Uma série de dados sobre o uso do Facebook divulgados desde a semana passada vem provocando um intenso debate sobre a possível perda de usuários pela rede social em mercados mais desenvolvidos, como os EUA e a Grã-Bretanha. Especialistas consultados pela BBC Brasil, no entanto, divergem sobre a realidade do site e muitos veem as eventuais oscilações no uso da rede como um sintoma da forte penetração do Facebook nos mercados mais desenvolvidos, onde já atinge quase 50% de toda a população.
Os dados divulgados na semana passada pela consultoria Inside Facebook Gold (IFG), que se dedica a monitorar o uso da rede social, indicavam uma possível perda de 5,8 milhões de usuários nos Estados Unidos e de 100 mil na Grã-Bretanha em maio, apesar de um crescimento global de 11,8 milhões, graças ao crescimento em países emergentes como Brasil, Índia, México e Indonésia. Segundo o IFG, o Facebook tem um total de 687 milhões de usuários no mundo todo, com 149 milhões somente nos Estados Unidos, país com uma população de 313 milhões. No Brasil, os usuários de Facebook teriam chegado a 19 milhões, pouco menos de 10% dos 200 milhões de habitantes.
Vários analistas e órgãos de mídia do mundo todo se apressaram em analisar a razão da possível perda de usuários, com explicações que iam desde saturação, preocupações com privacidade e competição de outros sites. Mas dados divulgados nos dias seguintes por outras consultorias especializadas em medição de tráfego na internet – entre elas comScore, Nielsen, Compete e Quantcast – indicavam crescimento de usuários do Facebook nos Estados Unidos em maio, contradizendo os números da IFG.
Para o analista Adrian Drury, da consultoria internacional de mídia Ovum, não existe nenhuma metodologia confiável para avaliar com exatidão os números do Facebook. Segundo ele, apenas os próprios administradores do site têm esses dados exatos, que não são divulgados. “Fiquei espantado com a rapidez com que a imprensa não técnica correu para prever a decadência e o fim do Facebook com base em apenas um dado de um mês de uma única fonte”, observa.
Drury também comenta, como outros analistas, que com a proporção de usuários do Facebook chegando a 50% de toda a população nos Estados Unidos e na Grã-Bretanha, novos ganhos se tornam mais difíceis e aumenta a chance de haver oscilação nos números.
O indiano Bhupendra Khamal, diretor-executivo da consultoria InRev Systems, tem uma visão diferente e crê que o Facebook pode de fato estar iniciando uma trajetória de queda. “Coisas legais que crescem rápido também podem cair rápido. Provavelmente o crescimento do Facebook já começou a estancar nos mercados mais maduros”, afirma. Segundo ele, isso pode ser consequência de “mudanças de mercado, preocupações com segurança, mudanças frequentes no site e a ausência de controle de spams”.
Nenhum comentário:
Postar um comentário