quinta-feira, 15 de março de 2012

Governo estuda dificultar a importação de vinhos

A Secex (Secretaria de Comércio Exterior), do Ministério do Desenvolvimento, informou hoje que abriu investigação para aplicar salvaguarda às importações de vinhos. As salvaguardas são ações de emergência, como aumento do imposto de importação ou restrição da quantidade a ser comprada de outros países, que restringem as importações de determinados produtos. São aplicadas somente nos casos em que a viabilidade econômica de um setor estiver em risco.

No caso de vinhos, existem "indícios suficientes" de que a alta da importação da bebida vem causando prejuízo grave à indústria doméstica. O pedido de investigação foi feito no ano passado pelo Ibravin (Instituto Brasileiro do Vinho), pela Uvibra (União Brasileira de Vitivinicultura), pelo Fecovinho (Federação das Cooperativas do Vinho) e pelo Sindivinho (Sindicato da Indústria do Vinho do Estado do Rio Grande do Sul). 

Se a medida de salvaguarda for aplicada, será implementado também um plano de ajuste do setor, para aumento de produtividade e investimentos, redução de custos e qualificação dos produtos por meio de inovações tecnológicas.

Essa é quarta investigação de salvaguarda desde 1995. As salvaguardas já aplicadas no Brasil foram de brinquedos, que já terminou, e coco ralado, que terminará em 2012. 

[Há um velho e sábio ditado que diz que "de bem-intencionados o inferno anda cheio" -- depois de 9 anos de governo do PT, a seção brasileira do inferno deve estar abarrotada de petistas. 

Como tudo na vida, há dois tipos básicos de bem-intencionado: o inteligente e o obtuso. A medida protecionista mencionada acima certamente foi tomada pelo segundo desses dois tipos (é bom registrar que estou, magnaninamente, admitindo que haja boa intenção nessa iniciativa, o que pode ser considerado discutível por pessoas melhor observadoras do que eu). Se implementada, essa barreira aos vinhos importados, além de nos privar de um prazer inexcedível (que, aliás, nos ajuda a suportar a politicalha praticada no Brasil e os frequentes azedumes de Dª Dilma), irá nos expor a mais um ridículo no exterior. Detalhes importantes que um bem-intencionado inteligente sabe e que o bem-intencionado obtuso da Secex mostra ignorar:
  1. com raríssimas e pontualíssimas exceções (e aí se incluem os nossos espumantes), o Brasil não tem condições climáticas, de terroir, etc, para produzir vinhos (especialmente tintos) de qualidade para competir com uma enorme quantidade de vinhos que importamos -- ou a Secex quer nos impedir de tomar vinhos decentes?!
  2. por obra e graça de uma centenária ganância fiscal desmesurada neste país -- da qual o governo auto-denominado de "populista" do PT não abre mão nem que a vaca tussa, e está sempre disposto a ampliar -- nossos vinhos têm preços absurdos, que praticamente os inviabilizam comercialmente, mesmo na faixa de qualidade em que tenham alguma chance;
  3. além dessa carga fiscal indecente, nossos vinhos sofrem uma concorrência absolutamente desleal dos vinhos provenientes do Mercosul, como os da Argentina e do Uruguai (de qualquer qualidade), por exemplo, por obra e graça das regras do Mercosul, do qual o Brasil é sócio-fundador e lastro. Duvido muito que o Brasil tenha peito de mexer nesse vespeiro do Mercosul.
  4. Protecionismo nunca foi garantia de melhoria da qualidade e do preço de produtos nacionais, qualquer frequentador de padaria sabe disso -- mas o bem-intencionado obtuso da Secex não sabe. Qualidade e preço se ganham na concorrência direta e encarniçada (ressalvados os casos escandalosos, como os dos produtos chineses) -- o busílis da questão é que o governo, hipocritamente, reclama dos importados mas se recusa terminantemente a reduzir a carga fiscal surrealista que impõe à nossa produção. No caso da "competitividade" do nosso vinho, só um novo Jesus Cristo (não petista) repetindo o milagre de dois mil anos atrás.]

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