segunda-feira, 1 de agosto de 2011

Um juiz ordena que seja revelado o testemunho secreto de Richard Nixon

O que sabia o presidente e quando o soube? Essas poucas palavras puseram fim a uma presidência, a de Richard M. Nixon, que renunciou devido ao escândalo de espionagem dos escritórios do Partido Democrata no hotel Watergate, em Washington. Depois de renunciar no dia 9 de agosto de 1974, Nixon prestou testemunho em juízo para alguns de seus colaboradores mais próximos, muitos dos quais foram condenados. Alí, ele explicou por que uma secretária apagou 18,5 minutos de conversa com um de seus assistentes, o que teria sido crucial no caso de um impeachment.

Nixon não sofreu impeachment porque renunciou. Tampouco foi a juízo, porque seu sucessor, seu próprio vice-presidente Gerald Ford, o perdoou de forma preventiva, evitando assim que fosse julgado. Nixon nunca admitiu abertamente qualquer culpa no chamado Escândalo Watergate. Mas tanto o Grande Juri, ante o qual testemunhou, como seus herdeiros após sua morte mantiveram em segredo esse testemunho. Nesse gesto, encontraram o apoio da Casa Branca e do presidente Obama, que recusou o pedido de liberação da gravação que lhe foi feito pelo historiador Stanley Kutler, que por isso levou a juízo o Departamento de Justiça.

Agora, o juiz Royce Lamberth ordenou ao Departamento de Justiça que revele o que Nixon disse naquele julgamento. "É muito grande a importância que o caso Watergate teve na história americana", disse ele em sua sentença. "A revelação do tetemunho de Nixon naquele Grande Juri servirá para melhorar os registros históricos, alimentar o debate histórico e melhorar a compreensão do público sobre esse caso histórico". 

Diante das inúmeras petições recebidas desde o dia 29 de julho, dia em que se soube da decisão do juiz Lamberth, o Departamento de Justiça disse que está analisando a hipótese de um recurso e por isso não publicará imediatamente a transcrição do testemunho de Nixon. Os historiadores querem escutar esse testemunho porque, acreditam, pode se constituir na primeira e única ocasião em que o presidente falou de seu conhecimento do caso de espionagem política com sinceridade e sem a pressão de fazê-lo diante do eleitorado.
Nixon e sua mulher Pat no Salão Leste da Casa Branca, durante seu discurso de renúncia em 1974 (Foto: AP).


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