domingo, 26 de agosto de 2012

Mulher mais rica do Brasil tem fortuna de US$ 13,1 bilhões

O controle discreto de Dirce Navarro Camargo sobre um dos mais antigos impérios industriais do Brasil faz dela a mulher mais rica do país.

Uma avó cuja data de nascimento nunca pôde ser confirmada, Dirce Camargo controla o grupo Camargo Correa, com base em São Paulo, que possui interesses nas áreas de cimento, eletricidade e nas sandálias Havaianas. Seu patrimônio é avaliado em US$ 13,1 bilhões, segundo o Índice de Bilionários da "Bloomberg". Ela é a 59ª pessoa mais rica do mundo e não aparece em nenhuma lista dos mais ricos.

Fundada por seu falecido marido Sebastião Camargo em 1939, a Camargo Correa é controlada pela holding Participações Morro Vermelho. As ações da Morro Vermelho são mantidas em proporções iguais sob os nomes das três filhas de Camargo, Regina, Renata e Rosana. Segundo documentos de incorporação publicados em 2002, algumas das ações foram emitidas para usufruto de Dirce Camargo enquanto ela estiver viva, o que significa que ela é a beneficiária efetiva até a sua morte. O resto não pode ser vendido, transferido ou emprestado por suas filhas.  “Elas nunca aparecem nas páginas sociais”, comenta David Fleischer, analista político da Universidade de Brasília, sobre a família Camargo. “Elas encarregam profissionais de cuidar de toda a administração".

Quando Sebastião Camargo morreu, em 1994, ele era um dos poucos bilionários brasileiros, conhecido por seu papel na construção de represas e rodovias pelo país, depois da Segunda Guerra Mundial. A fortuna de sua viúva só cresceu de lá para cá, com o Brasil investindo muito em infraestrutura, em preparação para a Copa do Mundo de Futebol de 2014 e a Olimpíada do Rio em 2016. Este ano, o grupo pagou 3 bilhões de euros (US$ 3,7 bilhões) por uma participação de 95% na Cimpor Cimentos de Portugal, uma fabricante de cimento de capital aberto com sede em Lisboa.

Um porta-voz da companhia confirmou que Dirce Camargo controla a fortuna da família e não quis falar sobre seu patrimônio pessoal. Ela é hoje a terceira pessoa mais rica do Brasil, desbancando o banqueiro Joseph Safra que, segundo classificação feita diariamente pela "Bloomberg", tem uma fortuna de US$ 10,4 bilhões. O magnata das commodities Eike Batista continua sendo o mais rico, com US$ 21,1 bilhões, seguido do investidor na Anheuser-Busch InBev Jorge Paulo Lemann, com US$ 17,4 bilhões.

Outras participações públicas da família Camargo incluem 26% da companhia de eletricidade CPFL Energia, uma fatia avaliada em US$ 2,8 bilhões; uma participação de 17% na operadora de rodovias CCR de São Paulo, avaliada em US$ 2,6 bilhões; e uma participação de controle na fabricante de calçados Alpargatas avaliada em US$ 1,1 bilhão. O carro-chefe do grupo, o braço do setor de construção, que está ajudando a construir  as usinas hidrelétricas de Belo Monte e Jirau na região do rio Amazonas, gerou cerca de 30% da receita total de R$ 17,3 bilhões (US$ 8,6 bilhões) do grupo no ano passado.

Nascido em 1909, Sebastião Camargo começou transportando areia em carroça de burro quando adolescente. Ele abriu uma empresa de construção em 1939 com dois sócios, cujas participações a família Camargo posteriormente comprou. Eles conseguiram contratos do governo para a construção de rodovias e ferrovias ao longo da década que se seguiu. Nos anos de 1950, a companhia participou da construção da nova capital brasileira, Brasília.

[...] Após os US$ 9,5 bilhões que o grupo tem em participações públicas, a divisão de construção é seu maior ativo. A unidade teve no ano passado uma receita de R$ 5,2 bilhões e um lucro antes dos juros, impostos, depreciações e amortizações (Lajida) de R$ 166 milhões, segundo o relatório anual da companhia. A divisão está avaliada em US$ 2,2 bilhões com base no valor médio do empreendimento sobre as vendas e no valor do empreendimento sobre o Lajida de quatro companhias abertas do setor: a Grana & Montero do Peru, a Besalco do Chile, a China State Construction International Holdings e a Arabtec Holding de Dubai.

Excluindo-se a Cimpor (uma companhia aberta), a Camargo Correa obteve no ano passado vendas de R$ 1,1 bilhão com cimento. Com base no valor médio do empreendimento sobre as vendas da Cimpor e de quatro concorrentes – a Cementos Argos da Colômbia, a Cemex do México, a Holcim Indonesia e a Ultratech Cement de Mumbai – a parte da divisão de cimento que tem o capital fechado está avaliada em US$ 1,3 bilhão.

[...] A Camargo Correa apresentou lucro líquido de mais de US$ 4,2 bilhões na última década, segundo seus relatórios anuais. Com base no dividendo estatutário da companhia, de 15% do lucro líquido, ajustado ao desempenho estimado do mercado e aos custos com estilo de vida, a família provavelmente tem mais de US$ 3 bilhões em dinheiro, imóveis e outros ativos externos, segundo o Índice de Bilionários da "Bloomberg". Inclusos nessas posições estão vários campos de golfe perto de São Paulo, conforme publicado pela revista “Veja” em julho de 2002. A família também tem uma fazenda no Mato Grosso, perto da fronteira com a Bolívia.



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