Depois de ler a íntegra da reportagem da revista Piauí com o perfil e as
declarações do ministro da Defesa, a presidente Dilma Rousseff avaliou que Nelson Jobim ficou numa "posição politicamente insustentável" e decidiu demiti-lo, no final da manhã desta quinta-feira, 4. Segundo
fontes do Planalto, a presidente teria pedido para ele antecipar a volta
de Tabatinga (AM).
Ao contrário do que disseram alguns assessores do ministro da Defesa, a
presidente não soube, "há um mês", que ele havia, em entrevista à Piauí,
feito críticas às ministras escolhidas por Dilma depois da crise do
caso Palocci, e que trabalham diretamente com ela no Palácio.
Jobim disse à revista que a ministra das Relações Institucionais, Ideli
Salvati, é "fraquinha", e que Gleisi Hoffmann, ministra-chefe da Casa
Civil, "não conhece Brasília". O ministro da Defesa considerou o governo
Dilma "atrapalhado" pela maneira como, dois meses atrás, tratou da Lei
de Acesso à Informação, promovendo vários recuos ao se posicionar sobre o
sigilo dos documentos ultrassecretos - no final, a presidente optou por
manter a proposta da Câmara, contrária ao sigilo eterno e permitindo
que documentos ultrassecretos tenham sigilo de 25 anos renovado por
apenas mais 25 anos. A outra proposta era favorável a renovar
indefinidamente o sigilo.
Dilma ficou irritada como fato de Jobim ter se encontrado nesta
quarta-feira, 3, com ela e, na audiência, não ter falado sobre as
críticas às ministras. Antes da audiência, no Planalto, a presidente
havia recebido no Palácio da Alvorada, o assessor de Jobim, o
ex-deputado e ex-presidente do PT José Genoino. Ele não falou com Dilma
sobre a reportagem da Piauí. No início da noite dessa quarta, Jobim ligou para Ideli Salvatti,
falou da reportagem e disse que as palavras dele estavam "fora de
contexto". Ideli foi até a presidente e fez o relato sobre o que ouvira
de Jobim.
Na manhã desta quinta, quando já estava na Amazônia, a caminho da
Tabatinga, Jobim tentou falar também com a ministra Gleisi Hoffmann. A
ministra-chefe da Casa Civil não quis atender Jobim e mandou dizer,
depois, pelos assessores, que as opiniões do colega da Defesa eram
"irrelevantes".
Um dos nomes cotados para o lugar de Jobim é o do deputado Aldo
Rebelo (PC do B-SP). Alguns assessores citam também a possibilidade de o
vice-presidente, Michel temer, assumir temporariamente, se for
necessário, o cargo. O atual ministro da Justiça, José Eduardo Martins
Cardozo, também faz parte da bolsa de aposta.
Por conta de outras declarações, Jobim já estava na lista dos auxiliares
de Dilma que ela deve tirar do governo na primeira reforma ministerial,
no final deste ano ou no início de 2012. O ministro viajou na noite de quarta para São Gabriel da Cachoeira (AM).
Nesta manhã ele partiu para Tabatinga (AM), onde, ao lado do
vice-presidente da República, Michel Temer, assina um plano de
vigilância de fronteiras entre Brasil e Colômbia.
Em recente entrevista concedida ao programa "Poder e Política", da Folha de S. Paulo e
UOL, Jobim criou incomodo no Planalto ao fazer questão de revelar que,
nas eleições do ano passado, votou no candidato tucano José Serra, o
adversário da candidata vencedora, Dilma Rousseff.
Nenhum comentário:
Postar um comentário