[O texto abaixo, que traduzi do site da revista The Economist, mostra mais uma triste e extremamente deplorável faceta da disputa entre judeus e palestinos: a inoculação consciente do ódio entre suas crianças. O que estiver entre colchetes e em itálico é de minha responsabilidade.]
O que deveria fazer Israel em relação a um relatório que afirma que judeus e palestinos negam legitimidade uns aos outros? Declarar ilegítimo o relatório, é a resposta israelense. Soando mais ameno, Salam Fayyad, o primeiro-ministro palestino, pediu ajuda para melhorar o currículo.
"Calúnia intencional", bradaram no gabinete de Binyamin Netanyahu, o primeiro-ministro israelense, quando um estudo financiado pelo governo americano de comparação entre livros escolares judeus e palestinos concluiu que eles semeavam estereótipos negativos das populações do outro país. Depois de não conseguir eliminar o relatório, autoridades israelenses tentaram retardar sua publicação. Uma reunião solicitada pelos autores do estudo e pelo advogado do ministério nunca se materializou. Um vice-primeiro-ministro e ex-chefe das forças armadas de Israel expressou sua irritação pelo fato dos judeus estarem sendo avaliados com o mesmo padrão usado para os palestinos: "Nós ensinamos a paz, eles ensinam a guerra", disse seu porta-voz. [O nome não é explicitado, mas o autor dessas sandices blasfêmicas só pode ser Ehud Barak.]
O relatório diz que professores israelenses e palestinos descrevem seus vizinhos como inimigos, embora os israelenses o façam consideravelmente menos [?! -- é bom não esquecer que o estudo foi financiado pelo governo americano e lembrar da força do lobby judeu nos EUA]. Após percorrer com dificuldade cerca de 30.000 páginas de texto, os pesquisadores concluíram que 49% deles envolvendo palestinos em livros escolares israelenses editados pelo governo são negativos; em estabelecimentos judeus ortodoxos financiados pelo governo esse número sobe para 73%. Um desses livros de texto descreve os árabes como "sedentos de sangue" e "um ninho de assassinos". [Que grande mentiroso o tal de Ehud, hem?!]
Nos livros escolares palestinos, 84% das referências a judeus são negativas. Tanto nas escolas estatais judias como nas palestinas os livros promovem o "sacrifício do martírio através da morte". Cada lado se autoglorifica, denegrindo o outro.
Além disso, os livros-textos escolares de um lado tendem a negar a existência do outro. De 800 mapas de suas terras contestadas analisados pelos pesquisadores, 87% dos mapas israelenses não marcam nenhum território entre o mar Mediterrâneo e o rio Jordão como sendo palestino, enquanto 96% dos mapas palestinos não mencionam Israel. "Os mapas escolares israelenses alimentam a versão palestina de que os judeus querem se apossar de mais e mais territórios, e os mapas escolares palestinos alimentam a versão israelense de que os palestinos querem jogar os judeus no mar", diz Bruce Wexler, o professor de Yale que supervisionou o estudo. Detratores israelenses do relatório criticaram severamente o Conselho de Instituições Religiosas da Terra Santa, uma associação de rabinos locais, que contratou Wexler, um judeu americano. [Não é nada fácil entender a "democracia" de Israel.]
[O site Jewlicious dá detalhes importantes do estudo e de seus desdobramentos omitidos no texto acima da The Economist. Ele informa, por exemplo, que o Rabinato Principal Israelense (Israeli Chief Rabbinate), que tem representação no Conselho de Instituições Religiosas e inicialmente endossou o estudo dos livros-textos escolares, emitiu uma declaração dissociando-se de suas conclusões apontando o que chamou de "sérias falhas metodológicas". Dois israelenses em um grupo científico consultor de 19 membros, que incluía especialistas internacionais em análise de livros-textos, também discordaram das conclusões do estudo. Leituras adicionais que sugiro:
* Depiction of Israel in Palestinian textbooks
* New Palestinian schoolboks
* Maps in Jordan’s children textbooks mark Israel, ignore Palestine
* Schoolbooks ingrain Israeli-Palestinian enmity: U.S.-funded study
* UK textbook wipes Israel off the map (este texto é imperdível!)]
Nenhum comentário:
Postar um comentário