sábado, 4 de junho de 2011

Tragédia do voo AF447 motiva cientista brasileiro a desenvolver novo sensor de velocidade aeronáutico

O cientista brasileiro Renato Cotta, professor do Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (COPPE-UFRJ), agraciado em 2010 com o Prêmio COPPE Mérito Acadêmico (aos 35 anos, o professor mais novo da instituição a receber essa honraria), perdeu sua única filha no trágico voo AF447 da Air France, que mergulhou no Oceano Atlântico em 01/6/2009 matando 228 pessoas. Todas as investigações até agora sobre esse acidente apontam os sensores de velocidade -- conhecidos como tubos de pitot -- como tendo tido papel importante para a ocorrência dessa tragédia.

Motivado por essa terrível perda, como ele mesmo declarou recentemente na televisão, o professor Renato Cotta juntamente com o prof. Átila Silva Freire, ambos do Programa de Engenharia Mecânica da COPPE, passou a coordenar os trabalhos para o desenvolvimento de um protótipo de sensor de velocidade aeronáutico robusto e de controle térmico mais preciso do que os disponíveis hoje no mercado. A proposta para isso foi concluída no dia 01/6 e o projeto está sendo desenvolvido pelo Núcleo Interdisciplinar de Dinâmica dos Fluidos da COPPE, com a participação de pesquisadores e técnicos da USP (Universidade de S. Paulo), University of Washington, University of Florida, École des Mines d'Albi, Inmetro e Marinha do Brasil. O projeto requer investimento de aproximadamente R$ 3 milhões e será submetido a órgãos de financiamento de desenvolvimento científico e tecnológico -- cerca de metade desse valor destina-se à construção do primeiro túnel de vento nacional com formação de gelo, em que serão realizados testes fundamentais para tornar o protótipo resistente a temperaturas extremas. Essa proposta foi apresentada no encerramento do 2˚ seminário sobre segurança aérea, realizado na COPPE nos dias 31 de maio e 1˚ de junho, para discutir os problemas apresentados nos tubos de pitot durante o voo AF447 e apresentar os resultados dos testes de sensores de velocidade realizados por um grupo de especialistas, nacionais e estrangeiros, liderados pela COPPE.

Segundo o prof. Renato Cotta, desde 2001 quando a Air France recebeu o primeiro A330 equipado com o Pitot Thales, uma série de falhas devidas ao congelamento do pitot foram reportadas, incluindo 9 incidentes mais sérios entre 2008 e 2009, sendo um deles o do fatídico voo AF447 em 2009. "O Brasil e a Coppe têm tudo para se tornarem referências mundiais no desenvolvimento de tecnologias para sensores de velocidade. Temos especialitas superqualificados e estamos dispostos a contribuir para aumentar a segurança aérea", afirma Cotta.
Prof. Renato Cotta, da COPPE-UFRJ, um dos coordenadores do projeto de desenvolvimento de sensor de velocidade aeronáutico no Brasil (Foto dedivulgação).
Prof. Renato Cotta faz demonstrações sobre as características do tubo de pitot (Foto COPPE).
Tubo pitot sendo testado no túnel de vento da COPPE (Foto COPPE).
O tubo de pitot foi testado também na aeronave A4 Skyhawk da Marinha do Brasil (Foto COPPE).

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