sexta-feira, 3 de agosto de 2012

Em Londres, o Brasil é uma olim-piada. Em Brasília, no julgamento do mensalão, como ficará o país?

Em Londres, a participação do Brasil em termos de medalhas é de uma mediocridade de doer -- virou uma olim-piada. E o mais melancólico, irritante e inexplicável é que em certas modalidades caímos verticalmente, tanto em técnica quanto em preparo psicológico -- o vôlei é o exemplo mais gritante. O masculino, que até recentemente era o bicho-papão de títulos e respeitadíssimo, fez uma Liga Mundial irreconhecível e ali virou saco de pancada. Vai p'ra Londres, e oscila como gangorra -- quando se depara com os EUA, dá tremedeira, ameaça de piriri, e viramos freguês de caderneta dos americanos.

O vôlei feminino então!... Nosso time deve ser um prato feito para analistas, porque sua capacidade de medrar em grandes competições, particularmente em Olimpíadas, está virando rotina. Suas duas últimas derrotas foram vergonhosas, sem qualquer espírito de luta, parecia uma equipe montada em cima da hora -- e aí, a gente olha para o técnico do time, o catatônico José Roberto Guimarães, com sua voz em tom menor, anestesiante, e aquele olhar que parece pedir "pelo amor de Deus, me tirem daqui!",  e fica patente que o time é o retrato da apatia do técnico, e vice-versa. Eles se merecem.

O judô, a ginástica e a natação, esperanças de medalhas, foram decepções a mais. O judoca Leandro Guilheiro foi para Londres com a pompa de primeiro do ranking mundial em sua categoria, acabou não chegando a lugar nenhum na disputa de medalha  e saiu-se com a pérola de que "fui muito estudado por meus adversários, que souberam neutralizar meus principais golpes"... Beleza, os outros fizeram o óbvio dever de casa, e ele, fez o quê nesses últimos quatro anos?!

Nossas 4 medalhas até agora (com a chance de uma quinta hoje com César Cielo, se não lhe acometer a "paúra olímpica) devem ser das mais caras da história das Olimpíadas, seja na relação PIB/medalha, seja no quociente [números de atletas (258) + cartolas (?)]/medalha, seja no custo de envio e estadia dessa gente toda dividido pelo número de medalhas, etc, etc. Um vexame!

Mudando de pato p'ra ganso, pulamos para o STF em Brasília, findo o primeiro dia do julgamento do mensalão. O ministro Ricardo Lewandovski, revisor do relatório do relator (Joaquim Barbosa), depois de 2 anos com o processo nas mãos  propõe o desmembramento  do processo no primeiro dia do julgamento, acatando o pedido de Márcio Thomaz Bastos, um dos advogados de defesa (a quem, aliás, Lewandowski fez de sua tribuna um elogio tão escancarado e desnecessário, que chega até a dar o que pensar). Esse desmembramento levaria a conclusão do julgamento para as calendas gregas, o sonho da camarilha que está no banco dos réus. Ou seja, o ministro Lewandowski fez exatamente o papel de ex-vizinho de Lula (o Nosso Pinóquio Acrobata, NPA) e apadrinhado de Dª Marisa, ex-primeira dama, de cuja família é amigo (belo currículo!). O ministro Joaquim Barbosa justificadamente chamou-o de "desleal", por não ser pronunciado sobre isso ainda durante a revisão do relatório. Na sua resposta, Lewandowski deu uma mensagem a ser guardada e lembrada: "Vossa Excelência ... já está prenunciando que este julgamento será muito tumultuado". Na realidade, quem está prenunciando isso é ele, Lewandowski, e p'ra bom entendedor um pingo é letra: Lewandowski está articulado p'ra tumultuar o julgamento, e julgar a culpa em Barbosa ou qualquer outro de seus pares.

O ministro José Antônio Dias Toffoli, outro indicado pelo NPA no STF, manteve-se até agora alheio às pressões para que se declare impedido ["Eu disse a Tóffili (sic) que ele tem que participar do julgamento", disse o NPA no famoso encontro dele com Gilmar Mendes no escritório de Nelson Jobim em Brasília, em que o NPA pressionou Gilmar para adiar o julgamento do mensalão]. Surpreendentemente, votou contra o desmembramento do julgamento, mas deve ter outros coelhos imprevisíveis na cartola. Seu currículo é um tanto complicado para um ministro de Suprema Corte, mas para quem tem um padrinho como o NPA, para quem "ética" é nome de égua de pedigree, isso é bobagem. Toffoli construiu sua carreira defendendo o PT, o réu "invisível" do mensalão que está em todas as linhas e entrelinhas do processo -- o outro réu inexplicavelmente invisível, protegido e resguardado por manobras de bastidores certamente inconfessáveis, é o NPA.

Além de seu envolvimento pessoal com o PT e outros arrolados no julgamento, Toffoli tem sua atual mulher, Roberta Maria Rangel, ligadíssima a três denunciados -- ela, que também é advogada, defendeu José Dirceu, Paulo Rocha e Professor Luizinho. A este respeito, Toffoli teria dito que sua união com Roberta não é "estável" -- Beleza, temos nova jurisprudência: interesses e segredos divididos em alcova compartilhada de união não estável não contam perante a Justiça, mesmo em se tratando do casalzinho de pombos desta fábula ...

E assim caminha a "nossa" Justiça. Aguardemos os novos capítulos do mensalão.

O ministro José Antonio Dias Toffoli recebe os cumprimentos do então presidente Luiz Inácio Lula da Silva [o Nosso Pinóquio Acrobata] após sua cerimônia de posse como ministro do STF, em 2009. Ao seu lado está a namorada, a advogada Roberta Rangel. Eles eram sócios em um escritório quando ela defendeu Dirceu (Foto: U.Dettmar/SCO/STF)


Um comentário:

  1. Tarefa não muito fácil essa, a de administrar simultaneamente Jogos Olímpicos e Mensalão, na medida em que o primeiro celebra a mente, o corpo e a vida, e esse último é sinônimo de náusea, decepção e horror. Vou me atrever a comentar os Jogos:
    1) Eis que de repente me aparece na tela da TV uma propaganda dizendo ser a Infraero patrocinadora do judô brasileiro. É mesmo? Desde quando? Desde que a piauiense num esforço pessoal e enorme medalhou? Esse tipo de patrocínio deveria ser banido, pois a Infraero é mesmo sinônimo de inépcia, incúria, desastre e derrota.
    2) Por variados motivos, torço desvairadamente para o vôlei, e de qualquer modalidade. O feminino de praia, no entanto, ganha na minha preferência sem que eu saiba bem o porquê. Mas as meninas do vôlei de quadra muito me agradam e acho que as derrotas são imerecidas. Confesso que não sei explicar as irregularidades de atuação. Nem acho que seja culpa do treinador, o José Roberto Guimarães, que as trata carinhosamente, intercalando alguns poucos e acertados palavrões. Uma coisa é verdade: quando a beleza da Jaqueline adentra meu aparelho de TV, ele entra em tilt e eu também, sem que consiga disfarçar.
    3) A Fabiana Murer acabou de voar pelos ares e ainda teremos Cielo nadando. Vamos ver. É plausível imaginar que os resultados desses jogos sejam os mais pífios da nossa carreira olímpica, marcando indelevelmente que o crescimento do PIB não se faz proporcionalmente com o crescimento do ouro (olímpico). Vai ver, a explicação disso tudo talvez esteja na postagem anterior “Será que Deus está cansado de ser brasileiro?”. Bem..., no esporte... está! Veremos no “Jurídico”, em poucos dias!

    Amauri Menezes

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