quinta-feira, 15 de março de 2012

NASA publica mapa completo do céu em infravermelho

Mais de 500 milhões de estrelas, galáxias e outros objetos celestes, captados pelo telescópio espacial Wise (Wide-field Infrared Survey Explorer), estão reunidos em um novo mapa completo do céu, visto em infravermelho, apresentado ontem (14/3) pela NASA. O telescópio, que parou de funcionar há um ano, tomou mais de 2,7 milhões de imagens, nas quais aparecem diferentes tipos de objetos celestes, desde asteróides vizinhos a galáxias longínquas. Os cientistas processaram os dados (mais de 15 milhões de bytes enviados pelo observatório em órbita) até obter o atlas completo, do qual se havia lançado uma prévia que cobria aproximadamente a metade do céu. O atlas do Wise traz também um catálogo das propriedades infravermelhas dos 560 milhões de objetos individuais reunidos. Na maioria são galáxias e estrelas (na mesma proporção, umas e outras), e muitas delas não haviam sido vistas antes, explica o Jet Propulsion Laboratory - JPL (na Califórnia), responsável por esse trabalho.

A astronomia de infravermelho explora os objetos e processos frios do universo. Também o Sol emite nesse comprimento de onda, mas o faz sobretudo em luz visível. Mas, ela é também a astronomia do oculto, dizem os cientistas, porque há muitos lugares do universo escondidos por nuvens densas de pó e gás que interceptam a luz visível, mas deixam passar a infravermelha, razão pela qual tais nuvens tornam-se transparentes para telescópios desse tipo. O Wise não foi o primeiro, nem sequer o único [desse tipo] no espaço -- não se pode esquecer, nos últimos anos, o Spitzer (também da NASA), e o Herschel (da Agência Europeia do Espaço) --, mas foi projetado precisamente para fazer mais uma varredura completa do céu, do que concentrar-se em objetos concretos.

Entre os achados do Wise, os cientistas da missão destacam por exemplo uma classe de estrelas especialmente frias, denominadas anãs Y, que os astrônomos têm buscado durante anos. Esses astros não brilham com luz visível, e não foram vistos até que esse telescópio abrisse seus olhos infravermelhos. Uma descoberta inesperada, assinalam os especialistas do JPL, foi a de um asteroide que compartilha a mesma órbita da Terra ao redor do Sol. A partir de agora, com o acesso livre a todos os dados, se esperam muito mais estudos e progressos.

O Wise, com uma massa de 750 kg, foi lançado ao espaço em 14 de dezembro de 2009, e entrou em órbita a 525 km de altura sobre a superfície terrestre. Seu telescópio de 40 cm de diâmetro estava resfriado com hidrogênio, que durou até outubro de 2010. Quando esse meio refrigerante se esgotou, a Nasa aprovou uma prorrogação da missão em regime quente, isto é, utilizando o telescópio porém já sem o sistema criogênico. Por fim, o Wise apagou em 17 de fevereiro de 2011 -- seu custo foi de 300 milhões de dólares.

Mapa de todo o céu, formado por um mosaico de imagens obtidas em infravermelho pelo telescópio Wise - (Imagem: NASA/JPL-Caltech/UCLA).

Restos de uma explosão estelar, uma supernova, captada em infravermelho pelo telescópio Wise - (Imagem: NASA/JPL-Caltech/Wise Team).

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