segunda-feira, 1 de agosto de 2011

Qualquer redução na classificação de crédito dos EUA afetará cada pessoa do planeta

Praticamente, cada banco, cada Tesouro nacional, cada fundo de pensão, cada seguradora, e cada fundo mútuo de investimento tem algum dinheiro vinculado aos bônus do Tesouro dos EUA. Eles, os bônus, são de longe aqueles cuja posse está mais amplamente disseminada, e são o ativo financeiro mais ampla e ativamente comercializado e de maior liquidez da história do mundo. Portanto, mesmo a mínima desvalorização que possam ter em relação à sua atual classificação premium "AAA" afetará quase cada ser humano do planeta.

A dívida do governo americano tornou-se tão significativa, tão substancial, que existe agora o pequeno risco de que algum dia se torne insustentável. Uma dívida dessas proporções ameaça ultrapassar a capacidade da economia de pagá-la. E ela está também sobrepujando o sistema político dos EUA. Até agora, de fato, os EUA têm sido beneficiados com o fato de que taxas de juros ultrabaixas, compras significas pelo Banco Central (americano), e a aparentemente insaciável demanda por bônus do Tesouro por estrangeiros -- especialmente os chineses -- têm permitido aos EUA exercer esse "exorbitante privilégio".

Mas, se os estrangeiros demandarem juros maiores para compensar o risco de emprestar dinheiro a Washington, então a taxa de juros paga pelos negócios, pelas famílias e pelo governo americanos subirá, como alertou o presidente Obama. Ela pode, como ele disse, não subir "estratosfericamente" mas terá que refletir novos riscos. Isso, por sua vez, significa que os americanos terão menos poder de compra para adquirir televisores coreanos, carros alemães, brinquedos chineses, uísque escocês e outras coisas mais. O papel dos EUA como "consumidor de último recurso" para o mundo estaria caminhando para um fim. Isto, por seu lado, significa crescimento mais lento por toda parte.

Em seguida, vem o impacto sobre as instituições financeiras. Em termos amplos, se as reservas do Tesouro americano forem desvalorizadas, reduzir-se-á a capacidade dos bancos de fazer empréstimos e ocorrerá nova distorção na restrição de crédito. Fundos de poupança e de pensão encolherão em valor, e os consumidores ficarão mais pobres. Isso, por sua vez, significará menos disposição e capacidade para gastar, outro fator de recessão que não faz falta para o mundo.

Por último, há a possibilidade de pânico como o que vimos no caso das estressadas economias europeias. Isso pode transformar um corte relativamente modesto da riqueza e da ativida econômica mundiais em uma depressão.

Hoje, geralmente, quando há a ameaça de uma recessão, os EUA entram em cena para gastar e salvar o mundo como um superherói financeiro. Se esse superherói for derrotado, não há outra potência capaz de substituí-lo, exceto talvez a China. No entanto, a China tem mais de sua riqueza atrelada aos bônus do Tesouro americano do que qualquer outro país no mundo: mais de US$ 2 trilhões.

Como dois gigantes bêbados tentando um sustentar o outro, o mundo tem que recear ser esmagado se, ou quando, EUA e China tropeçarem e cairem. Os dois parecem cada vez mais instáveis.

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