[Vamos ver se agora é p'ra valer -- pela segunda vez, a Embraer ganha a licitação para vender 20 aviões Super Tucanos à Força Aérea americana: a primeira, ocorrida em fins de dezembro de 2011, foi cancelada em fevereiro de 2012 por pressão da concorrente da Embraer na disputa, a americana Hawker Beechcraft.]
A Embraer foi selecionada para o fornecimento de 20 Super Tucanos de
ataque para a Força Aérea dos Estados Unidos. É a segunda vez que a
empresa brasileira vence a escolha da aeronave do programa de apoio
aéreo leve – LAS, nas iniciais em inglês. O contrato de US$ 427 milhões estava suspenso desde o início de 2012 por
causa de uma ação judicial movida pela única outra concorrente, a
americana Hawker, que discordava da seleção da Embraer Defesa e
Segurança, em dezembro de 2011. A subsecretaria da aviação militar
americana decidiu então, primeiro suspender, e depois reabrir, a
concorrência. Os aviões serão repassados para as forças de autodefesa do
Afeganistão, compondo a nova aeronáutica de combate do país.
Segundo Luiz Carlos Aguiar, o presidente da Embraer Defesa, a escolha
tem outras vertentes, como a possibilidade de atingir um volume maior,
abrangendo 55 aeronaves, no valor de US$ 955,5 milhões. Todo o
empreendimento, destaca Luiz Aguiar, é conduzido com o parceiro
americano, a corporação Sierra Nevada, de Sparks, no estado de Nevada [ver aqui]. O anúncio foi feito nesta quarta-feira, por volta das 17 horas, no
briefing eletrônico do Departamento de Defesa, o Pentágono, em
Washington [ver aqui]. Em Brasília, a presidente Dilma Rousseff e o ministro da
Defesa, Celso Amorim, foram informados logo em seguida pelo
subsecretário de Defesa americano, Ashton Carter.
A encomenda cobre o lote dos 20 aviões e mais as estações terrestres de
treinamento, os componentes, as peças, e a instrução do pessoal técnico.
A venda habilita o Super Tucano e a própria EDS no muito restrito
mercado de Defesa dos Estados Unidos e alavanca as possibilidades de
outros negócios. Para Aguiar, o potencial desse produto no mercado
mundial – que era estimado em US$ 4,5 bilhões – agora crescerá bastante.
"Precisamos redimensionar o tamanho do salto".
Entregas. O A-29 Super Tucano ganhou nome novo nos EUA,
onde é tratado de Super-T. A Embraer vai produzir os aviões localmente,
na fábrica de Jacksonville, na Flórida. As primeiras entregas estão
previstas para meados de 2014. A montagem regular começa entre agosto e
setembro. De acordo com Eren Ozmen, o presidente da Sierra Nevada Corporation, o
contrato LAS manterá 1,4 mil empregos diretos e indiretos em território
dos EUA, envolvendo perto de 100 empresas do setor aeroespacial
distribuidas por 20 diferentes Estados.
O Super-T ganhou novidades tecnológicas importantes durante o ano que
durou o impasse na seleção do LAS. Desde julho, ele passou a incorporar
sistemas de armas de avançada tecnologia da Boeing Defesa, Espaço e
Segurança, o que eleva significativamente o perfil do produto. A empresa
foi selecionada pela Embraer para participar do plano destinado a
adicionar novas capacidades ao turboélice. A Boeing fornecerá determinados equipamentos de ponta, como o Joint
Direct Attack Munition (JDAMS), espécie de kit que transforma bombas
"burras" em versões "inteligentes", para ataques de precisão. [Ver postagem anterior sobre o acordo de cooperação entre Embraer e Boeing.]
Cotado a US$ 25 mil a unidade, o conjunto será acompanhado do JDAM
Laser, um acessório que permite expandir o raio de ação e reduzir a
margem de erro. O pacote inclui as Small Diameter Bombs (SDB), modelos
menores, mais leves, de última geração. Sem perda de poder de
destruição, mas com maior alcance: 50 a 110 quilômetros. Cada uma sai
por US$ 40 mil. Os recursos passarão a ser oferecidos em todas as ações de vendas internacionais do avião.
A empresa brasileira venceu a disputa do programa da aeronave de Suporte
Aéreo Leve (LAS, na sigla em inglês) em dezembro de 2011. Finalista
derrotada, a Hawker Beechcraft, iniciou um processo judicial contestando
o resultado. Em fevereiro, antes da decisão da Justiça, a administração da
aeronáutica militar dos EUA decidiu cancelar o contrato. Houve grande
repercussão negativa. Pouco depois, um novo procedimento foi iniciado, habilitando as duas corporações, e solicitando novas informações.
O T-6, produto da Hawker, ainda está em desenvolvimento e não se
enquadrou nos requisitos da LAS. O Super Tucano é usado por forças de
nove países e acumula pouco mais de 180 mil horas de voo, das quais
cerca de 28,5 mil cumprindo missões de combate. Toda a frota em
atividade soma 172 turboélices de ataque e treino. A aeronave emprega
130 diferentes configurações de armamento. Na configuração Grifo,
definida pela aeronáutica da Colômbia, o A-29 realizou perto de 30 ações
de bombardeio real contra alvos da guerrilha.
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