[Se não houver repetição dos erros cometidos na privatização de aeroportos, a notícia é alvissareira.]
A presidente Dilma Rousseff deverá anunciar na próxima quarta-feira,
segundo o Palácio do Planalto,
a concessão à iniciativa privada de projetos de infraestrutura na área de rodovias e ferrovias. Reportagem
publicada pelo
Valor na última semana mostrou que cerca
de 5,7 mil quilômetros de rodovias e 5 mil quilômetros de ferrovias
deverão ser oferecidos nesse pacote de concessões.
O modelo de leilão por menor tarifa de pedágio será mantido para as
rodovias, sem o pagamento de outorga. A malha a ser concedida engloba
corredores como o Brasília-Goiânia-Palmas, formado pela BR-060 e pela
BR-153. Também deverão ser incluídas na nova rodada de concessões rodoviárias a
BR-101 na Bahia; a BR-262 (Belo Horizonte-Vitória); a BR-163 (entre Mato
Grosso e Mato Grosso do Sul); e dois trechos dentro do Mato Grosso do
Sul (a BR-262 e a BR-267). A previsão é que todas as concessões tenham
prazo de 25 anos.
O governo também optou por buscar na iniciativa privada a expansão da
malha ferroviária do país. Deverão ser incluídas no pacote – entre
construções e concessões – ligações entre Rio de Janeiro (RJ) e Vitória
(ES); Campos dos Goytacazes (RJ) e Corinto (MG); Campinorte (GO) e Lucas
do Rio Verde (MT); Belo Horizonte (MG) e Aratu (BA); além do
Ferroanel, de São Paulo.
Até o fim do mês, deverão ser anunciadas novidades também para os
aeroportos. A expectativa é quanto à inclusão dos aeroportos do Galeão
(RJ) e de Confins (MG) no pacote de investimentos em infraestrutura. Já
as novas concessionárias dos aeroportos de Guarulhos (SP), Viracopos(SP)
e Brasília deverão antecipar investimentos e construir terminais
maiores do que as exigências contratuais.
Previsto para ser anunciado no último dia 7, o
PAC das Concessões – nome
dado ao pacote de privatizações de portos, rodovias, ferrovias e
aeroportos – deverá ser
anunciado apenas em 15 de agosto,
após reunião da presidente da República com empresários. A razão para a
demora é a determinação de Dilma Rousseff em analisar cada projeto
detalhadamente, mesmo tendo delegado
poderes às ministras Gleisi Hoffmann (Casa Civil) e
Miriam Belchior (Planejamento) para
defini-los. Sua insatisfação com as concessões de aeroportos foi
tamanha que ela elevou o patamar de exigências para os projetos em
discussão, nem que isso obrigue seus ministérios a refazerem dezenas de
vezes um mesmo documento.
A intenção era apresentar algo já consolidado a empresários convocados
para uma reunião no Palácio do Planalto na última terça-feira. Contudo,
um dia antes, o cerimonial da Presidência cancelou o evento,
postergando-o para o dia 14. Na tarde desta quinta-feira, a data foi
novamente alterada. Entre as medidas em análise estão a elaboração de um
novo marco regulatório para o setor de portos, novas concessões
rodoviárias e aeroportuárias, além de definições sobre o projeto do
trem-bala. Dilma e o ministro do Desenvolvimento, Fernando Pimentel,
reuniram-se nesta semana com Masami Iijima, presidente da Mitsui, uma
das principais empresas do consórcio japonês interessado no leilão. Em
seguida, Pimentel recebeu sozinho Yorihiko Kojima, presidente do grupo
Mitsubishi, outro integrante do consórcio. Na quarta-feira,
o governo anunciou a criação da Empresa de Transporte Ferroviário de Alta Velocidade S.A. (Etav), que será comandada pelo ex-diretor-geral da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), Bernardo Figueiredo.
Enquanto o plano de redução de preços do setor elétrico esbarrou nos
cálculos da Fazenda – que pondera entre engolir arrecadação menor e não
cumprir a meta fiscal –, o pacote de privatizações nada tem a ver com os
gastos do governo, já que não exigirá investimento público. O problema,
segundo fontes que circulam pelos corredores do Planalto, está em dois
pontos: na centralização da presidente e no receio do setor privado.
Enquanto Dilma está preocupada com detalhes técnicos dos projetos,
visando a entrada de construtoras de grande porte nos principais
leilões; o setor privado tem dúvidas sobre o retorno financeiro de tais
operações. “Muita coisa está parada desde que a presidente assumiu. No
governo anterior, o Lula tinha a própria Dilma para cuidar das coisas
técnicas, e ele só se preocupava em assinar o projeto pronto. Agora, a
presidente não tem outra Dilma para fazer isso. Em vez de delegar, ela
centraliza ainda mais”, afirma uma fonte ligada ao governo federal.
Do lado do setor privado, o grande questionamento é a rentabilidade das
concessões. “As empresas querem condições normais de mercado. Elas
querem uma taxa de retorno compensatória, já que possuem dinheiro para
investir”, afirma o economista Raul Velloso, especialista em finanças
públicas. No caso das tentativas fracassadas de leilão do trem-bala em
2011 – excluindo-se as questões políticas que envolvem tal negociação –,
muitas companhias não aceitaram entrar no projeto por não acreditarem
que ele daria o retorno esperado. Na avaliação de Velloso, com
rentabilidade considerada insuficientes pelo mercado, investidores mais
experientes acabam desistindo dos leilões e dão espaço a outros que
querem fazer qualquer negócio, e acabam se arriscando além da conta. “A
experiência da concessão de aeroportos, quando operadores inexperientes
ganharam, pode ter ensinado alguma coisa ao governo”, afirma.
Privatização petista – A necessária atuação da
presidente pela concessão à iniciativa privada de projetos em que o
governo não está disposto (ou não tem condições) a investir deveria
encerrar, de uma vez por todas, o capítulo da 'demonização' das
privatizações. Bandeira levantada pela sigla em todos os pleitos
eleitorais, a crítica ao modelo de participação privada defendido pela
ex-presidente Fernando Henrique Cardoso é agora desconstruída, na
prática, por Dilma.
A presidente está prestes a assumir o posto de um dos governantes que
mais privatizou no país. Parece estar cada vez mais claro para ela
(ainda que o partido não concorde) que privatizar não é uma ação
ideológica – e sim mais um instrumento de gestão econômica como outro
qualquer. Mesmo levando um nome distinto (concessões), a ferramenta tem
se mostrado útil ao longo da história recente para melhorar o
funcionamento de setores que antes eram considerados 'paquidermes' –
tamanha a ineficiência, corrupção e burocracia que os cercavam, como o
setor elétrico, de telecomunicações e de rodovias.
Depois deste episódio, se o PT prosseguir com a retórica de
desqualificar a importância e utilidade das privatizações na condução da
economia não restará outra palavra para qualificar essa postura:
hipocrisia.
Amigo VASCO:
ResponderExcluirComo diria um cearense "AI DONTE BELIVE"!!!
Deve ter algum esquema por trás dessa "iniciativa".
Uma possível, seria o aumento do "poder" das agências reguladoras, hoje nas mãos incompetentes dos petistas, gerando mais cargos que, sem dúvidas, deverão ser "ocupados" por "petistas competentes e honestos", se é que eles existem.
Outra possibilidade para o anúncio nessa época, poderia ser uma estratégia do (des)governo de tirar a atenção das diversas mídias do processo do Mensalão.
É duro pagar para ver essa jogada.
Certa ou errada, uma coisa pelo menos é certa: os impostos pagos pela população não vão cair!!!!!
Abraços - LEVY