quinta-feira, 15 de março de 2012

Valcke foi racista com Brasil, acusa membro do COI

 A reportagem abaixo é do jornal O Estado de S. Paulo de hoje.

O vice-presidente do Comitê Olímpico Internacional (COI) e deputado italiano Mario Pescante estima que a Fifa teve um comportamento "racista" em relação ao Brasil diante da sugestão de seu secretário-geral, Jerome Valcke, de que o País precisava de um "chute no traseiro" por conta dos atrasos nas obras da Copa do Mundo de 2014.

Tradicionais desafetos, a Fifa e o COI vem trocando farpas há anos. Ao Estado, membros da cúpula do Comitê Olímpico Internacional garantiram que não vão sugerir que o Brasil receba um "chute no traseiro" em relação à preparação dos Jogos de 2016 no Rio. Mas não perderam a oportunidade para criticar a entidade máxima do futebol pelos comentários.

"O Brasil reagiu muito bem diante do que foi dito. Não podia passar em branco. A Fifa precisava de uma reação desta para ver que não pode simplesmente dizer o que quer », disse Pescante. Ele chega a falar em "racismo" ao descrever os comentários de Valcke. "Eles do Norte acham que todos nós do Sul, que temos praia e sol, não conseguimos pensar e que falta alguma substância no cérebro", declarou o italiano. [Ver postagem anterior sobre isso.]

Na sede do COI em Lausanne, o Estado conversou com dirigentes olímpicos que confirmam que existem problemas que terão de ser resolvidos no Brasil nos próximos meses para garantir que os Jogos de 2016 possam ocorrer de forma adequada. Mas insistiram em reprovar a metodologia de Valcke para colocar pressão para que as obras sejam realizadas. "O Brasil não vai levar o chute no traseiro do COI. Não vamos fazer a mesma sugestão ao Brasil", declarou Craig Reedy, um dos membros do COI e parte do comitê de Ética da entidade. "Aqui, nós fazemos as coisas de uma forma diferente", disse Denis Oswald, do Comitê Executivo da entidade olímpica e coordenador dos trabalhos para Londres-2012.

Diplomático, o presidente do COI, Jacques Rogge, fez questão ontem de apenas fazer elogios ao Brasil. "Estamos muito satisfeitos com a relação que temos com o governo Dilma" , disse. Mesmo nos pontos onde há problema, a ordem é a de não criar uma crise. Em 2009, quando o Rio ganhou o direito de sediar o evento, o plano era um. Hoje, ele está mudado. "Recebemos garantias de que as medidas que nós pedimos (para adequar o plano) serão adotadas", declarou.

Outro problema que o COI aponta é a situação do laboratório de testes de doping no Rio de Janeiro. A Wada suspendeu a instituição depois de uma série de erros. Rogge, mais uma vez, optou por não criar polêmica e manter um tom positivo. "Recebemos garantias de que, até 2016, tudo estará em ordem. Temos ainda quatro anos pela frente", disse. 

Nawal Moutawakel, que coordena as inspeções no Brasil, fez ontem uma apresentação ao COI do que ouviu de Dilma e dos organizadores de 2016 em reuniões na semana passada. Ela admite que o problema do laboratório carioca terá de ser resolvido. Mas adotou o tom de elogios. "Estamos satisfeitos, há progressos feitos e todas as promessas de 2009 estão sendo respeitadas, dentro do prazo e dentro do orçamento", declarou.

Ao contrário da Fifa, que teve de apelar por um encontro com Dilma amanhã, o COI insiste que seu acesso ao Palácio do Planalto é mais tranquilo.

 Mario Pescante, vice-presidente do COI - Comitê Olímpico Internacional - (Foto: Google).




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