Desde março de 2011, quando o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF)
para as compras com cartão de crédito no exterior foi elevado, outro mercado foi impulsionado: o de cartões pré-pagos. A diferença de 6%
cobrada entre os dois tipos de cartões aliado ao crescimento do setor de
turismo internacional fez com que mais brasileiros procurassem esse
meio de pagamento para viajar.
"Desde que mudou o IOF dos cartões de crédito, aumentou bastante as
vendas de cartões pré-pagos. Creio que 50% do crescimento seja por conta
da mudança de imposto", diz o diretor geral da Agillitas, Roger Ades. A
empresa administra toda base de cartões do Grupo Rendimento, um dos
maiores emissores desse tipo de cartão no Brasil.
Para parte dos especialistas, o que tornou o produto mais competitivo
foi o aumento do IOF para 6,38% em cartões de crédito. No pré-pago, a
tarifa é de 0,38%. Outros especialistas argumentam que é o avanço do
turismo em si que desenvolveu a procura pelo produto. "O pré-pago
substitui o dinheiro em espécie. Por isso, a concorrência não é o cartão
de crédito ou débito. É o uso do dinheiro em espécie", afirma o diretor
executivo de produtos pré-pagos da Visa na América Latina e Caribe,
José Coronel.
Em 2011, os brasileiros gastaram no exterior US$ 21,2 bilhões, segundo o
Banco Central. O valor foi 29,2% superior ao registrado em 2010, de US$
16,42 bilhões. Os números do setor não são compilados, mas a projeção
da consultoria Boanerges & Cia é de que o faturamento da indústria
de cartões pré-pagos tradicionais que em 2010 estava em R$ 55 bilhões
salte para R$ 154 bilhões em 2015. Em âmbito mundial, um estudo da
MasterCard e da Boston Consulting Group estima que o faturamento seja de
US$ 1,9 trilhão em 2017.
A maior procura por esse tipo de cartão fez com que as duas maiores
bandeiras - Visa e Mastercard - lançassem plásticos com mais benefícios
do que os tradicionais. Os novos cartões trazem, por exemplo, seguro
viagem, seguro de perda e roubo dos produtos comprados no cartão,
garantia estendida para os bens e seguro de proteção de preços, que se o
viajante achar o mesmo produto por um valor menor tem a diferença de
preços devolvida.
Entre os benefícios, o vice-presidente de desenvolvimento de novos
negócios da MasterCard Brasil e Cone Sul, Alexandre Magnani, cita o
planejamento financeiro que o cartão permite ter em uma viagem. "A pessoa já viaja com uma quantia específica, não com um cartão com o
valor em aberto. Além disso, não corre o risco cambial de a moeda
estrangeira subir. O turista já fez a troca de dinheiro no momento do
carregamento do cartão", explica. A opção também é considerada mais
segura do que viajar com dinheiro em espécie.
Cuidados
O saldo do cartão ainda disponível pode ser acompanhado pela internet,
ação inclusive que deve se tornar hábito em uma viagem, segundo o
professor de finanças do Grupo Ibmec Rio, Gilberto Braga. "Antes de viajar, o turista deve planejar quanto quer gastar, pesquisar o
máximo possível o preço dos passeios e deixar ainda uma margem para as
compras", sugere. O problema é que o câmbio favorável para o real, que
deixa nossa moeda mais forte, faz com que muitos produtos lá fora se
tornem mais acessíveis e baratos aos viajantes. "Eles podem se empolgar,
acabar com o cartão antes do previsto e precisar de uma nova recarga",
diz. Por isso, ele diz que é recomendável conferir o saldo todos os dias
antes de sair do hotel ou ao passar por algum café.
Outra armadilha na contratação desse tipo de cartão é a taxa cobrada
para a carga. "O turista deve pesquisar em diversas corretoras e
negociar um abatimento da tarifa. Às vezes ela pode ser tão alta que o
que o turista economizou com o IOF mais barato irá gastar em tarifas",
diz o professor.
Importante. Boa dica. É necessário pesquisar.
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