O ministro das Relações Exteriores do Equador, Ricardo Patiño, disse que seu país considera que Assange enfrenta uma ameaça real de perseguição política, incluindo a ameaça de extradição para os EUA onde, disse Patiño, o australiano não teria um julgamento imparcial e poderia ser condenado à morte.
O jornal equatoriano Hoy diz que o ministro Patiño -- que chamou Assange de defensor da liberdade de expressão e de imprensa -- apresentou as seguintes razões para a concessão do asilo: há sérios indícios de represálias contra Assange devido às informações que divulgou; existe a certeza de que é viável sua extradição para fora da União Europeia, ou para os EUA; que poderia ser julgado por tribunais especiais, e que poderia ser condenado à prisão perpétua ou à pena de morte; que a Suécia violou o direito processual sueco. [Ver postagem anterior sobre Assange.]
Segundo o jornal inglês The Guardian, o atrito diplomático entre o Reino Unido (RU) e o Equador por conta da proteção deste a Assange vem num crescendo, e pode se complicar ainda mais. Mesmo antes da oficialização do asilo por Quito, o RU informou que a concessão do asilo não afetaria em nada sua posição: ainda se considera legalmente obrigado a prender Assange para extraditá-lo para a Suécia, para ali ser julgado. O governo britânico diz ainda que não garantirá direito de trânsito a Assange para o Equador.
Segundo ainda o The Guardian, o Equador acusou hoje o RU de fazer uma "ameaça aberta" e de fazer uma campanha intimidativa contra sua embaixada em Londres. O FCO [sigla inglesa para o Ministério de Relações Exteriores inglês - British Foreign & Commonwealth Office] respondeu insistindo em seu direito, caso a situação chegue a esse ponto, de entrar na embaixada equatoriana. Se tiver que fazer isso, necessitaria dar um aviso com sete dias de antecedência.
O ministro Patiño disse que o Equador pediu reuniões em nível de chanceleres da Alba, Unasul e OEA para tratar dessa ameaça e que "não deixe na impunidade semelhante ato".
[Essa ameaça oficial inglesa de invasão da embaixada equatoriana em Londres para prender Assange e deportá-lo para a Suécia é de uma gravidade e de um nível de absurdo inacreditáveis! Julius Assange -- que certamente não é nenhum anjinho -- realizou o sonho de qualquer repórter ou equivalente: divulgou os podres dos bastidores de gente e países importantes, pt saudações. Os queixosos tiveram tempo de sobra para processá-lo, e não o fizeram. Com isso, Assange revelou hipocrisias de alto coturno (até aí nada de novo) e jogou uma luz esclarecedora sobre inúmeras lambanças diplomáticas e outras, absolutamente constrangedoras. O problema é que incomodou pessoas e países muito importantes, incluindo EUA, Reino Unido, França, e por aí vai. Aí, o céu despencou sobre sua cabeça.
"Providencialmente" (ou sintomática e estranhamente?) surge o caso de duas suecas (nascidas, portanto, no país pioneiro da saudável liberdade sexual) que acusam Assange de violentá-las e isso, parece, ofendeu profundamente o "moralismo" saxônico. Aí, o Reino Unido, justamente a terra de Henrique VIII (aquele das infidelidades conjugais e assassinatos escabrosos), do Príncipe Charles (que traiu Diana "by appointment to the Queen" ...), etc, resolveu comprar as dores das duas suecas e defender a moral dos costumes ocidentais ...
O bizarro disso tudo é que essa palhaçada britânica pode espirrar p'ro nosso lado, porque se realmente a embaixada equatoriana for invadida a OEA terá inevitavelmente que se manifestar e se posicionar. Já dá p'ra imaginar o que farão Cristina "Malvinas" Kirchner, Hugo Chávez, Rafael Correa, Evo Morales e outros que tais -- vai ser difícil Dª Dilma se equilibrar em cima do muro. E, se lá ficar, vai ser um vexame.]
Julian Assange, fundador do WikiLeaks e hoje asilado na embaixada do Equador em Londres - (Foto: The Guardian).
Ricardo Patiño, ministro das Relações do Equador - (Foto: Hoy).
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