O Fundo Monetário Internacional (FMI) voltou a advertir, em relatório publicado na quarta-feira, que há sinais de superaquecimento na economia brasileira e pediu que o governo continue a adotar medidas para
enfrentar pressões como a ameaça de inflação e o excesso de crédito. O relatório observa que o forte crescimento do PIB brasileiro em 2010,
aliado a uma pressão de demanda e nível baixo de desemprego, levaram ao
aumento da inflação, que em maio atingiu o teto da banda de flutuação da
meta (4,5%), entre 2,5% e 6,5%. O relatório prevê que o PIB cresça 4,1% neste ano e que a inflação
chegue ao final do ano em 6,6%, ligeiramente acima do limite superior da
banda.
O FMI avalia que os indicadores financeiros do Brasil são favoráveis,
mas pede “uma maior atenção aos riscos financeiros devido ao ritmo de
expansão do crédito e à continuada dependência das captações externas”. Desde 2010 o órgão vem citando preocupações com o que considera sinais de superaquecimento da economia brasileira.
A entidade observa que a proporção do crédito no Brasil saltou de 20% do
PIB em 2004 para 46% e comenta que o crédito bancário ao setor privado
continua em rápida ascensão, com um aumento de 20% em abril de 2011. O relatório aponta que as medidas já adotadas pelas autoridades
brasileiras podem ter ajudado a conter o crédito em alguns setores, mas
diz que alguns diretores do Fundo avaliam que elas precisam ser mais
amplas para que consigam um efeito maior.
O organismo também recomenda que o governo brasileiro "continue a
aplicar medidas de ajuste da política macroeconômica como parte da
resposta ao grande fluxo de entrada de capitais", considerando que "o
Brasil continua a ser um dos destinos prediletos dos investidores
internacionais, um reflexo de suas perspectivas econômicas e rendimentos
elevados". O FMI finaliza seu relatório sugerindo reformas fiscais e medidas para
melhorar o ambiente de negócios e aumentar a competitividade, o que
"reduziria as taxas de juros, que são estruturalmente elevadas, e
favoreceria as perspectivas de crescimento no longo prazo".
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