A capa da edição de 6 de abril da revista Veja, com denúncias documentadas da presença de terroristas no Brasil - (Foto: Veja).
Segundo o republicano Michael McCaul, deputado pelo Texas e presidente
do Subcomitê de Supervisão e Investigações do Comitê de Segurança
Doméstica da Câmara, a intenção do grupo é "entender melhor a ameaça de
grupos terroristas" na região e trabalhar junto com os governos
sul-americanos no combate a eles. Os parlamentares estariam
"preocupados" com os possíveis laços do Irã e do grupo libanês Hizbollah
na fronteira entre os três países. "O crime transnacional é uma ameaça crescente aos EUA. Isso é evidente
desde a emergência das operações dos cartéis mexicanos dentro dos EUA, e
hoje, com a presença crescente de grupos terroristas radicais no
continente", disse McCaul à Folha, por email.
O grupo, que passou no domingo pela Colômbia, ainda seguirá para a Argentina.
De acordo com a equipe do deputado democrata pelo Texas Henry Cuellar, a
intenção da visita é "entender melhor os desafios de crimes
transnacionais" na região.
Os outros deputados são os republicanos Jeff Duncan, da Carolina do Sul, Tom Graves, da Georgia, e Robert Turner, de Nova York.
A viagem vem na semana seguinte à divulgação, pelo Departamento de
Estado, do "Relatório sobre Terrorismo nos Países em 2011", que aponta
que os serviços de segurança brasileiros estiveram "preocupados" com a possibilidade de terroristas usarem o território do país para "apoiar ou facilitar atentados terroristas, domésticos ou no exterior". O
Itamaraty não comenta o relatório americano.
O governo brasileiro disse que não recebeu qualquer pedido de encontro
com autoridades do país, nem tem mais informações sobre a atividade dos
parlamentares aqui.
Ontem, os americanos percorreram o centro de Ciudad del Este, onde conversaram com comerciantes, e cruzaram a Ponte da Amizade.
[É muito difícil -- p'ra não dizer impossível -- acreditar que esse grupo de congressistas americanos circule por nossas fronteiras e em nosso território para tratar de assunto de tanta relevância para os EUA, como o terrorismo, e que não se encontre com nenhuma autoridade de nosso governo. No capítulo "Brasil" do seu relatório citado acima, o Departamento de Estado americano comenta que "O Brasil não criminalizou o financiamento ao terrorismo de maneira consistente com a Recomendação Especial II da Força Tarefa de Ação Financeira (FATF, em inglês). Em 26 de outubro a Câmara dos Deputados aprovou uma lei atualizada estabelecendo penas mais severas para lavagem de dinheiro, mas nela não foi incluída uma disposição específica sobre financiamento terrorista".
O relatório do Departamento de Estado cita ainda que, em função do Brasil sediar a Copa do Mundo de 2014 e as Olimpíadas de 2016, um ponto focal do seu programa de Assistência ao Antiterrorismo para o Brasil em 2012 será o gerenciamento da segurança de grandes eventos. Diante disso, ignorar oficialmente o objetivo desses parlamentares americanos revela que, mais uma vez, ou estamos querendo guardar um segredo de polichinelo ou dar uma de avestruz, enfiando a cabeça num buraco para evitar saber o que se passa à volta. Nenhuma dessa duas hipóteses deixa bem o governo e nossa diplomacia.]
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