[De um queridíssimo amigo -- meu filho André -- recebi o interessante texto, que traduzo abaixo, sobre a fantástica evolução da computação, tomando como referência a capacidade dos computadores que levaram as missões Apollo ao espaço. O artigo original é da autoria de Udi Manber e Peter Norvig.]
Nós dois somos velhos o suficiente para lembrarmos da excitação e da emoção que foi ver Neil Armstrong andar na Lua no verão de 1969. Muitas coisas mudaram desde então, e progressos incríveis foram feitos em algumas áreas. Olhando para o passado e refletindo sobre nossa própria experiência, e tentando contrapor o mundo de hoje ao de 1969, decidimos comparar a capacidade computacional disponível para os engenheiros da NASA na época com a que está disponível hoje.
O Computador de Orientação da Apollo (AGC - Apollo Guidance Computer), a bordo do módulo lunar, executava instruções a uma velocidade de cerca de 40 kHz (ou 0,00004 GHz), cerca de 100.000 vezes mais lenta do que a de um laptop de ponta de linha atual. Havia também um computador de tempo real semelhante, embutido no foguete Saturno V. Em terra, a NASA tinha acesso a alguns dos computadores mais poderosos da época: cinco computadores IBM 360/75 do tipo mainframe, cada um deles cerca de 250 vezes mais rápido do que o AGC. Eles rodavam praticamente 24h/dia na semana, calculando dados de lançamento e órbitas, monitorando dados biomédicos durante a missão, e realizando inúmeros outros cálculos.
Comparamos isso com o que o Google faz hoje e concluímos que:
Gasta-se aproximadamente a mesma computação para responder a uma busca no Google que toda a computação feita -- em voo e em terra -- para todo o programa Apollo!
Quando você entra com uma única pergunta na caixa de busca do Google, ou simplesmente a faz em seu telefone, você coloca em movimento tanta computação quanto a que foi necessária para enviar Neil Armstrong e 11 outros astronautas à Lua. Isso se refere não apenas aos voos efetivamente feitos, mas a toda a computação realizada ao longo do planejamento e execução dos onze anos e 17 missões do programa Apollo. Isso mostra quanto a computação avançou. É fácil não dar importância a isso, mas essa capacidade de computação ajuda a fazer do mundo um lugar melhor e abre as portas para coisas espantosas ainda por vir.
[É absolutamente fantástico e admirável o poder da inteligência humana! Da genialidade dos Isaac Newtons, Einsteins, Flemings, e tantos outros expoentes da inteligência do homem, aos gênios do Sputnik, da Nasa e alhures, a história da humanidade é pontilhada de exemplos admiráveis de nossa capacidade para descobrir e fazer coisas incríveis -- lamentavelmente usada também para ceifar vidas aos milhões.
A historiazinha acima me fez voltar aos meus tempos de régua de cálculo Hyperbolog na Fluminense e, já como engenheiro, aos estudos com os computadores IBM 1130 e -- o suprassumo da época -- o IBM 360. Ótimos tempos!!]
Amigo VASCO:
ResponderExcluirESPETACULAR esse artigo (para não falar dos outros). Naquele dia, 20.07.69, fiquei acordado até o término da reportagem transmitida AO VIVO pela EMBRATEL, e somente nós, aqui do Rio de Janeiro, Niterói e adjacencias, tivemos esse privilégio. Foi a PRIMEIRA transmissâo ao vivo feita pela EMBRATEL, recebendo sinais via satélite na estação terrena de TANGUÁ (hoje municipio).
As imagens da época eram ainda em preto-e-branco, e os recursos de gravação dessas imagens eram inimaginaveis hoje. O GRAVADOR do chamado VIDEOTAPE tinha o tamanho aproximado de uma geladeira duplex hoje.
A outra possibilidade, que era usada constantemente, era FILMAR essas imagens para distribuição, já que nem todas as emissoras tinham máquinas que reproduzissem as fitas gravadas nesses aparelhos.
SENHORES, eu ví isso ao VIVO!!!!
Abraços - LEVY
dois pequenos equívocos do Levy:
Excluira) eu assisti Armstrong descer na lua ao vivo naquela madrugada em Recife (e não foi no CTV da Embratel não); e
b) várias missões Apolo anteriores haviam sido transmitidas ao vivo "via Embratel" desde março de 69 (quando inauguraram Tanguá/Itaboraí).
Comentário recebido por email:
ResponderExcluirAmigo JOÃO CELSO:
Acho que você tem razão sobre a primeira observação: nessa época já existia
o Tronco NORDESTE (equipamento PHILIPS). Então, não duvido de que as imagens
tenham sido transmitidas ao vivo.
Quanto a segunda observação, tenho minhas dúvidas. Até onde eu sei, a do
pouso na LUA foi a PRIMEIRA AO VIVO. Vou consultar nosso amigo CHICÃO.
Obrigado e abraços.
LEVY
Eu trabalhava na 2OP1 quando Tanguá foi inaugurada (março de 69). Desde então, Chicão (entao chefe do CE101) deev confirmar, quase que semanalmente ocorria uma transmissão - às vezes mais de uma - ao vivo "via internet" (a Embratel primava para que não se disseminasse "via Embratel"), inclusive as missões Apollo 9 e 10 que antecederam o pouso na Lua.
ResponderExcluirFui transferido para Recife no final de maio de 69. O Tronco Sul também já fora inaugurado, bem como o Rio-Brasilia. Grande parte do Brasil, pois, viu a descida de Armstrong na Apollo 11 em julho de 69.
Um ponto "triste" dessa estória é que a facilidade atual de uso da capacidade computacional disponível faz com que as pessoas não percebam o que está do outro lado: A quantidade de materiais que são empregados e de energia que é gasta impressionam quando são divulgados. O Google, em particular, ainda tem alguma preocupação com a questão. Mas o resultado é o mesmo: gastamos uma energia absurda atualmente para termos essa infra-estrutura computacional fantástica que nos apóia. Espero que a readequação das matrizes energéticas um dia, breve, deixe o papel e passe a apoiar efetivamente nosso desenvolvimento (porque esse, com certeza, não pára).
ResponderExcluirAbraços,
-- Carlos Cassino