A agência conduziu durante dois anos "uma avaliação sem precedentes" da extensão e do impacto da poluição na Ogonilandia, no coração do delta do rio Níger, a região petrolífera do principal produtor de petróleo da África [Ogonilandia, terra do povo Ogoni, é uma área de 1.050 km² no sul/sudeste da Nigária]. "A restauração ambiental da Ogonilandia pode bem ser a operação de limpeza de petróleo mais ampla e mais longa jamais realizada no mundo, se se quiser restabelecer a uma situação inteiramente boa a água potável, o solo, as angras, e os ecossistemas importantes como os manguezais, que estão contaminados", segundo um comunicado do PNUMA na apresentação do estudo ontem em Abuja, capital da Nigéria.
O PNUMA defendeu a criação de um fundo especial para a Ogonilandia e sugeriu que as empresas petrolíferas e o governo nigeriano ali injetassem 1 bilhão de dólares (cerca de 701 milhões de euros). "Em pelo menos dez comunidades Ogoni, nas quais a água potável está contaminada com níveis elevados de hidrocarbonetos, a saúde pública está seriamente ameaçada", enfatiza o PNUMA.
A Ogonilandia é um reticulado de oleodutos e está coberta de poços e outras instalações petrolíferas. Os ambientalistas denunciam há anos o impacto ambiental da exploração de petróleo. Entre os numerosos grupos que operam no delta do Níger o gigante holandês Shell é o mais antigo e o mais importante.
A Shell considerou ontem "de grande valor" o relatório da ONU sobre a poluição petrolífera na Nigéria, e sublinhou que não produz petróleo na Ogonilandia desde 1993.
É espinhosa a questão da atribuição de responsabilidades pela poluição. Inúmeros ativistas denunciam a negligência dos grupos petrolíferos. A Shell tem afirmado frequentemente que a maior parte dos derramamentos é causada por atividades ilegais, como o roubo de petróleo, feito diretamente nos oleodutos, e o refino clandestino. O PNUMA aponta que "o controle e a manutenção das instalações petrolíferas na Ogonilandia permanece inadequado: nem mesmos os procedimentos da Shell Petroleum Development Company têm sido respeitados, gerando problemas de saúde pública e de segurança". Os prejuízos podem elevar-se a centenas de milhões de dólares, segundo o jornal inglês The Guardian.
Uma imagem da poluição na região denominada Ogonilandia, no sul da Nigéria (Foto: AP/Sunday Alamba).
Outra imagem na Ogonilandia (Foto: AFP).
Nesta foto, de março de 2011, o óleo aparece como uma mancha na superfície de um rio, perto de uma refinaria ilegal em Ogonilandia.
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