O ministro do Esporte, Aldo Rebelo, oficializou o pedido à Fifa de um novo interlocutor para tratar dos assuntos ligados à Copa do Mundo de 2014, informa a revista Exame. Em carta a Joseph Blatter (veja a íntegra do documento),
presidente do órgão, Rebelo disse que o Brasil não pode mais aceitar o
secretário-geral da Fifa, Jérôme Valcke, como interlocutor.
O diálogo entre representantes do governo brasileiro e Valcke a respeito
do andamento dos preparativos para a Copa ganhou tons poucos cordiais ao longo deste final de semana.
Em entrevista concedida na sexta-feira, Valcke reclamou dos atrasos nas
obras de infraestrutura para o evento e disse que os organizadores
precisavam de um "pontapé na bunda". Rebelo disse que as declarações inapropriadas do secretário-geral foram
recebidas com espanto e “escapam aos padrões de convivência harmônica
entre um país soberano como o Brasil e uma organização internacional
centenária como a Fifa”. Valcke tinha viagem marcada ao Brasil na próxima semana. A postura do dirigente foi criticada por membros do governo e do Congresso brasileiro.
O fim da Copa no Brasil?
Embora o desfecho seja improvável, a Fifa teria direito, por contrato,
de desistir de realizar o Mundial no Brasil até 1º de junho de 2012 – 2
anos e 11 dias antes da abertura – sem multas, segundo reportagem do ano
passado do jornal O Globo. De acordo com o jornal, o acordo assinado pelo país com o órgão tem uma
cláusula que determina que a rescisão será aplicada caso os regulamentos
necessários para a organização da Copa do Mundo de 2014 não tenham sido
aprovados ou caso as autoridades competentes não estejam cumprindo as
garantias governamentais exigidas.
Se a Fifa recorresse ao recurso extremo, não seria a primeira vez que um
país escolhido como sede abandonaria o barco no meio do caminho. Em
novembro de 1982, a Colômbia desistiu de sediar a Copa do Mundo de 1986. Escolhido como sede pela Fifa em 1974, o país declarou que seria
impossível cumprir os termos do acordo por restrições econômicas. O
México, que já havia sediado o mundial de 1970, foi escolhido como
substituto. [Esse exemplo não se aplica ao Brasil, já que o país não manifestou até agora nenhuma intenção de renunciar à realização da Copa de 2014. Se a Fifa decidir não mais realizar esse evento no Brasil, esse seria sim um caso inédito e teria desdobramentos difíceis de serem previstos.]
Apesar do desgaste causado pelo último episódio, somado a outras
polêmicas, como a atraso na aprovação da Lei Geral da Copa, o presidente
do Comitê Organizador Local (COL), Ricardo Teixeira, tentou acalmar os
ânimos, garantindo que tudo sairá conforme o planejado.
Valcke pede desculpas ao Brasil
Segundo o site do jornal O Globo, Jerôme Valcke enviou na tarde de hoje (segunda-feira, 05/3/12) uma carta com pedido de desculpas ao ministro Aldo Rebelo (confira a íntegra da carta de Valcke). Nessa correspondência, o dirigente da Fifa alega erro de interpretação de sua frase, dita em francês e divulgada e divulgada por agências de notícias internacionais.
Na carta, Valcke diz que a expressão em francês "se donner un coup de pied aux fesses" significa apenas "acelerar o ritmo" e que, segundo ele, "infelizmente, a frase foi traduzida para o português usando palavras muito mais fortes". [Esse Valcke é um artista, p'ra dizer o mínimo. Seu primeiro gesto, quando da reação verbal do ministro Aldo Rebelo, foi de qualificar de "um tanto infantil" a reação brasileira; em momento algum teve a preocupação de dizer que teria havido um erro de tradução. Ele mereceu esse "kick up in the arse/backside/pants" do governo brasileiro.]
Comentário recebido por email:
ResponderExcluirVasco:
coup de pied aux fesses soa muito bonito, mas não esconde sua grosseria...
abs
Ednardo