A criação da Fundação Osesp, em 2005, representa um marco na história da Orquestra. Com o presidente Fernando Henrique Cardoso à frente do Conselho de Administração, a Fundação coloca em prática novos padrões de gestão, que se tornaram referência no meio cultural brasileiro. Em fevereiro de 2011, o Conselho da Fundação Osesp anuncia a norte-americana Marin Alsop como nova regente titular da Orquestra por um período inicial de cinco anos, a partir de 2012.
A orquestra fez turnês pela América Latina (2000, 2005, 2007), Estados Unidos da América (2002, 2006, 2009), Europa (2003, 2007) e Brasil (2004, 2008) e, no último dia 15 deste mês, deu um concerto no Royal Albert Hall em Londres dentro da programação do Festival Proms 2012 da BBC, iniciando sua nova turnê na Europa na companhia de dois monstros da música clássica brasileira, o pianista Nelson Freire e o violoncelista Antonio Menezes. No roteiro estão ainda os festivais de Alderburgh (Inglaterra) e Rheingau (Wiesbaden, Alemanha) e encerramento no Concertgebouw, em Amsterdã, uma das principais salas de concerto do mundo.
O programa do concerto de Londres foi o seguinte:
Dvořák - Symphony No. 9 in E minor, 'From the New World' (45 mins)
Copland - Fanfare for the Common Man (4 mins)
Joan Tower - Fanfare for the Uncommon Woman (3 mins)
Villa-Lobos - Momoprécoce (28 mins)
Ginastera - Estancia – suite (12 mins)
Edu Lobo - Pé de Vento from Suíte Popular Brasileira, orch. Nelson Ayres (3 mins).
Vejamos as críticas da imprensa inglesa:
Financial Times
Richard Fairman
A Orquestra Sinfônica de S. Paulo chegou nesta semana ao Reino Unido, para tornar-se a primeira orquestra brasileira da história a se apresentar no BBC Proms.
O ponto de partida foi a sinfonia "Novo Mundo" de Dvořák, composta em Nova Iorque. O que falta à OSESP em refinamento lhe sobra em energia e em atitude proativa, e embora Alsop tenha assumido apenas este ano o posto de sua regente titular, ela sabe como tocar com suas energias. Exatamente como quando conduz as sinfonias de Brahms, ela se recusou aqui a exagerar a atenção com a música e o Dvořák teve um descomplicado bom senso e um entusiasmo agradável que o tornaram altamente prazeroso.
A segunda parte do concerto ... deu à confiante seção de metais da orquestra a chance de mostrar o que pode fazer.
No Mômoprecóce, de Villa Lobos, ... Nelson Freire foi o pianista exímio, conseguindo cores cintilantes da parte de piano que lembra Ravel. A suíte do balé Estancia, de Ginastera, é muito mais do que imaginamos ser glamour sul-americano -- golpeando ritmos, e cores flamejantes. Alsop e os brasileiros lhe deram o tratamento de atração do concerto. O concerto da OSESP foi um dos pontos brilhantes de um festival Proms menos que deslumbrante até agora.
The Guardian
Andrew Clements - 16/8/12
Marin Alsop assumiu em março deste ano o posto de principal regente da Sinfônica de S. Paulo, com a missão de torná-la uma orquestra de classe mundial. Seu debute (début) no Proms foi, então, um pequeno passo nesse caminho para o reconhecimento internacional, e embora os desempenhos indiquem que possa haver ainda algo a vencer antes que sua ambição se satisfaça, não se pode negar como a orquestra brasileira responde bem à energia e ao entusiasmo de Alsop.
[...] A Nona Sinfonia de Dvořák, Do Novo Mundo, recebeu de Alsop um típico tratamento "anti-não senso", a tensão retida como uma mola no primeiro movimento, o Largo nunca permitido a alcançar o super-sentimental, o scherzo e o finale elegantemente diretos, enquanto davam à OSESP a chance de se apresentar ao público -- apenas um ligeiro acento áspero de acordes de sopros de madeira e a falta de florescência nas cordas indicavam onde algum trabalho precisa ainda ser feito.
[...] Mômoprecóce, de Villa -Lobos, ... tornou-se um maravilhoso veículo para o pianismo deslumbrante e cristalino de Nelson Freire, assim como o resto do programa -- a suíte do balé Ginastera, de Estancia, e, como um encore ("bis"), um frevo, uma dança brasileira do estado da Bahia [ah, esses ingleses e sua cultura geral!...] -- deu também aos sopros da orquestra a chance de desfilar sua habilidade para deslizar com rapidez.
The Telegraph
Hugo Shirley - 16/8/12
Numa estação de Proms [o festival da BBC] que enfatiza a musicalidade britânica, esse concerto pela Orquestra Sinfônica de S. Paulo celebrou as Américas do Norte e do Sul. E, quando o bastão olímpico é transferido com relutância por Londres para o Rio, o concerto ressaltou o fato de que na cena musical do Brasil há mais do que samba e bossa nova.
[...] Sua [de Alsop] orquestra mostrou ser um conjunto extremamente refinado, que soa grande e forte, à medida que ela o guiava por um programa bem planejado, que apresentou um certo espírito de festa mas demonstrou também impressionantes credenciais musicais.
[...] Houve momentos no Dvořák em que parecia que os músicos não tinham se aquecido o suficiente: a introdução foi insegura e faltou garra ao Scherzo. Mas, houve uma tocante e inusitadamente sensível apresentação do solo de corne inglês [cor anglais - um instrumento de sopro - alto oboé] do Largo, por Natan Albuquerque Jr, e a vigorosa condução de Alsop inspirou uma execução com garra e atenta.
[...] A execução da suíte Estancia, de Alberto Ginastera, foi mais à vontade no empertigado machismo de seu retrato da vida nos pampas argentinos, realizada de uma maneira adequadamente robusta. Os dois encores brasileiros foram fantásticos. Alsop foi sábia ao manter o carnaval à distância -- com ela na direção, essa orquestra é uma força a se levar em conta.
Marin Alsop rege a Orquestra Sinfônica de S. Paulo no BBC Proms 2012 - (Foto: Chris Christodoulou).
A seguir, fotos da Sala São Paulo, a sala de concertos da OSESP -- a sede da orquestra ocupa a antiga estação da Estrada de Ferro Sorocabana. As fotos são do site da OSESP.
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