, ou quaisquer outros parâmetros que se queira.
    Só não pode incluir EDUCAÇÂO, SAÚDE, SEGURANÇA, SANEAMENTO, etc. Mas vale
    PASSAGEM DE AVIÃO e outros que tais.

    Abraços - LEVY

    P.S.: vou postar esse cometário no seu BLOG

    De: Vasco Costa [mailto:vascosc@gmail.com]

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