O Fundo Monetário Internacional (FMI) deu no dia 15 sinal verde ao novo empréstimo à Grécia, que chegará a € 28 bilhões. A liberação dos
recursos é a última etapa do segundo plano de socorro ao país, aprovado
pela União Europeia e que totaliza € 130 bilhões. Com o valor, o Fundo -
e seus países-membros - sinalizam também que vão investir bem abaixo do
porcentual de 33% de participação nos planos de resgate anteriores,
feitos à Grécia, à Irlanda e a Portugal.
Desde o dia 15, a primeira parcela do empréstimo, de € 1,65 bilhão, já estava
desbloqueada e podia ser sacada pelo governo do primeiro-ministro Lucas
Papademos. O objetivo, segundo comunicado do Fundo, é "apoiar o programa
de ajuste econômico das autoridades". A decisão de liberar o resgate foi tomada por representantes de 24
países que integram o Conselho de Administração do FMI. O grupo também
confirmou o prazo de quatro anos para o desbloqueio do valor total.
Em seu auge, entre 2013 e 2015, o FMI vai fornecer à Grécia € 20,3
bilhões, além de outros € 10 bilhões do primeiro plano de socorro,
datado de maio de 2010, que deixa oficialmente de existir e passa a ser
absorvido pelo atual programa, com juros menores e prazo de reembolso
prolongado. Além de participar do esforço financeiro liderado pela UE e pelo Banco
Central Europeu (BCE), o FMI também aceitou revisar a prioridade do
programa de ajustes que exigia de Atenas, conforme informações do jornal
grego Katherimini.
Em lugar de austeridade fiscal, com ênfase no corte de gastos e de
investimentos públicos, o governo de Papademos terá de perseguir em
primeiro lugar a reforma da economia grega, para devolver
competitividade à agricultura e à indústria do país. Um dos objetivos,
por exemplo, será aprimorar as estruturas de coleta de impostos, que no
ano passado, sob a tutela da troica - o grupo de técnicos da UE, do BCE e
do FMI - conseguiu arrecadar € 946 milhões em tributos devidos, muito
além da meta de € 400 milhões fixada. De acordo com as estimativas do Fundo, com a ênfase nas reformas
econômicas, a Grécia conseguirá inverter a depressão que somará 20% do
Produto Interno Bruto (PIB) entre 2008 e 2012. A perspectiva do FMI é de
que em 2013 o PIB grego cresça 0,3%.
Brasil no FMI. O representante do Brasil no FMI), Paulo Nogueira
Batista, advertiu ontem que a Grécia provavelmente terá pela frente mais
problemas de financiamento, apesar do novo pacote de resgate. "As
situações econômica, política e social da Grécia ainda me dão motivos
para continuar muito preocupado", disse Nogueira Batista, que representa
o Brasil e mais oito países no FMI. "Em minha opinião, essa nova rodada
de medidas dá tempo para respirar, mas não altera fundamentalmente as
perspectivas de médio prazo da Grécia", argumentou.
Ele salientou, porém, que seus comentários refletem apenas sua opinião
pessoal e reconheceu o empenho dos gregos em reduzir os gastos a um
grande custo para seus cidadãos, assim como os esforços da equipe do FMI
para elaborar um programa que ajude o país a se recuperar.
Nogueira Batista confirmou que se absteve de participar na decisão
adotada ontem pela diretoria do Fundo sobre a liberação do empréstimo
para a Grécia. Como a direção do FMI raramente realiza votações, optando
mais frequentemente pelo consenso, a abstenção é a maneira diplomática
de se manifestar objeção a uma decisão. [Continuam para mim um mistério insondável a lógica e a diretriz (se é que existe alguma) que regulam a participação desse Paulo Nogueira Batista no FMI. Esse cidadão, que frequentemente escreve para o Globo, volta e meia dá umas opiniões que ou não casam inteiramente com o que diz o governo, ou dele divergem inteiramente -- e, aí, esse personagem diz que está dando sua opinião pessoal. Desde quando um representante de seu país (e de mais oito) dá publicamente opiniões "pessoais" dessa natureza em assuntos envolvendo sua representação?! E que coisa estranha é essa de a presidente Dilma dizer de público que quer o FMI envolvido na solução da crise europeia, e seu representante nesse órgão se abstém de votar p'ro fundo de resgate para a Grécia -- ou seja, o Brasil não concorda com essa ajuda?! Quem é que está mentindo nessa história?!]
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