quinta-feira, 8 de março de 2012

Cresce procura por cartões pré-pagos de viagem, mas uso exige cuidados

Desde março de 2011, quando o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) para as compras com cartão de crédito no exterior foi elevado, outro mercado foi impulsionado: o de cartões pré-pagos. A diferença de 6% cobrada entre os dois tipos de cartões aliado ao crescimento do setor de turismo internacional fez com que mais brasileiros procurassem esse meio de pagamento para viajar.

"Desde que mudou o IOF dos cartões de crédito, aumentou bastante as vendas de cartões pré-pagos. Creio que 50% do crescimento seja por conta da mudança de imposto", diz o diretor geral da Agillitas, Roger Ades. A empresa administra toda base de cartões do Grupo Rendimento, um dos maiores emissores desse tipo de cartão no Brasil.

Para parte dos especialistas, o que tornou o produto mais competitivo foi o aumento do IOF para 6,38% em cartões de crédito. No pré-pago, a tarifa é de 0,38%. Outros especialistas argumentam que é o avanço do turismo em si que desenvolveu a procura pelo produto.  "O pré-pago substitui o dinheiro em espécie. Por isso, a concorrência não é o cartão de crédito ou débito. É o uso do dinheiro em espécie", afirma o diretor executivo de produtos pré-pagos da Visa na América Latina e Caribe, José Coronel.

Em 2011, os brasileiros gastaram no exterior US$ 21,2 bilhões, segundo o Banco Central. O valor foi 29,2% superior ao registrado em 2010, de US$ 16,42 bilhões. Os números do setor não são compilados, mas a projeção da consultoria Boanerges & Cia é de que o faturamento da indústria de cartões pré-pagos tradicionais que em 2010 estava em R$ 55 bilhões salte para R$ 154 bilhões em 2015. Em âmbito mundial, um estudo da MasterCard e da Boston Consulting Group estima que o faturamento seja de US$ 1,9 trilhão em 2017.

A maior procura por esse tipo de cartão fez com que as duas maiores bandeiras - Visa e Mastercard - lançassem plásticos com mais benefícios do que os tradicionais. Os novos cartões trazem, por exemplo, seguro viagem, seguro de perda e roubo dos produtos comprados no cartão, garantia estendida para os bens e seguro de proteção de preços, que se o viajante achar o mesmo produto por um valor menor tem a diferença de preços devolvida.

Entre os benefícios, o vice-presidente de desenvolvimento de novos negócios da MasterCard Brasil e Cone Sul, Alexandre Magnani, cita o planejamento financeiro que o cartão permite ter em uma viagem.  "A pessoa já viaja com uma quantia específica, não com um cartão com o valor em aberto. Além disso, não corre o risco cambial de a moeda estrangeira subir. O turista já fez a troca de dinheiro no momento do carregamento do cartão", explica. A opção também é considerada mais segura do que viajar com dinheiro em espécie.

Cuidados

O saldo do cartão ainda disponível pode ser acompanhado pela internet, ação inclusive que deve se tornar hábito em uma viagem, segundo o professor de finanças do Grupo Ibmec Rio, Gilberto Braga. "Antes de viajar, o turista deve planejar quanto quer gastar, pesquisar o máximo possível o preço dos passeios e deixar ainda uma margem para as compras", sugere. O problema é que o câmbio favorável para o real, que deixa nossa moeda mais forte, faz com que muitos produtos lá fora se tornem mais acessíveis e baratos aos viajantes. "Eles podem se empolgar, acabar com o cartão antes do previsto e precisar de uma nova recarga", diz. Por isso, ele diz que é recomendável conferir o saldo todos os dias antes de sair do hotel ou ao passar por algum café.

Outra armadilha na contratação desse tipo de cartão é a taxa cobrada para a carga. "O turista deve pesquisar em diversas corretoras e negociar um abatimento da tarifa. Às vezes ela pode ser tão alta que o que o turista economizou com o IOF mais barato irá gastar em tarifas", diz o professor.

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