Autor de petição contra Renan quer levar assinaturas a Brasília

[Circula na Internet uma petição da Avaaz.org para impeachment do presidente do Senado Renan Calheiros -- a petição permanece aberta para coleta de assinaturas.  Neste momento em que escrevo, já há 1.435.089 assinaturas. Transcrevo a seguir reportagem de hoje da Folha de S. Paulo sobre o assunto. Embora a leitura virtual tenha a enorme vantagem de evitar contatos físicos prejudiciais à saúde, a simples repetição do nome daquele político pode provocar reações alérgicas -- algumas sérias --, somatizadas das mais diversas maneiras. O que, abaixo, estiver entre colchetes e em itálico é de minha responsabilidade.]

Antes da eleição para a presidência do Senado, em 1º de fevereiro, uma ONG sediada no Rio de Janeiro conseguiu reunir mais de 400 mil assinaturas para tentar sensibilizar os congressistas a não escolher o favorito Renan Calheiros (PMDB-AL) para o cargo. Não deu certo. Mesmo acusado de peculato, falsidade ideológica e uso de documentos falsos, o peemedebista foi eleito com o apoio de 56 dos 81 senadores, voltando ao cargo a que havia renunciado há cinco anos para evitar ser cassado [o Congresso Nacional há tempos exercita a prática da inserção e manutenção de marginais em seus quadros -- com o apoio de eleitores obtusos, também e infelizmente].

Emiliano Magalhães Netto, 26, representante comercial do interior de São Paulo, havia assinado o documento pela manhã, via internet. À noite, ficou "indignado" com a notícia da eleição do senador: "Tínhamos acabado de ser chamados de palhaço". "Em menos de um minuto", criou um novo abaixo-assinado, propondo o impeachment de Renan. O documento atingiu ontem a marca de 1,4 milhão de assinaturas.

A petição, no entanto, não tem poder para tirar Renan do cargo, como Netto reconhece --a legislação permite o início de um processo de cassação apenas com representação de um congressista ou de um partido político [fica aí o desafio para que algum senador que tenha alguma vergonha na cara, e coragem física e cívica, para aproveitar esse gancho e propor essa cassação -- tem que ter coragem física e corpo fechado, porque há uma tradição em Alagoas (terra de Renan) de resolver desavenças à bala].  Seu objetivo, diz, é "afetar o mandato" do peemedebista. "Acho difícil ele renunciar. Um sujeito como ele não tem vergonha, não sente constrangimento", afirma. Surpreso com um sucesso "tão rápido", ele agora quer levar as assinaturas "lá para Brasília". "Queria entregar isso na mão da presidenta [sic]". [Entregar assinaturas à nossa supersimpática e terna Dona Dilma não vai resolver nada -- nem política nem institucionalmente -- mesmo porque ela é refém de Renan e do PMDB, em nome do nauseante e abjeto "pragmatismo" impregnado em nosso sistema político e uma das marcas registradas do PT.]

O abaixo-assinado está hospedado na página da Avaaz, associação que já levou à frente outras campanhas, como uma pelo veto ao Código Florestal, entregue a ministros de Dilma Rousseff em 2012 com 2 milhões de apoios. Agora, a Avaaz assessora Netto para tentar ampliar a repercussão da petição contra Renan. Segundo a organização, há também um acompanhamento para evitar fraudes ou assinaturas repetidas.