A fraqueza da atividade econômica no pós-crise contribuiu para o recuo, dizem especialistas, que ressaltam ainda fatores estruturais a empurrar para baixo a taxa de fertilidade americana. O maior nível de educação das mulheres, a crescente participação feminina no mercado de trabalho, o uso disseminado de contraceptivos e casamentos mais tardios têm levado a um número menor de filhos. O cenário americano ainda é bem diferente do registrado em países como Alemanha, Itália e Japão, onde a taxa de fertilidade está na casa de 1,4, mas a trajetória causa preocupação, pelo impacto que uma população em processo de rápido envelhecimento pode ter sobre a previdência social e o sistema de saúde para os idosos, o Medicare. Há quem diga que até mesmo a capacidade de inovação da sociedade tende a diminuir.
Trajetória de queda da taxa de fertilidade nos EUA (clique na imagem para ampliá-la) - (Gráfico: Valor Econômico).
A imigração pode ajudar a atenuar esses problemas, mas aí também há
limites. A fertilidade vem caindo nos países de onde saem os imigrantes
para os EUA, como o México. E, nos EUA, o declínio se dá em todas as
etnias, diz Mark Mather, vice-presidente associado para programas
domésticos do Centro de Referência para População. Entre mulheres
latinas, a taxa caiu de 3, em 1990, para 2,4 em 2010. "Nos últimos três anos, o fluxo imigratório entre México e EUA ficou
zerado", destacou o jornalista Jonathan Last, autor do livro
recém-lançado "O que Esperar Quando Ninguém Está Esperando: o Desastre
Demográfico Americano se Aproxima", em palestra feita no começo do mês
no American Enterprise Institute (AEI), um centro de estudos
conservador.
A crise tornou os EUA menos atraente para os imigrantes nos últimos
anos, mas o tombo da fertilidade mexicana também ajuda a explicar esse
fenômeno, considera Last. De 1970 para cá, a taxa no México caiu de
quase 7 filhos por mulher para a casa de 2,1 - o nível que os demógrafos
chamam de taxa de reposição, aquela que mantém a população constante. O
número é um pouco superior a dois para compensar as pessoas que morrem
antes de atingir a idade reprodutiva. O Brasil também passa por uma
transição demográfica importante, com a taxa de fertilidade recuando de
quase 6, em 1970, para 1,86 em 2010, segundo o IBGE.
Quando houver uma recuperação mais firme da economia americana, a
fertilidade deve ter um "repique", dizem demógrafos como Mather, embora
pareça remota a perspectiva de um aumento forte do número de filhos por
mulher, dadas as questões estruturais que afetam a decisão de ter
filhos. Segundo ele, em crises anteriores a taxa também caiu, como nos anos 70,
quando a economia sofria os efeitos do choque do petróleo. Em 1976, por
exemplo, o número de filhos por mulher nos EUA ficou um pouco abaixo de
1,74, para depois se recuperar. Mather observa ainda que, na crise
atual, países europeus como Irlanda, Itália, Espanha também experimentam
um declínio ou estabilidade nas taxas.
Para Gretchen Livingston, pesquisadora-sênior do Projeto de Tendências
Sociais e Demográficas do Centro de Pesquisas Pew, o ciclo econômico é o
principal fator para o declínio da taxa de fertilidade a partir de
2007. "Meus estudos confirmam que os Estados mais atingidos pela
recessão foram os que tiveram as maiores quedas", diz Gretchen. Em 2009,
todos os Estados tiveram recuo ou estabilidade, com exceção de Dakota
do Norte, que teve a menor taxa de desemprego do país em 2008, de 3,1%.
Amigo VASCO:
ResponderExcluirEu olho esse tipo de pesquisa, com suas estatisticas, com algumas reservas.
Uma diminuição das taxas de fertilidade nesses últimos anos, só deverá ter impacto na economia, em qualquer país, daqui a pelo menos QUINZE ANOS, quando os nascituros poderão estar em idade produtiva.
Se observarmos hoje alguma influencia dessas taxas na economia, temos que nos referenciar às taxas de QUINZE ANOS atrás, que não eram assim tão baixas.
Essas estatísticas só ajudam a emigração no curto prazo, causando problemas em um prazo mais longo, que, acho, ainda não foi alcançado, mas que já dá sintomas de tendencia, como a dominação islamica da Europa.
Abraços - LEVY