terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

Endereço do maior depósito de Fichas Sujas do país: Palácio do Congresso Nacional - Praça dos Três Poderes - Brasília - DF - CEP 70160-900

As organizações e pessoas catadoras de lixo, os empresários que precisam de papel para recolher dejetos de suas criações e todos aqueles que precisam de papel não reciclável e imprestável para qualquer uso higiênico (por risco grave de contaminação) contam, mais do que nunca, com um depósito inesgotável de material dessa natureza. Formado pelas fichas sujas (mais corretamente, prontuários) de um número enorme e jamais decrescente de parlamentares federais (principalmente devido à inércia e a ineficácia de nossa Justiça), esse material de uso perfeito em cloacas encontra-se à disposição dos interessados no seguinte endereço:

Palácio do Congresso Nacional - Praça dos Três Poderes - Brasília - DF - CEP 70160-900
CNPJ 00.530.352/0001-59

Para facilitar o acesso dos interessados, apresento abaixo os principais contatos nas chamadas duas "casas" do endereço acima e seus breves CVs, tirados do Globo de hoje, seção País, pág. 6 (o que nesses CVs estiver entre colchetes e em itálico é de minha responsabilidade):

Senado Federal

Renan Calheiros (PMDB-AL) - A Procuradoria Geral da República pediu ao STF que abra processo contra o novo presidente do Senado por uso de documentos falsos para justificar seu patrimônio. É acusado de crime ambiental por pavimentar uma estrada numa estação ecológica em Alagoas, sem autorização. [Detalhe: o relator de seu processo é o ministro Ricardo Lewandovski, donde ...]. [Ver postagem anterior] - (Foto: Google).

Flexa Ribeiro (PSDB-PA) - O senador foi eleito primeiro secretário do Senado, uma espécie de prefeito da Casa, com orçamento de R$ 8 bilhões para o biênio 2013/2014. É investigado no STF por crime eleitoral. Suspeito de usar recursos da verba indenizatória para pagar aluguel a uma construtora da qual foi dono. - (Foto: Google).

Romero Jucá (PMDB-RR) - Eleito segundo vice-presidente do Senado, substituirá o presidente e o vice em suas ausências. Já foi alvo de denúncias de que teria oferecido fantasmas como garantia de um empréstimo bancário. Em 2010, um empresário disse à PF que recebeu R$ 100 mil de Jucá e de seu filho, Rodrigo, durante a campanha eleitoral. - (Foto: Google).

Gim Argello (PTB-DF) - Eleito novo líder do PTB no Senado, responde no STF a três inquéritos por crimes eleitorais, peculato e violação das leis de licitações. O inquérito de peculato é o mais recente: foi aberto em 1 de fevereiro deste ano. Foi um dos principais articuladores da campanha de Renan para a presidência do Senado. - (Foto: Google).

Câmara Federal

Henrique Alves (PMDB-RN) - O novo presidente da Câmara dos Deputados é suspeito de destinar emendas parlamentares ao Orçamento da União que beneficiaram uma empresa de um ex-assessor. Também já foi condenado em primeira instância por improbidade administrativa no Rio Grande do Norte [ver postagem anterior] - (Foto: Google).


Eduardo Cunha (PMDB-RJ) - O novo líder do PMDB na Câmara dos Deputados tem passado polêmico. No Supremo Tribunal Federal responde a dois inquéritos: por uso de documentação falsa e por crime contra a ordem tributária. Numa dessas investigações, é suspeito de sonegação fiscal, envolvendo um sócio e um ex-dirigente de uma refinaria no Rio [ver postagem anterior]. - (Foto: Google).

Anthony Garotinho (PR-RJ) - O ex-governador do Rio foi eleito o novo líder do PR. No STF (Supremo Tribunal Federal), Garotinho responde a três inquéritos: dois por crimes eleitorais e um por peculato. No período em que ele e sua mulher, Rosinha Garotinho, governaram o Rio, um dos principais aliados políticos do casal era Eduardo Cunha. [Na foto, de campanha, Garotinho esclarece o que tinha a oferecer ao povo fluminense.] - (Foto: Google).

José Guimarães (PT-CE) - Irmão do deputado José Genoino, condenado pelo STF no julgamento do mensalão, é o novo líder do PT na Câmara. Tornou-se conhecido em 2005, quando José Adalberto Vieira, um de seus assessores, foi preso no aeroporto de Congonhas (SP) com US$ 100 mil na cueca e R$ 209 mil numa maleta. - (Foto: Google).

Fábio Faria de Souza (PSD-RN) - [na foto, está de gravata]. Eleito segundo vice-presidente da Câmara, examinará pedidos de ressarcimento de despesas médicas de colegas. Citado em 2009 no caso da farra das passagens aéreas de deputados, por ter usado sua cota para pagar passagens de artistas, incluindo sua então namorada Adriane Galisteu. - (Foto: Google).

Maurício Quintella Lessa (PR-AL) - Na função de terceiro secretário da Câmara, será responsável por fornecer passagens aéreas aos deputados  [mais uma raposa dentro do galinheiro]. Também examinará requerimentos de licenças e justificativas de faltas. No Supremo, responde pelo crime de peculato (obter vantagem para si ou para outro em função do cargo que ocupa).  [Maurício fez parte daquela famosa farra documentada em um restaurante 5 estrelas de Paris, na companhia do governador Sérgio Cabral e do empresário Fernando Cavendish, dono da construtora Delta; jovem como é, e tendo o conterrâneo Renan Calheiros como paradigma, esse cara vai longe no mundo da marginália.] - (Foto: Google).

Concluído o mural dos principais contatos na espurcícia  do Congresso Federal, resta cobrar do STF - Supremo Tribunal Federal satisfações por sua inexplicável, inaceitável e extremamente danosa morosidade no julgamento dessas figuras cheias de jaças.  Seria fundamental que o Supremo informasse à opinião pública os relatores dos processos referentes às figuras acima -- vencer a rígida "transparência" das informações do site do STF não é tarefa para qualquer mortal.

Um comentário:

  1. Fui reler o Olavo Bilac, para descontarir:

    Ama, com fé e orgulho, a terra em que nasceste!
    Criança! Não verás nenhum país como este!
    Olha que céu! Que mar! Que rios! Que floresta!
    ...
    Boa terra! Jamais negou a quem trabalha
    O pão que mata a fome, o teto que agasalha...

    Criança! Não verás nenhum país como este!
    Imita na grandeza a terra em que nasceste!

    Agora não consigo disfarçar a vontade de mandá-lo às favas (to say the least!).

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